A explosão de casos de dengue no Brasil neste ano de 2024 tem preocupado as autoridades dos estados onde os casos são mais freqüentes. As dúvidas em relação aos meios de transmissão também são questionadas, principalmente pela população. 

Apesar de o mosquito aedes aegypti, ser o principal transmissor da doença é possível entrar em contato com o vírus de outras formas — inclusive na cama.

Duas ocorrências registradas em 2018 e 2019 comprovam que a transmissão sexual da dengue é possível. O primeiro caso aconteceu em uma relação entre homens, na Espanha, e o segundo, com um casal heterossexual da Coreia do Sul.

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Os infectologistas ouvidos pelo portal Metrópoles apontam que a situação é rara, mas pode acontecer. “A transmissão sexual da dengue pode ocorrer principalmente nos primeiros cinco dias de doença, quando a quantidade de vírus circulando pelo corpo da pessoa é bastante alta”, afirma a infectologista Eliana Bicudo, da Clidip, em Brasília.

Qual a gravidade da dengue no sexo?

Ela explica que a transmissão é infrequente e causa um quadro menos grave do que o da zika, mas pode ocorrer especialmente nos casos de infecções assintomáticas. “Nos primeiros cinco dias, a pessoa normalmente manifesta mais sintomas e diminui a atividade sexual”, aponta.

Além disso, é difícil precisar qual a frequência em que a transmissão por via sexual acontece, já que o vírus da dengue não é adaptado para se multiplicar nos fluídos corporais. “Só conseguimos identificar esses casos onde sabemos que não existe o mosquito e é possível fazer um histórico de viagens de terceiros que se envolveram sexualmente, mas é uma excepcionalidade”, explica a infectologista Viviane Avelino, de São Paulo.

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Segundo o médico Marcelo Daher, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), boa parte das doenças virais pode ter transmissão por via sexual.

“Não é o modo de transmissão mais comum e nem o mais importante, mas eventualmente pode acontecer. Não é algo que leve a um aumento de casos relevante”, pontua.

Quem deve se preocupar?

Isso não quer dizer, porém, que a transmissão sexual da dengue seja totalmente irrelevante. Especialmente para mulheres em período fértil ou que estejam tentando engravidar, é importante não fazer sexo desprotegido com parceiros que tiveram dengue nos 30 dias anteriores.

“Existe risco de transmissão da mãe para o bebê e com isso aumentamos muito as chances de malformações e aborto precoce. Ter uma infecção por dengue na fase inicial da formação fetal é muito perigoso e se sabemos que há risco da transmissão sexual, melhor evitá-la”, pondera Eliana.

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Sexo com dengue dificulta doação de sangue

Pelo risco de propagação do vírus, os médicos também recomendam um cuidado especial antes de doar sangue. Indivíduos que tiveram dengue devem aguardar ao menos 30 dias após a recuperação clínica para fazer o procedimento, assim como quem teve relação sexual recente com alguma pessoa que teve a doença.

“É importante aguardar pelo menos um mês após a relação para fazer a transfusão por conta do risco, mas é algo relevante apenas para uma parcela pequena da população que é doadora frequente de sangue”, indica Daher.

Pensando nesta proteção, a Anvisa emitiu uma nota técnica conjunta com o Ministério da Saúde na segunda-feira (4/3) recomendando considerar inaptas para a doação por um mês as pessoas que tomaram vacinas da dengue ou fizeram sexo com indivíduos infectados.

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Os especialistas ressaltam que caso a relação tenha sido desprotegida, é preciso esperar ainda mais tempo. A indicação é aguardar 12 meses, não só por conta da dengue, mas de todas as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e demais doenças virais que também podem ser adquiridas por via sexual.

“Várias doenças virais, como febre amarela, oropouche, dengue, zika e chikungunya, têm potencial de transmissão através do esperma, líquido seminal e secreção vaginal”, afirma Eliana.

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