Paulo Bonamigo é um técnico que desfruta merecidamente de muito prestígio e respeito junto ao torcedor do Remo. Não é para menos. Em suas passagens pelo clube sempre fez um trabalho sério e responsável, embora às vezes sem obter os resultados pretendidos. Em 2022, ele conseguiu finalmente o título paraense, que havia deixado escapar em 2021, mas o trabalho de preparar o elenco para o Brasileiro não frutificou. Até hoje, o time pouco exibiu de produtivo e pratica um futebol previsível.

O fato é que o Remo não tem um sistema adequado à realidade do elenco. Boas peças foram contratadas, mas isso não se reflete nas escalações e até nas mudanças o longo dos jogos. Não sabe ser ofensivo o tempo todo – como o Ypiranga foi n segunda-feira – e não joga em blocos, o que dificulta muito quando é atacado. Mais grave: todo mundo sabe que o time começa num ritmo, mas depois baixa as linhas e permite espaços.

A equipe tem perdido na Série C pontos preciosos por absoluta incompetência. Foi assim contra Manaus, S. José (em casa), Brasil de Pelotas e este último contra o Ypiranga. Dos quatro, o Remo poderia ter vencido pelo menos dois, o que garantiria tranquilidade e um lugar lá no topo da tabela de classificação. Ao contrário, a instabilidade prevalece e o time vive uma gangorra. Vence uma, perde outra em seguida.

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Em Erechim, velhos erros e práticas totalmente em descompasso com o futebol moderno voltaram a assombrar o Remo, com prejuízos que poderiam ter sido evitados. O jogo usual na Série C exige aproximação entre os blocos, saídas rápidas e capacidade de se adaptar ao modelo do oponente. O Remo não conseguiu atingir nenhuma dessas exigências.

Para piorar, um jogador importante como Erick Flores, que viveu o seu melhor momento sob o comando de Felipe Conceição na Série B 2021, voltou a jogar como antes, de forma mais descuidada e exagerando nas tentativas individuais.

O jogo praticado por Flores é sinalizador do dilema vivido pelo time. Ao preferir o risco de fazer passes entre dois e até três marcadores, demonstra pouco confiar no conjunto. Excedeu-se em erros, atrasou inúmeras saídas e tomou decisões quase sempre erradas. Como isso é contagiante, acabou influenciando Marciel, que fez sua pior atuação pelo Remo desde que virou titular. A perda de dois defensores (Everton Sena e Leonan) gerou problemas, mas não justificar a atuação desleixada que o time teve depois de abrir vantagem logo aos 14 minutos.

Tudo isso deveria ter sido corrigido para o 2º tempo, mas Bonamigo, que se contentou em substituir Flores por Fernandinho no intervalo, não reforçou o setor de marcação e só foi mexer depois, promovendo a entrada do estreante João Patrick, que nem era a alternativa mais coerente, visto estar voltando a atuar depois de longa inatividade.

Acabou levando um amarelo logo de cara e depois foi punido com o segundo cartão, sendo expulso e abrindo ainda mais as linhas defensivas. Sem jogadores para criar, o Remo passou a depender de bolas esticadas por Marlon e Kevem para Bruno Alves e Brenner, isolados na frente.

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Com isso, o Ypiranga ficou mais tranquilo ainda e o Remo sem poder ofensivo. Um time desarticulado e sem alma, facilmente dominado, escapando por pouco de tomar o terceiro gol – Vinícius fez um milagre numa finalização em dois tempos.

Poderia ter sido diferente se o técnico optasse por simplificar as coisas, lançando Paulinho Curuá no lugar de Marciel (que ficou até o fim do jogo errando quase tudo) e Ronald para substituir Flores, o que mexeria com o setor defensivo do adversário e daria ao Remo uma alternativa de escape pelo lado esquerdo recolocando Brenner no jogo.

O problema é que opções simples nem sempre interessam a quem tem conceitos já consolidados, o que parece ser o caso do treinador azulino.

Direto do blog campeão

“Gerson, infelizmente o Bonamigo não tem um padrão de jogo, não sei se por deficiência técnica dos jogadores que não acertam nenhum passe ou se o Bonamigo chegou no seu limite de conhecimento, técnico e tático. O time não tem posicionamento em campo, não ganha uma segunda bola, o tempo todo é chutão pra frente, não segura a bola no meio, erra muitos passes, vive de lampejos durante o jogo e não tem jogadas ensaiadas. O Ypiranga é apenas razoável, e o Remo mais uma vez ficou atrás se acovardando. Acho que o Bonamigo deveria fazer igual ano passado, sair numa boa, entregar o lugar por não conseguir mais extrair nada desse grupo. O time parece que se reúne na véspera para jogar. A Diretoria precisa também reunir com os jogadores, cartões amarelos infantis e expulsão no banco de reserva, aí não dá. Esses caras deveriam ver como os jogadores da Europa se comportam, profissionais na essência da palavra”.

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Jaime de Atlanta (EUA)

“O time está perdido. O Everton Sena saiu há pouco tempo do NASP, e já está voltando. O Jean Patrick saiu do NASP e foi expulso na estreia. O Kevem entra e faz gol contra e o Bonamigo insiste em preterir o Ronald. Onde vamos chegar?”.

Bira Corrêa

“Já joguei a toalha em relação a Bonamigo faz tempo. O Remo segue tropeçando nas próprias pernas nessa Série C, sem plano de voo, digo, de jogo, específico pra cada partida, local e adversário. Bonamigo é o típico treinador brasileiro. Fica impassível na beira do gramado, vê a vaca se atolando no brejo sem esboçar reação alguma, esperando o intervalo para fazer as substituições e modificações táticas que acha necessárias, mas as mesmas de sempre. Discordo dos analistas que ficam exigindo, clamando, implorando pela entrada de Ronald quando a casa já está caindo ou já desabou. Ao fazer isso, chancela-se os erros do técnico que tem a obrigação de montar o time e fazê-lo jogar com harmonia, sem depender da boa atuação de um ou dois jogadores apenas. Aliás, o Remo tem um elenco de razoável pra bom, mas necessitando de um técnico que o faça jogar como um time”.

Miguel Silva

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O treinador não está tendo uma passagem convincente pelo Clube do Remo Foto: Foto: Ascom/Remo

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