Na última quinta-feira (11/12), o Paysandu publicou em seu Portal da Transparência o seu Balanço Financeiro de 2024, com os documentos apontando os valores de patrimônio e número de receitas e despesas do mencionado período e último ano de gestão do ex-presidente Maurício Ettinger. Documentos que deviam ser publicados em abril, somente no mês de dezembro o clube deu publicidade aos registros. No entanto, tais resultados acabam por contrastar com o balancete de dezembro de 2024, que havia sido publicado pelo clube, mas foi retirado subitamente logo após matéria do DOL.
Em setembro de 2025, a reportagem do DOL teve acesso a documentos presentes no Portal da Transparência do Paysandu em que apontaram um crescimento exorbitante do déficit em apenas 1 ano. O balancete de janeiro de 2024 apresentou um resultado negativo de pouco mais de R$ 70 mil, valor que saltou negativamente para R$ 18,8 milhões. Agora, com a publicação oficial da última semana, o déficit registrado pelo Paysandu foi de R$ 3,88 milhões no exercício, valor R$ 14,9 milhões inferior ao prejuízo indicado no balancete.
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As divergências não param no saldo final. No ativo circulante, algumas contas apresentam plena compatibilidade entre o balanço e o balancete de dezembro. É o caso de caixa e equivalentes, contas a receber, estoques e projetos a realizar, cujos valores coincidem exatamente nos dois demonstrativos.
Entretanto, chama atenção a ausência, no balanço patrimonial publicado, da conta “Valores sujeitos a prestação de contas”, que aparece no balancete com saldo de R$ 3.848.574,53 em 31 de dezembro de 2024. O valor não está claramente absorvido em outras rubricas do ativo, o que caracteriza uma omissão relevante, já que se trata de montante expressivo e que impacta diretamente a composição do ativo circulante.
Inversão entre imobilizado e intangível
Uma das divergências mais sensíveis identificadas está no ativo não circulante. No balanço patrimonial, o clube registra R$ 89,8 milhões em intangível e apenas R$ 4,6 milhões em imobilizado. Já no balancete de dezembro, ocorre exatamente o oposto: R$ 89,8 milhões aparecem como imobilizado, enquanto cerca de R$ 4,8 milhões são classificados como intangível.
A diferença não está apenas nos valores, mas na classificação contábil dos ativos, indicando uma inversão entre os grupos patrimoniais. Esse tipo de inconsistência compromete a análise econômica do clube, já que imobilizado e intangível possuem naturezas distintas, critérios diferentes de depreciação e impacto direto sobre o patrimônio líquido.
Além disso, há uma pequena diferença residual no total do ativo não circulante entre os demonstrativos, sem explicação técnica apresentada.
Clube não se manifestou
Após se deparar com as possíveis divergências entre documentos, o DOL entrou em contato com o Paysandu para averiguar as razões para tais inconsistências. Após inúmeras tentativas, não conseguiu obter retorno quanto as dúvidas levantadas na matéria. O espaço segue aberto para atualizar assim que o clube enviar seu posicionamento.
