A crise institucional no Paysandu ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (22). O empresário Roger Aguilera renunciou, de forma irrevogável, ao cargo de presidente do clube, decisão comunicada oficialmente por meio de uma carta aberta direcionada à torcida bicolor e aos poderes do clube.
A saída ocorre após semanas de especulações nos bastidores da Curuzu, intensificadas pela ausência do dirigente em compromissos recentes, como o lançamento da nova camisa e a apresentação do novo técnico. Eleito no fim de 2024 para comandar o Paysandu no biênio 2025-2026, Aguilera vinha enfrentando forte pressão interna e externa diante dos resultados negativos dentro e fora de campo.
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Na carta, o agora ex-presidente ressaltou a relação histórica de sua família com o clube e lembrou que atua de forma voluntária na administração do Paysandu há cerca de 25 anos, sem qualquer remuneração. Aguilera afirmou que assumiu a presidência ciente das dificuldades financeiras enfrentadas pela instituição, mas reconheceu que os objetivos traçados não foram alcançados.
“Dediquei-me de corpo e alma, abdiquei da minha família, da minha saúde e das minhas atividades profissionais para estar no Paysandu. E, apesar desse esforço, não conseguimos atingir os objetivos almejados”, escreveu.
Segundo Aguilera, a decisão foi motivada por razões pessoais e pela necessidade de permitir um processo de renovação na gestão, com foco na temporada de 2026. Ele destacou que a renúncia não tem caráter temporário.
“Para possibilitar um 2026 de total renovação, apresento, de forma respeitosa e irrevogável, minha renúncia ao cargo de presidente do Paysandu Sport Club”, afirmou.
Roger agradece apoio dos diretores
Em tom de agradecimento, Roger Aguilera reconheceu o apoio recebido da diretoria, conselhos, colaboradores, atletas e, principalmente, da torcida bicolor durante sua gestão. Mesmo deixando o cargo, ele garantiu que continuará colaborando com o clube, ainda que sem função formal. “Sou apaixonado torcedor do Paysandu”, declarou.
A renúncia acontece em um momento extremamente delicado para o Paysandu. Dentro de campo, o clube viveu uma de suas piores temporadas na história recente, terminando a Série B do Campeonato Brasileiro na última colocação, com apenas cinco vitórias em 38 jogos, e sendo rebaixado para a Série C — a pior campanha do Papão desde a adoção do sistema de pontos corridos.
Problema do Paysandu se agrava
Fora das quatro linhas, a situação financeira também se agravou. Após o fim da competição, ao menos oito atletas ingressaram com ações judiciais contra o clube. Somados, os processos ultrapassam R$ 13 milhões, envolvendo cobranças de salários atrasados desde setembro, direitos de imagem pendentes desde julho, além de FGTS, 13º salário e outros encargos trabalhistas.
Até o momento, o Paysandu não informou quem assumirá interinamente a presidência nem quando será definida a nova composição da diretoria. O clube segue em processo de reconstrução esportiva e administrativa, em meio a um cenário de grande instabilidade.
