Faltou pouco para o Japiim

Foi por detalhes que o Castanhal não conseguiu a classificação à segunda fase da Copa do Brasil. Fez o gol no primeiro tempo, produziu jogadas que poderiam ter levado a mais um gol, mas acabou falhando no jogo aéreo e permitiu o empate antes do intervalo. No 2º tempo, o jogo ficou aberto, mas ninguém chegou ao gol e o resultado favoreceu o Vitória.

A escalação do Japiim foi ousada. O time veio com Lukinhas e Fazendinha na criação, com o trio ofensivo formado por Pecel, Leandro Cearense e Ruan. Valente, o time partiu para o ataque contra um Vitória cauteloso nos primeiros movimentos.

Com a marcação adiantada, o Castanhal não permitia ao visitante se movimentar e criar jogadas entre suas linhas. Apesar disso, aos 5 minutos, em escapada rápida pelos lados, Luidy cruzou rasteiro para Erick, que perdeu o gol de frente para Axel Lopes.

A resposta castanhalense foi imediata. Aos 7’, Daelson bateu forte e Lucas Arcanjo segurou. Melhor nas articulações, o Japiim mandou uma bola na trave aos 13’, com Leandro Cearense disparando de fora da área.

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Atordoado, o Vitória abriu a guarda no instante seguinte. Ruan rouba a bola na intermediária e passa para Fazendinha, que aciona Cearense para abrir a contagem. A movimentação do Castanhal arrefeceu e, aos 24’, Mateus aproveitou rebote de uma falta e empatou o jogo.

Pecel ainda teve excelente chance, mas errou o cabeceio, na melhor chegada do Castanhal antes do intervalo. O Vitória, satisfeito com a igualdade, fechou-se um pouco mais.

Estava claro que o caminho das pedras era forçar erros na saída da equipe baiana, mas adiantar marcação exige força física e atenção redobrada. O Castanhal custou a retomar a pegada ofensiva. Aceitou a estratégia do Vitória de priorizar o embate no meio-campo.

Quando Welthon (que substituiu Pecel) entrou aos 15 minutos, o Japiim passou a investir nas ações pelo meio e a criar algumas situações de perigo, mas na prática o jogo ficou prejudicado pelo excesso de erros.

Com os times desfigurados por mudanças, o Vitória ensaiou um cerco com jogadas em velocidade, mas foi o Castanhal que quase chegou ao gol nos minutos finais. Após boa jogada de Welthon, Lukinhas recebeu e mandou com muito perigo. Foi a chamada bola do jogo. No fim das contas, resultado justo pelo esforço dos times.

Sem criação, Remo terá que fechar o meio-campo

Por falta de criatividade no meio, o Remo não desabrochou no Campeonato Estadual até agora. Deu um pequeno sinal de crescimento diante do Itupiranga, quando Felipe Gedoz estreou, mas depois mergulhou no marasmo criativo e não conseguiu mais vencer nas três rodadas seguintes: Tuna, Bragantino e PSC.

Com o camisa 10 em campo, o time tem opções de saída, troca mais passes e encurta a distância entre meio e ataque. Sem ele, que se lesionou e só vai voltar ao time na Série C, o Leão perde força criativa e fica mais previsível.

Caso Paulo Bonamigo queira compensar o vazio de qualidade na meia-cancha, pode radicalizar e abraçar a previsibilidade. Simples: fechando o setor com três volantes de marcação e um médio, Erick Flores, que sabe transitar entre os três compartimentos da equipe.

No Cartaz Esportivo de ontem, tomei a liberdade de mencionar a maneira usada pelo Palmeiras de Abel Ferreira para não ceder o contra-ataque aos adversários. Povoa o meio, usa volantes e meias para socorrer os lados mais visados e explora o contragolpe como arma permanente.

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Não é um futebol vistoso, nem bonito de ver. Às vezes chega a ser tedioso, mas é inegável que funciona. Ainda mais quando não se tem jogadores de grande habilidade para propor uma forma mais interessante de jogar.

Como o Parazão não é propriamente um primor de técnica, especialmente nos gramados rastaqueras vistos até aqui, reforçar a marcação não é propriamente um ato de retranca burra. É possível fazer com que o meio funcione ofensivamente se os volantes tiverem iniciativa ofensiva.

Uchoa-Pingo-Curuá-Flores ou Curuá-Uchoa-Marco Antonio-Pingo é um desenho perfeitamente possível no Remo atual. Bruno Alves e Brenner seriam os homens de frente, com Ronald e Veraldo como alternativas.

Caso essa composição seja bem treinada, pode dar certo em jogos de mata-mata, que devem ser equilibrados, levando em conta o nível técnico do campeonato. Sem um criativo na armação, recompor e fechar a linha central com três volantes pode ser mão na roda, desde que a saída seja sempre rápida, através do médio e dos laterais.

A transição vai depender da retomada de bola e de passes em velocidade. Utilizar um monte de volantes fixos é um pecado que o sistema de forte marcação não pode cometer. Todos têm a responsabilidade de cuidar da aproximação e de imprimir rapidez nos passes.  

Welthon: atuação surpreendente em 30 minutos

Fico imaginando o desconforto do gênio azulino que dispensou Welthon ao ver os 20 minutos dele ontem à noite diante do Vitória, na Curuzu. Veloz, agudo, insistente, raçudo e finalizador. Exatamente como deve ser um atacante de Série C. Incomodou a zaga baiana e quase ajudou o Castanhal a fazer o segundo gol nos instantes finais.

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Dentre os destaques do Japiim na partida, Welthon foi um dos mais surpreendentes, pois chegou há uma semana e ainda não teve tempo de conseguir o necessário entrosamento com os companheiros. Apesar disso, jogou com o desembaraço habitual, sempre verticalizando os ataques. Vai fazer falta na campanha do Remo nas próximas fases do Parazão.

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