Um estudo divulgado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) revelou que o consumo de alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, biscoitos recheados e macarrão instantâneo, está relacionado a cerca de 57 mil mortes por ano no Brasil. O impacto desse tipo de alimento é tanto que especialistas sugerem que os mesmos sejam sobretaxados.

Segundo o estudo, isso corresponde a 10,5% de todos os óbitos registrados em 2019, o que equivale a seis mortes por hora. O impacto econômico também é alarmante, com prejuízos de R$ 10,4 bilhões anuais devido a custos com saúde, previdência e perda de produtividade.

Principais resultados do estudo

  • Impacto na saúde: Os alimentos ultraprocessados estão diretamente associados ao desenvolvimento de doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão. Apenas essas três condições representaram um custo direto de R$ 933,5 milhões ao SUS em 2019.
  • Perdas econômicas indiretas: A mortalidade precoce de pessoas em idade produtiva causou perdas de R$ 9,2 bilhões no período analisado.
  • Distribuição regional: Estados como Rio Grande do Sul (13%), Santa Catarina (12,5%) e São Paulo (12,3%) apresentaram prevalências de mortes relacionadas ao consumo desses produtos superiores à média nacional.
  • Gênero e mortalidade: Homens geram maior custo econômico pela mortalidade precoce (R$ 6,6 bilhões), enquanto mulheres apresentam maior uso de serviços de saúde (três vezes mais hospitalizações e tratamentos).

Impacto na infância:

Um levantamento da UFRJ apontou que 25% das calorias consumidas por crianças menores de 5 anos vêm de ultraprocessados. Isso evidencia o risco de aumento de doenças crônicas desde a infância, agravado pelo crescimento do consumo de alimentos hiperpalatáveis no Brasil.

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Políticas públicas em debate e taxação:

Especialistas e organizações como a ACT Promoção da Saúde propõem medidas como:

  • Tributação seletiva: Aplicar impostos maiores a ultraprocessados e zerar tributos para alimentos naturais.
  • Educação alimentar: Campanhas para conscientizar sobre os riscos do consumo excessivo desses produtos.
  • Regulação de marketing: Restringir a publicidade de ultraprocessados, especialmente para o público infantil.

Apesar de avanços como a inclusão de refrigerantes no Imposto Seletivo na reforma tributária, os especialistas alertam que é necessário ampliar o alcance das políticas públicas para incluir outros ultraprocessados, garantindo maior proteção à saúde da população e redução dos impactos econômicos. A coordenadora Marília Albiero reforça que “tributar ultraprocessados reduz o consumo, diminui os gastos no SUS e ainda pode financiar iniciativas contra a fome”.

A pesquisa baseou-se em dados do SUS e do IBGE, considerando doenças e mortalidade relacionadas ao consumo de alimentos ultraprocessados.
📷 A pesquisa baseou-se em dados do SUS e do IBGE, considerando doenças e mortalidade relacionadas ao consumo de alimentos ultraprocessados. |Reprodução / Freepik

A pesquisa baseou-se em dados do SUS e do IBGE, considerando doenças e mortalidade relacionadas ao consumo de alimentos ultraprocessados. Segundo Eduardo Nilson, autor do estudo, os valores apresentados são conservadores, podendo ser ainda mais elevados caso fossem incluídos os custos de outras doenças associadas a esses produtos.

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