Tem muito alvinegro aborrecido com a derrota para o modesto Pachuca, ontem, na disputa do Derby das Américas. É compreensível, foi mesmo uma coisa chata. O problema é que o ritmo avassalador de conquistas em tão curto espaço de tempo acostumou mal a torcida, que agora quer ganhar absolutamente tudo. O jogo era o passo inicial para chegar à decisão da Copa Intercontinental contra o fabuloso Real Madrid.

Francamente, penso que foi melhor assim. Estropiado pela maratona de cinco jogos decisivos em 16 dias, em cidades de diferentes países e continentes, tendo pelo meio duas comemorações de arrebentar a boca do balão, era improvável que o time conseguisse se apresentar de forma minimamente competitiva no torneio que se realiza no Qatar.

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Diante dos mexicanos, a ressaca de vitórias puniu o Botafogo, que utilizou os jogadores que tinham melhores condições para entrar. Metade do time titular foi poupado para evitar lesões. O cansaço físico sempre vem acompanhado da exaustão mental. A decisão do Brasileiro, domingo, poderia ter sido antecipada para sábado, mas a CBF novamente jogou contra os interesses do clube.

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Os mais empolgados não entenderam o tamanho do desafio que se abre à frente do Botafogo campeão da América e tricampeão brasileiro. Como o pistoleiro mais rápido do Oeste que era obrigado a enfrentar todos os aspirantes à fama, o Fogão virou o time a ser batido.

Em qualquer competição, o time terá que defender as belíssimas conquistas que ostenta. É assim que funciona. A isso chamamos de preço do sucesso, mas o torcedor médio não está preparado para essa conversa. Havia gente acreditando até naquele chiste idiota “Real Madrid, a tua hora vai chegar”, inventado por cabeças-ocas do Flamengo.

A realidade às vezes pode ser cruel. Um confronto agora com o Real de Carlo Ancelotti poderia ser bastante desfavorável ao Botafogo, que tem mesmo um excelente time, mas carece de ajustes para sustentar um confronto de mesmo nível com os campeões europeus. O Fluminense que o diga, depois de ser atropelado pelo Manchester City.

A saudável consciência sobre os limites do time de Artur Jorge não pode deixar passar batido alguns erros primários cometidos ontem. Os laterais marcaram errado, a marcação só funcionou com Gregore e o ataque não foi abastecido pelos homens de meio-campo. Esse panorama só mudou no 2º tempo, mas não a tempo de evitar a derrota.

No fim das contas, o que importa de verdade é a façanha que o Botafogo conseguiu cravar nos oito dias mágicos de sua história – de 30 de novembro a 8 de dezembro de 2024. Esse orgulho da dobradinha de taças ninguém tira mais do Alvinegro e de sua inquieta torcida.

REGULAMENTO EXCLUI PRINCIPAL APELO DA COPA VERDE

Foi bom enquanto durou. A CBF anunciou o novo regulamento da Copa Verde e da Copa do Nordeste, excluindo a previsão de vaga direta na 3ª fase da Copa do Brasil, direito que era concedido desde 2020 aos campeões dos dois torneios. A alteração naquele que era o principal apelo da competição gerou inquietação entre os clubes.

A presença na 3ª fase da Copa do Brasil era o atrativo maior das competições, por garantir receitas maiores pelas cotas de participação e possibilidade de boas arrecadações como mandantes.

A CBF explicou a retirada do artigo como parte de um movimento de revisão de todos os campeonatos organizados pela entidade frente às mudanças no calendário do futebol mundial. O presidente da FPF, Ricardo Gluck Paul, confirmou e justificou a “medida técnica”.

Segundo ele, isso irá permitir que as Copas sejam redimensionadas de forma mais viável e atrativa economicamente. “A CBF publicou a tabela da Copa Verde e existe uma medida técnica, combinada com as federações, para que possamos fortalecer a competição”. A conferir.

RONALDO PASSARINHO LANÇA "FRAGMENTOS DE UMA VIDA"

O amigo Ronaldo Passarinho lança, aos 84 anos, o livro que resume sua trajetória na vida pública e no esporte paraense. “Fragmentos de uma vida” é o título da obra, que agrega em 94 capítulos episódios da Belém de outrora, passagens da vida política, detalhes sobre a vivência com o tio Jarbas Passarinho e de sua rica contribuição ao futebol, particularmente como benemérito do Clube do Remo. O lançamento será hoje, no hall do auditório João Batista da Assembleia Legislativa, às 10h.

Ronaldo sempre foi um excelente cronista de seu tempo e um talentoso contador de histórias. Convivi mais de perto com ele quando era deputado estadual, tendo como colegas de Alepa políticos como Paulo Fonteles, Zeno Veloso, João Batista, Everaldo Martins, Nicias Ribeiro, Mário Chermont, Álvaro Freitas e Célio Sampaio.

Como dirigente de futebol, foi um infatigável defensor do Remo em várias frentes de batalha. A peleja que travou para evitar a desastrosa venda do estádio Evandro Almeida é digna de menção. Seu livro, que começou a escrever há mais de 10 anos, é um grande painel do Pará contemporâneo, repleto de humor e com um toque indisfarçável de nostalgia.

Aliás, como atento e diligente colaborador desta coluna, ele anotou um detalhe a ser acrescentado ao que escrevi sobre as origens paraenses do nosso amado Botafogo: “Gerson, um adendo: Otávio de Moraes, filho da nossa conterrânea Eneida, foi campeão carioca em 1948. A nossa linha de ataque, como se chamava antigamente, era: Paraguaio, Geninho, Pirilo, Otávio e Braguinha”.

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