O Corinthians viveu cinco temporadas em uma só. Em uma temporada com nova diretoria, o clube viu sua dívida crescer, sofreu no Paulistão, apareceu nas páginas policiais por conta de um patrocínio, passou meses na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro e encerrou a temporada com dois acontecimentos históricos: um pedido de impeachment e uma sequência de nove vitórias no Brasileirão que dá esperanças para 2025.

A seguir, a reportagem resume como foi o ano do Corinthians.

PAULISTÃO CAÓTICO

  • O Corinthians foi eliminado precocemente do Campeonato Paulista de 2024. A diretoria tinha a meta de chegar às semifinais do estadual, segundo o orçamento revisado do clube, mas o objetivo de desempenho não foi cumprido. Desde 2014, o time não ficava fora do mata-mata do torneio.
  • O clube trocou de comando técnico ainda na fase de grupos do estadual, após uma sequência de derrotas com Mano Menezes.
  • Na sequência, contratou António Oliveira, que conseguiu minimizar os problemas técnicos e de vestiário, mas ainda assim não evitou a eliminação um tanto vergonhosa do Corinthians.

DÍVIDA MAIOR

  • Nesta temporada, o Corinthians apontou aproximadamente R$ 2,4 bilhões em dívidas e "caixa estrangulado". Os dados financeiros foram atrelados ao pedido de Regime Centralizado de Execuções (RCE).
  • Deste montante, a equipe alega que R$ 703 milhões são referentes à construção da Arena e R$ 841 milhões em dívidas tributárias. O restante está ligado a questões trabalhistas, cíveis e desportivas.
  • O valor é R$ 100 milhões maiores do que o apresentado em setembro pela atual gestão, no "Dia da Transparência". Naquela ocasião, a dívida bruta do Corinthians até junho de 2024 era de R$ 2,31 bilhões, contra R$ 2,189 bilhões em dezembro de 2023, no fim da gestão de Duílio Monteiro Alves.

CASO VAI DE BET

  • Em seis meses, o acordo entre Corinthians e Vai de Bet foi do maior negócio do futebol sul-americano para caso de polícia. O patrocínio de R$ 360 milhões divididos em três anos ao Corinthians foi rompido em junho.
  • Após o acordo firmado em janeiro, Alex Cassundé, sócio da Rede Social Media Design, teria surgido como uma das partes envolvidas na negociação. O caso gerou estranhamento de membros da diretoria, dentre eles o ex-diretor de futebol Rubão, que questionou o papel do empresário.
  • Em 20 de maio, o colunista do UOL Juca Kfouri revelou que a empresa de Cassundé recebeu dois pagamentos de R$ 700 mil do Corinthians em um espaço de três dias, somando R$ 1,4 milhão.
  • No dia 25, ainda de março, a Rede Social fez um Pix de R$ 580 mil a uma empresa laranja chamada Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda. Mais R$ 462 mil foram transferidos no dia seguinte para a mesma destinatária. Em entrevista ao UOL, a sócia da empresa laranja, Edna Oliveira dos Santos, contou que vive de favor em uma comunidade com os três filhos pequenos e depende do Bolsa Família.
  • A notícia gerou dúvidas na Vai de Bet sobre a idoneidade do intermediário e, por fim, a casa de apostas decidiu romper o patrocínio. Neste cenário de suspeitas, a Polícia Civil iniciou um inquérito, que já ouviu depoimentos de várias testemunhas, além de Cassundé.

PEDIDO DE IMPEACHMENT

  • Para piorar, o presidente Augusto Melo foi alvo de pedido de impeachment no Corinthians. O Conselho Deliberativo do clube votaria o pedido de afastamento do mandatário no começo de dezembro, mas Augusto conseguiu uma liminar suspendendo a votação.
  • Agora, o CD do Corinthians deverá retomar a reunião para votar o impeachment de Augusto Melo em janeiro de 2025. O presidente respondeu a dois processos disciplinares: o primeiro por indícios de infração estatutária e o segundo enviado ao Conselho Deliberativo pelo Conselho de Orientação do Corinthians (Cori) por gestão temerária.

'JANELA DOS SONHOS'

  • O ano do Corinthians melhorou após a "janela dos sonhos". O clube se reforçou do goleiro ao ataque no meio do ano. O Timão anunciou um goleiro [Hugo Souza], um zagueiro [André Ramalho], quatro meio-campistas [José Martínez, Charles, Carrillo e Alex Santana] e três atacantes [Memphis Depay, Héctor Hernández e Talles Magno].
  • A contratação de Memphis Depay cumpriu uma promessa da empresa Esportes da Sorte. A patrocinadora máster do Corinthians, que entrou no lugar da Vai de Bet, havia prometido ajudar na chegada de um jogador de peso e com representação midiática.
  • O Corinthians variou os tipos de negócio naquela janela. A diretoria negociou contratações por empréstimo, compras em definitivo e em jogadores que estavam livres no mercado.
  • Todos os recém-chegados conquistaram espaço no time titular. Alex Santana e Héctor Hernández, no entanto, se lesionaram e passaram a maioria do semestre no departamento médico.

DO Z4 AO G7 NO BRASILEIRÃO

  • O Corinthians viveu extremos no Campeonato Brasileiro: o Z4 e o G7. A equipe passou meses lutando contra o rebaixamento, mas conseguiu uma arrancada final impressionante.
  • O primeiro turno do Corinthians foi ruim, principalmente antes da janela de contratações e da chegada de Ramón Díaz. Em 19 rodadas, o clube somou apenas 19 pontos, uma média de um ponto por partida. Foram quatro vitórias, sete empates e oito derrotas, e um aproveitamento inferior a 35% no período.
  • A equipe chegou a ficar dois meses na zona de rebaixamento. Na 21ª rodada, em 5 de agosto, o Corinthians entrou no Z4 e só saiu da degola no fim de outubro.
  • Com Ramón Díaz, o Corinthians quase dobrou de aproveitamento de pontos no Brasileirão. Dos 66 pontos disputados, Ramón conquistou 44 - 13 vitórias, 5 empates e apenas 4 derrotas neste período.

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