Quando Rodrigo Santana assumiu o comando técnico do Clube do Remo, em junho, a missão era basicamente livrar o time do rebaixamento. Internamente, todos garantem que esta possibilidade nunca foi cogitada, e que o pensamento sempre foi pelo acesso. Mas, o que vinha sendo feito até então não credenciava a equipe azulina a nada além disso. De lá para cá, foram sete vitórias e cinco derrotas. Com exceção da rodada passada, o time não chegou a empolgar em nenhum momento, mas aos poucos foi se recuperando, deixou o fantasma da série D pra trás e neste sábado (24), na última partida da primeira fase da Série C do Campeonato Brasileiro, o Leão Azul depende só dele para se classificar para o quadrangular decisivo, num confronto que tudo indica um favoritismo remista, mas tem um caminho cheio de cascas de banana que devem ser evitadas.
O Remo vai encarar o São José-RS, no estádio Passo D’Areia, em Porto Alegre (RS), único da Terceirona que tem grama artificial, e o tapete local está seriamente danificado. Mesmo rebaixado, o Zequinha engrossou para os adversários nas três últimas rodadas, quando teve dois empates e uma vitória. O time vai disputar a Copa Gaúcha após o fim da participação no Campeonato Brasileiro e vai buscar a vaga para a Copa do Brasil do ano que vem. Todas as partidas desta rodada começam no mesmo horário, às 17 horas.
É de fato um confronto que deve trazer complicações, mas tem sido sempre assim para o Leão Azul. No papel, as chances de passar de fase são grandes e ela pode acontecer de três maneiras: uma vitória simples sobre o São José; um empate desde que haja tropeços de Náutico-PE e Figueirense-SC contra Londrina-PR e Volta Redonda-RJ, respectivamente; por último, se perder para o São José, os azulinos terão que torcer para que o Náutico também perca para o Londrina e o Figueirense não ganhe do Voltaço. Mesmo com todas as possibilidades, a ordem no Baenão é fazer o seu em campo e não se preocupar em fazer contas.
“Sabemos que é o jogo mais importante do ano, porque é o da classificação. Precisamos ganhar para classificar, para não depender de nenhum resultado. Todo mundo está focado no mesmo objetivo, que é ganhar essa partida para a gente conseguir classificar e depois ir buscar nosso acesso”, afirma o lateral-direito Diogo Batista. “O São José é uma equipe que merece todo o nosso respeito, tanto que eles vêm de uma vitória e um empate contra adversários qualificados. Mesmo rebaixados, eles conseguiram propor jogo. É uma equipe extremamente perigosa, principalmente jogando dentro de casa, com o fator campo sintético, que é muito diferente. Vamos encarar esse jogo como uma final de campeonato, nenhum resultado nos interessa a não ser a vitória”, completa o zagueiro Rafael Castro.
‘Time vem crescendo no momento certo’
Além do trabalho dentro de campo, muito se comenta do trabalho mental e psicológico que vem sendo desenvolvido com o elenco do Clube do Remo. Rodrigo Santana promoveu uma forma diferente de trabalhar, reconstruindo relações interpessoais no Baenão, tentando colocar todos no mesmo caminho, melhorando o ambiente, criando uma identidade tática ao time. Ele mesmo afirma isso, que não adiantaria nada melhorar a moral de todos se não acontecessem os resultados de campo.
“Eu vejo assim, ensinar a jogar futebol a gente não ensina ninguém. Todos aqui foram contratados pela sua competência, pela sua técnica, todo mundo tem sua responsabilidade na parte física. A gente trabalhou muito nessa parte de uma organização tática para eles se sentirem mais seguros dentro de campo”, disse. “Não é apenas uma motivação, mas uma conscientização da responsabilidade que a gente tem de defender a camisa do Remo, o peso que a torcida tem. Eles (os jogadores) precisavam assumir esse papel, da mesma forma que eu também precisei assumir o meu papel. E todo dia, praticamente quase todos os dias, a gente bate nessa tecla”, completou Santana.
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O treinador azulino garante que dentro do Evandro Almeida nunca se falou em rebaixamento, e sim apenas em classificação. Ele defende o material humano que tem em mãos, tanto que o time reagiu com poucos reforços desde sua chegada. “Sempre bati nessa tecla, que se eles estão aqui é porque foram escolhidos pela qualidade deles e a gente precisava encontrar uma forma de potencializar isso”.
Mas, ele não ignora que um melhor ambiente tem seus reflexos em campo. “Houve uma evolução que trouxe essa confiança de lutar até o final. Hoje a gente chega muito feliz de estar na última rodada com essa possibilidade de estar dependendo só da gente. E é muito mais difícil você conduzir um clube como o Remo, do que um time que não tenha esse tipo de pressão. E dá pra perceber essa leveza, essa alegria que os jogadores estão tendo no dia a dia, essa consciência de que o time vem crescendo no momento certo”.
E MAIS…
PLANEJAMENTO
- A possibilidade de classificação traz também planejamentos para uma próxima fase. O Clube do Remo já tem nomes que estariam certos para serem anunciados para a disputa do quadrangular, não podendo ser anunciados antes. Além disso, há uma preocupação quanto aos cartões.
- O elenco conta com sete jogadores pendurados com dois cartões amarelos: Ligger, Bruno Silva, Pavani, Matheus Anjos, Adsson, Kelvin e Pedro Vitor. Caso recebam o terceiro cartão, precisarão cumprir uma partida de suspensão automática na fase seguinte. Se passarem incólumes, o regulamento da Terceirona prevê que todos os cartões recebidos na primeira fase serão zerados após o início dos dois quadrangulares de acesso.
RIVAL PERIGOSO
Pulo do gato é manter a concentração
Já rebaixado à Série D, o São José-RS aposta todas suas fichas nessa reta final de Terceirona numa espécie de preparação para o último compromisso do ano, a Copa Gaúcha, importante torneio estadual que dá ao campeão uma vaga na Copa do Brasil do ano que vem. Também por isso os azulinos têm encarado esse desafio com muito cuidado, além de tudo que tem no entorno dele na busca pela classificação.
“É um jogo que nos interessa a classificação. Vai ser um duelo muito forte onde nossa concentração, nosso nível de atenção vai ter que estar muito alto”, destacou o treinador do Remo, Rodrigo Santana.
Essa concentração em campo tem sido alvo de comentários constantes por parte de Santana. Ele deu exemplos disso ao lembrar de jogos passados onde o Leão Azul teve problemas nesse sentido, em especial em compromissos fora de casa.
“A gente encontrou alguns jogos que o time deu uma baixada. Contra a Ferroviária, por exemplo, o time deles fez uma pressão muito grande e identificamos o momento em que caiu o nosso nível de atenção. E é onde a gente começa a dar confiança para o adversário. Começa a deixar o adversário gostar do jogo”, explicou Santana. “A gente mostra muito o nível de concentração dentro dos jogos, através dos nossos vídeos, inclusive os momentos quando o nosso nível de concentração cai. E aí, quando a gente para de ter a bola, o adversário começa a gostar do jogo”.