Uma nova descoberta promissora foi realizada por pesquisadores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e do Jardim Botânico de Nova York com o apoio do do CNPq, Capes, Faperj e Fundação Casa de Cultura de Marabá. A novidade trata-se da descoberta de uma nova espécie de melancieiro, encontrada no município de Marabá, no sudeste paraense.

A nova espécie de leguminosa foi nomeada de Alexa duckeana, homenageando o botânico que se destacou por seus estudos da flora amazônica, Adolpho Ducke.

A nova descoberta, no entanto, traz consigo um sinal de alerta: A pesquisa que trouxe a existência da leguminosa à tona, também informa que a nova espécie de melancieiro já se encontra em “perigo de extinção”, isso se deve principalmente ao avanço do desmatamento na floresta Amazônica, e também, à expansão imobiliária.

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Os melancieiros são considerados importantes para a indústria madeireira, uma vez que sua árvore serve de matéria-prima para a construção de casas e barcos, amplamente utilizada na Região Amazônica.

Vidal Mansano, pesquisador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e um dos estudiosos a frente do estudo, destaca que a descrição da nova espécie é um achado importante para a flora amazônica.

"A descoberta dessa espécie reforça a alta diversidade da região de Marabá, que possui uma das maiores taxas de desmatamento da Amazônia. Além disso, mostra que muitas áreas em destruição abrigam espécies desconhecidas pela ciência e com potencial medicinal incalculável para a humanidade. Por só ocorrerem naquela região, a destruição daquelas matas equivale a eliminação total dessas importantes espécies no nosso planeta", afirma Mansano.

Já Guilherme Silva, pesquisador vinculado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, explica que os melancieiros possuem um alcalóide denominado castanospermina, cujas propriedas farmacológicas demonstraram atividades in vitro contra o vírus do HIV.

A castanospermina, descoberta na década de 1990, atua na contenção da reprodução viral, desta forma, inibindo a entrada do vírus nas células hospedeiras e consequentemente, interfirindo na replicação do RNA viral.

A castanospermina, descoberta na década de 1990, atua na contenção da reprodução viral, desta forma, inibindo a entrada do vírus nas células hospedeiras e consequentemente, interfirindo na replicação do RNA viral.
📷 A castanospermina, descoberta na década de 1990, atua na contenção da reprodução viral, desta forma, inibindo a entrada do vírus nas células hospedeiras e consequentemente, interfirindo na replicação do RNA viral. |Reprodução / Ag. Gov

De acordo com o pesquisador, estudos sugerem que a substância também pode ter efeitos imunomoduladores, que potencialmente ajudam a a fortalecer o sistema imunológico e a reduzir a carga viral em pacientes.

"Com a descoberta da nova espécie de melancieiro, os estudos sobre a castanospermina se ampliam, necessitando de maiores investigações. Mas a espécie já nasce como em perigo de extinção, principalmente por possuir distribuição restrita e os seus exemplares serem registrados em áreas com desmatamento crescente, provocado por atividades madeireiras, queimadas, para limpeza de pastagem e até conversão de áreas para agricultura mecanizada em alguns locais, característico da região sudeste do Pará", destaca.

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