O título ficou com quem merecia. O PSC teve mais pontos (34), mais gols, o artilheiro (Nicolas, 11 gols) e não perdeu nenhuma partida. Uma conquista irretocável e histórica: é o 50º campeonato ganho pelo clube, três a mais que o maior rival.

Curiosamente, a partida de ontem foi a menos vibrante dos quatro clássicos, embora fosse o mais importante de todos. Depois dos 90 minutos, o PSC levantou o 50º título de sua história, um recorde no futebol paraense. O empate em 1 a 1 retratou bem o confronto.

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O cenário era claro. De um lado, o Papão sem muita pressa, administrando a vantagem de dois gols (estabelecido no primeiro jogo); do outro, o Leão afobado, buscando os gols que precisava, mas sem demonstrar a força necessária para isso.

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O 1º tempo foi mais aberto, com superioridade azulina. A ofensividade do Remo era o ponto de destaque do clássico. O problema é que, apesar das iniciativas, o ataque desperdiçou três grandes chances, com Sillas e Ribamar. Falhou novamente na definição, como tem sido marca registrada do time de Gustavo Morínigo.

A primeira grande oportunidade foi azulina: Ronald cruzou rasteiro e Sillas recebeu com liberdade, mas bateu para fora. Em seguida, uma resposta do PSC: Bryan cruzou para Nicolas, que finalizou para boa defesa do goleiro Marcelo Rangel.

Em nova investida do Leão, Ronald cruzou para Ribamar, que chutou com perigo. O último ataque remista começou com Ronald. Da linha de fundo, ele cruzou para Ytalo, que havia substituído Ribamar. O atacante desviou de calcanhar, para fora.

Como precisava desesperadamente de gols, o Remo voltou para o 2º tempo botando pressão no jogo. Ronald atacou pela esquerda e cruzou para Sillas, que finalizou mal. Apesar da pressão azulina, foi o Paysandu que abriu o placar.

Aos 11 minutos, Edinho recebeu bola junto à área e ao avançar foi derrubado por Ícaro. O árbitro deu o pênalti e expulsou o zagueiro. Nicolas cobrou no alto, sem chances para Marcelo Rangel, e fez 1 a 0.

A reação do Leão foi fulminante. As 17’, Ronald recebeu bola na esquerda, invadiu a área e mesmo marcado arrematou. Acertou o ângulo da trave de Matheus Nogueira, para empatar a partida e levantar a torcida azulina.

O problema é que, sem dois jogadores (Ícaro, expulso, e Ytalo, lesionado), o Remo não reproduziu a atuação da etapa inicial, mesmo tentando chegar na base da raça. O PSC, mais tranquilo, dedicou-se a tocar a bola e administrar o empate, suficiente para assegurar a conquista pela 50ª vez do Campeonato Paraense. Merecidamente.

Campanha invicta torna inquestionável o título do Papão

Depois da partida, em meio às comemorações, o técnico Hélio dos Anjos destacou a atuação controlada e pragmática que o PSC teve na partida e valorizou a marca pessoal de 15 jogos de invencibilidade no clássico. Aproveitou, obviamente, para cutucar os rivais pela ida ao tapetão.

O técnico Hélio dos Anjos e o atacante Nicolas, destaques da campanha invicata do Papão, fazendo uma selfie com o ex-jogador Zé Augusto.
📷 O técnico Hélio dos Anjos e o atacante Nicolas, destaques da campanha invicata do Papão, fazendo uma selfie com o ex-jogador Zé Augusto. |Jorge Luiz Totti/Paysandu

Pontuou também o fato de o PSC ter disputado uma primeira fase com muitos jogos no interior do Estado. Sem dúvida, foi expressiva a quantidade de vezes que a equipe precisou se deslocar em viagens desgastantes. Nem isso tirou o ânimo na busca pelo objetivo maior.

O 50º título é marca histórica, que o PSC buscava há três temporadas. Veio da melhor forma possível, com uma campanha quase impecável, superando todos os obstáculos. Apesar de incorrer na velha mania de reclamar das críticas, Hélio tem crédito e é um dos grandes baluartes dessa conquista alviceleste.

Equívoco de Morínigo começou na formação do ataque

Quando foi anunciada a escalação das equipes para a final do Parazão, notava-se no PSC a intenção clara de impor um jogo mais controlado a partir do meio-campo, formado por Val Soares, João Vieira e Robinho. No Remo, do meio para a frente, a escalação obviamente priorizou a parte ofensiva, com Jaderson, Pavani e Sillas na meia-cancha, sem um volante de ofício. No ataque, Kelvin, Ribamar e Ronald.

Esperava-se mais ousadia na maneira de atuar do Leão, levando em conta as peças que Gustavo Morínigo escolheu. A ideia era explorar a transição rápida para vencer a lenta defesa do PSC, mas na prática isso só ocorreu por quatro vezes, esbarrando sempre na finalização deficiente.

Para sufocar de fato o adversário desde o começo, Morínigo deveria ter optado por Kelvin no lugar de Sillas e Kanu na função de Ribamar. São jogadores mais agressivos, ágeis e com maior poder de definição.

Além disso, há o fator surpresa. Morínigo repetiu a mesma configuração dos três jogos anteriores, facilitando o trabalho de Hélio dos Anjos para anular suas escolhas. Sillas não tinha atuado bem em nenhuma das partidas anteriores. Ribamar não marcou gol.

Ao trocar de centroavantes ainda no primeiro tempo (37 minutos), Morínigo deixou claro que não estava insatisfeito com o desempenho de Ribamar. A opção por Ytalo fez com que repetisse um erro frequente. Tirou um atacante de força na área e colocou um substituto sem explosão, tornando o trabalho defensivo do Papão mais tranquilo.

Sem um atacante rápido na área, fica tudo mais difícil para o tipo de jogo que o Remo optou por fazer, de cruzamentos e bolas enfiadas para os pontas e laterais. Kanu teria sido uma escolha mais coerente.

Talvez não fosse suficiente para ganhar o jogo e o título, mas certamente daria ao time uma presença de ataque mais insinuante e agressiva. Ironicamente, Kanu acabou entrando no final da partida, para ajudar no combate de meio-campo, longe da área adversária.

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