Com 14 anos de vida, se fosse uma pessoa, o DOL seria um adolescente curioso e, genuinamente, interessado por tudo, buscando profundidade em temas importantes do mundo. Problemas sociais, mudanças de comportamento, novos ícones e manifestações da cultura, o corpo como meio para o bem-estar e a saúde, os riscos e soluções para o meio ambiente, o prazer e o desprazer de viver nas cidades e muitos outros, de tudo um pouco é captado e publicado pelo portal e consolidado como o maior do segmento no Norte brasileiro.
No ano do décimo quarto aniversário, o Dol apresenta regularmente reportagens especiais, mais extensas na forma e mais densas em conteúdo jornalístico, irmanando-se ao desejo dos leitores por informação de qualidade. De janeiro para cá, foram muitas histórias, mas essa aventura como começou bem antes, embora tenha ganhado corpo com uma decisão editorial que traz matérias com assuntos de repercussão no momento e revisita temas conhecidos. A ideia é ofertar um olhar renovado sobre questões relevantes, dando conta desses temas a partir de um número maior de vozes e de fontes e inovadores recursos do Jornalismo On-line.
Neste ano, muitas temáticas ganharam destaque no portal pelas mãos dos jornalistas que produzem, escrevem e editam as matérias especiais. O desafio de todo dia é buscar a melhor forma de expor essas narrativas, seja pela qualidade da informação, seja pela conexão emocional que essas notícias geram no público. Outra missão é focar em questões eminentemente afetas ao Pará e à Amazônia, onde o Dol é referência pelo trabalho que tem feito em quase uma década e meia.
Com as reportagens especiais, o DOL apresentou conteúdos diversos que dão sinais de como o público tem consumido as notícias e reagido ao que é produzido. O coordenador e editor dos Conteúdos Especiais do Dol, Anderson Araújo, explica que a medição do gosto dos leitores pode ser aferida por instrumentos digitais, como o Google Analytics, que em boa medida apontam o comportamento da audiência no site.
“O Dol é um site noticioso com muita força em assuntos locais, assuntos quentes, como se diz no jargão, jornalístico, principalmente pela rapidez e qualidade da apuração confiável e a confiabilidade dessas publicações. Com as reportagens especiais, estamos fazendo dois movimentos simultâneos. Um deles é descobrir novos interesses desse público que já tem o site como uma referência e o outro é atrair e formar um novo público, aquele que está procurando por conteúdos de relevância e mais densos na Internet”, comenta Anderson.
“As nossas reuniões de pautas são simples e a gente busca conversar sobre o que tem sido discutido no país, no Estado, na nossa cidade, o que nos afeta, chama atenção e nos comove também. Temos uma equipe de jovens repórteres e isso reflete nas matérias, que possuem essa energia também, de quem está conectado com o agora, com as redes. A intenção é sempre oferecer matérias interessantes aos leitores. Se certo tema me chama atenção, imagino que pode também despertar o interesse de quem lê o portal. Seguimos essa intuição, trabalhando seriamente e tendo o Jornalismo como um diferencial, uma ferramenta social de relevância no nosso tempo”, conta.
O coordenador lista alguns temas que já foram levantados na seção de reportagens especiais. São matérias que vão desde tradições e da cultura paraense, como o banho de cheiro em junho e curiosidades sobre os sotaques do Pará, até dramas de difícil solução como a situação dos indígenas venezuelanos da etnia Warao. Nesses conteúdos, também foram destaques assuntos sensíveis como aborto, violência obstétrica e a descriminalização do consumo de maconha e outras abordagens mais leves abraçadas pelos leitores, como as matérias acerca das velhas mercearias e da cultura de resistência dos sebos em Belém.
A reportagem como aprendizado
A jornalista Laura Vasconcelos é uma das mais ativas repórteres da equipe Dol Especiais. Para ela, a experiência da reportagem ainda é nova, embora exerça a função com dedicação e muita qualidade no que tem produzido. “Desde que comecei a me dedica a reportagens especiais, aprendi muito. Desde procurar fontes, contatos, pensar na estrutura da matéria, dos vídeos, da multimídia, enfim, e gosto muito também de conversar com os personagens pessoalmente, ir até os entrevistados, ouvir as histórias, tudo isso é muito legal”, diz.
A reportagem mais recente feita por Laura também é a que ela mais teve prazer em produzir. “A que eu mais gostei de escrever foi a das aparelhagens, primeiro por ser um tema que eu gosto que envolve música e cultura e também porque pude escrever uma crônica, que é meu gênero textual favorito, além de ter uma experiência pela primeira vez na vida acompanhada com um amigo meu (o também repórter do Dol Rafael Miyake”, pontua.
Também na linha de frente da equipe de reportagens especiais do Dol, o jornalista Lucas Contente tem visto a experiência como aprimoramento profissional no começo da carreira. “As matérias especiais nos fazem nos envolver com o assunto que estamos tratando”, conta. Com apenas um ano de formado, mas atuando como jornalista há pelo menos três, ele fala do aprendizado diante da função. “Amamos boas histórias e mais ainda contá-las da melhor forma, quando temos tempo para isso, nos faz gostar ainda mais da profissão, já que o tempo hoje é um inimigo”, pondera.
“Durante a apuração e o desenvolvimento do conteúdo, conseguimos nos aproximar mais dos nossos personagens e conhecer mais detalhes, o que diferencia muito a vida diária na redação dos conteúdos de hard news, que também são muito importantes”, detalha
“Lembro que fiz recentemente uma matéria sobre indígenas venezuelanos da etnia Warao. Quando cheguei próximo deles, sabia que isso seria um grande desafio. Eles nos veem com um olhar diferente. Sentamos, conversamos, consegui entrar em um acampamento deles no coração de Belém e pude entender um pouco melhor a realidade que eles vivem e o que eles clamam”, recorda.
“Imagine você, ser de etnia, viver dentro em uma aldeia e de uma hora para outra ter que ir para outro país, em uma cidade em que os costumes, pessoas, idioma são tão diferentes do que você conhece como realidade, mas você teve que vir obrigado? O que resta é tentar se adaptar, o que não é fácil, e pode durar anos. É uma complexidade gigantesca e, do ponto de vista jornalístico, fantástica de abordar”, observa.
Pioneirismo
As reportagens especiais ganharam frequência e regularidade no portal, mas a história começou bem antes, incluindo os conteúdos que foram consagrados pelo público e receberam premiações. Quem pode contar essa história é o jornalista Kleberson Santos, hoje coordenador do Dol e um dos jornalistas mais premiados do Pará.
Há 10 anos, ainda na função de repórter, ele relatou a situação de risco que envolvia crianças dando origem a reportagem "Esmola sobre as águas: exploração do trabalho infantil em rio amazônico", que denunciava um problema que poderia causar até mesmo a morte de quem nem sequer sabia que estava ali e para que era usado.
"Guardo essa matéria com carinho na memória, pois ela ajudou a denunciar uma situação perigosa, um absurdo que poderia ceifar não só uma, mais várias vidas de uma só vez em segundos. Usamos no jornalismo uma linguagem técnica que é o feeling, quando você percebe que está diante de algo e precisa denunciar, tomar partido, e com certeza isso vale uma reportagem. Ver aquela quantidade de crianças sendo usadas por pais, por parentes para pedir esmolas em pequenas rabetas, ao redor de grandes navios em alta velocidade, foi de cortar o coração", relembra.