A Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) celebra a aprovação de um projeto inovador no edital Expedições Científicas, promovido pela iniciativa Amazônia+10, em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).

O projeto, intitulado “Uso, conservação e intercâmbio de plantas e saberes entre povos indígenas do Sudeste do Pará”, liderado pelo professor Bernardo Tomchinsky (IESB), reafirma o compromisso da universidade com a pesquisa interdisciplinar e a valorização dos saberes tradicionais.

Com duração prevista de três anos, o projeto tem como objetivo principal investigar as interações entre os saberes tradicionais, a sociobiodiversidade e a língua dos povos indígenas da região. Sua abordagem é inovadora ao integrar áreas como etnobotânica e etnolinguística, além de envolver diretamente pesquisadores indígenas como bolsistas, promovendo a troca de conhecimentos e fortalecendo as capacidades locais. “É um projeto ambicioso, mas viável, graças à colaboração entre diferentes instituições e à participação direta das comunidades indígenas”, destaca Tomchinsky.

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EXPEDIÇÕES

A Unifesspa, em parceria com outras instituições do Pará (IFPA, ICMBio Carajás, Funai, AFP, FCCM e UFPA) e a Universidade de Brasília (UnB), realizará expedições em diversos territórios do Sudeste do Pará. As equipes interdisciplinares, já experientes na região, explorarão os territórios com foco em etnobotânica e etnolinguística. Estão previstas três expedições por território, condicionadas à obtenção das autorizações legais, com atividades que incluem a coleta de dados e a capacitação das comunidades envolvidas.

As equipes interdisciplinares, já experientes na região, explorarão os territórios com foco em etnobotânica e etnolinguística
📷 As equipes interdisciplinares, já experientes na região, explorarão os territórios com foco em etnobotânica e etnolinguística |Bruno Cecim/Ag. Pará

Além de reforçar as relações institucionais da Unifesspa com comunidades locais e parceiros, o projeto almeja resultados práticos, como a ampliação da coleção botânica do herbário da universidade, contribuindo para a conservação e o uso sustentável da sociobiodiversidade amazônica. “A aprovação foi um reconhecimento à competência técnica da equipe e à relevância da pesquisa, que reúne especialistas atuantes na região e foi bem avaliada diante de tantas propostas submetidas ao edital”, celebra Tomchinsky.

Informações técnicas

Nome do projeto: Uso, conservação e intercâmbio de plantas e saberes entre povos indígenas do Sudeste do Pará.

Coordenação: Bernardo Tomchinsky - FacBio, laboratório de Botânica e Ecologia (BotEco).

Instituições parceiras: UNB, ICMBio Carajás, IFPA, Funai, associação floresta protegida, setor de botânica da Casa da Cultura de Marabá, UFPA.

As equipes interdisciplinares, já experientes na região, explorarão os territórios com foco em etnobotânica e etnolinguística
📷 As equipes interdisciplinares, já experientes na região, explorarão os territórios com foco em etnobotânica e etnolinguística |Reprodução

Povos envolvidos: Gavião (TI Mãe Maria), Xikrin (TI XIkrin do Catete e TI Trincheira Bacajá), Aikewara (TI Sororó), Assurini do Tocantins (TI Trocara), Parakanã (TI Parakanã), Kayapó (TI Kayapó).

Pesquisadores da Unifesspa envolvidos: Bernardo Tomchinsky, Maria Cristina Macedo Alencar, Ariel Pheula do Couto e Silva, Clarrissa Mendes Knoechelman, Claúdio Emídio Silva, Felipe Fernando da Silva Siqueira, Hiran de Moura Possas, Jeronimo Silva e Silva, Keid Nolan Silva SOuza, Lucivaldo Silva da Costa, Zanderluce Gomes Luis.

Sobre o edital

A chamada apoiará expedições científicas voltadas à ampliação do conhecimento sobre a sociobiodiversidade e a biodiversidade amazônica. As propostas selecionadas estão alinhadas ao objetivo do edital de preencher duas lacunas importantes do conhecimento científico sobre a região, uma geográfica e outra taxonômica, além de expandir as pesquisas sobre a diversidade sociocultural dos povos e comunidades tradicionais da Amazônia. Considerando os 22 projetos, mais de 60 localidades pouco abordadas pela comunidade científica serão estudadas, entre elas terras indígenas, reservas de desenvolvimento sustentável e extrativistas e outras regiões de difícil acesso.

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