Há pouco mais de 10 dias, o Clube do Remo escrevia uma das mais lindas páginas de sua história com a confirmação de seu retorno para a Série A do Campeonato Brasileiro. O triunfo aconteceu com a vitória ocorrida diante do Goiás, pelo placar de 3 x 1, em pleno Mangueirão, e que teve seu apogeu graças a vitória do Cuiabá diante do Criciúma, por 1 x 0. Desde então, os remistas tem comemorado o tão sonhado retorno à elite nacional, depois de 31 anos. Mas você sabia, que isso poderia ter acontecido em ainda 2000?

Entre as maiores mágoas da torcida azulina, uma se destaca até hoje: o acesso que o Clube do Remo conquistou em campo, mas que acabou negado por uma decisão política da CBF. O episódio ocorreu na polêmica Copa João Havelange de 2000, considerada um dos campeonatos mais confusos da história do futebol brasileiro. Naquele ano, brigas judiciais — especialmente envolvendo o Gama — impediram a CBF de organizar o Campeonato Brasileiro.

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Em razão a todo o caos instalado, a solução encontrada foi deixar o Clube dos 13 comandar a competição, que passou a se chamar Copa João Havelange e foi dividida em módulos:

  • Módulo Azul — equivalente à Série A
  • Módulo Amarelo — equivalente à Série B

A regra era simples e esportivamente justa: os três melhores do Módulo Amarelo conquistariam vaga nas oitavas de final, enfrentando equipes da elite.

Remo brilhou e conquistou sua vaga

O Leão fez uma campanha consistente e de alto nível no Módulo Amarelo. Chegou às semifinais, mas acabou eliminado pelo Paraná. Restava disputar o terceiro lugar — justamente a última vaga ao mata-mata geral da competição. O confronto final foi justamente o Re-Pa, contra o Paysandu. O Remo venceu a ida por 3 a 2 e garantiu o acesso ao empatar a volta por 1 a 1. Classificado às oitavas de final entre os 16 melhores times do país, o clube acabou eliminado pelo Sport, mas fechou o torneio com aquilo que o futebol determina: mérito de acesso.

A virada de mesa que mudou tudo

Quando a CBF reassumiu o futebol nacional em 2001, precisava definir quem jogaria a Série A. A lógica esportiva parecia clara:

  • Subir o Paraná (campeão do Módulo Amarelo)
  • Subir o São Caetano (vice-campeão nacional)
  • E subir o Remo, 3º colocado do Amarelo e classificado para o mata-mata final

Mas não foi isso que aconteceu. Em vez de respeitar o mérito esportivo, a CBF decidiu montar uma Série A com 28 times, acomodando clubes que deveriam ter sido rebaixados em 1999 — como Botafogo-SP e Gama — e preservando interesses políticos do Clube dos 13. Para definir o acesso, a entidade simplesmente cortou a linha no 2º lugar, ignorando o Remo, que havia garantido a terceira vaga prevista no regulamento da competição organizada no ano anterior.

Remo tentou justiça — e perdeu fora de campo

O Leão recorreu à justiça comum e chegou a conseguir liminar para disputar a Série A de 2001. A CBF reagiu ameaçando suspender o campeonato e derrubou a decisão. Resultado: o Remo foi forçado a jogar a Série B, mesmo tendo conquistado a classificação nos gramados. Para a torcida azulina, a João Havelange não foi apenas um campeonato confuso — foi o ano em que o Leão foi roubado de seu acesso histórico.

📷 |Arquivo/ Remo

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