O Pará possui 22 milhões de cabeças de bovinos, ocupando o terceiro lugar no ranking nacional, segundo dados do IBGE 2020. O crescimento foi de 6,3% no ano passado e os números são cada vez maiores. Essa alta geralmente tem sido associado ao desmatamento na Amazônia, onde se diz que, para se ter terra para criação de gado, é preciso desmatar.

Entretanto, é justamente esse discurso que os pecuaristas do estado querem desmistificar, querem tirar da cultura de que o fazendeiro, o pecuarista, é quem desmata a Amazônia. Além disso, a união entre produtores, indústria, varejo e exportação significa crescimento econômico, especificamente para a pecuária e o agronegócio brasileiro.

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Esses foram os pontos-chaves do “1º Pecuariando: Encontro da Cadeia Agroindustrial, Comercial e de Serviços da Pecuária Paraense”, programação que ocorreu de 27 a 29 de abril no Carajás Centro de Convenções em Marabá, no sudeste paraense. O evento teve como tema “A pecuária recupera o Pará: resposta do Estado aos desafios da produção sustentável na Amazônia”.

O evento foi realizado no Centro de Convenções de Carajás
📷 O evento foi realizado no Centro de Convenções de Carajás |TV RBA

No evento foi apresentado para os pecuaristas o Sistema de Restauração Florestal, o Sirflor, que foi criado para oferecer aos produtores rurais um procedimento administrativo simplificado que reabilite a propriedade que atualmente não atende aos critérios dos Termos de Ajustamento de Conduta por estar relacionada ao desmatamento ilegal, a possibilitar que a produção de matéria prima nela produzida possa retornar ao mercado formal e legal. Esse retorno se dá por meio de um processo técnico e que será reutilizado quando realizar a adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA).

“É um projeto de pecuária que envolve desde o pequeno produtor, que vai ter a função de criar o bezerro, levar a tecnologia e assistência técnica para esse pequeno produtor, até a indústria”, disse Maurício Fraga, presidente da Acripará, Associação dos Criadores do Estado do Pará. O governador do Estado, Helder Barbalho, acompanhado da primeira-dama, Daniela Barbalho, e de autoridades públicas, participou da noite de abertura.

Durante o dia, houve a apresentação do Manifesto da Aliança Paraense pela Carne em Prol da Sustentabilidade da Pecuária na Amazônia e os lançamentos do Sirflor do Projeto Pecuariando. Também foi assinado o Protocolo de Intenções com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Universidade Federal do Pará (UFPA), Banco da Amazônia e Banco do Pará (Banpará). Na ocasião, foi feita ainda a entrega de Título de Cidadão Paraense ao ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli.

Helder Barbalho participou da programação e entregou título de cidadão paraense a Alysson Paolinelli
📷 Helder Barbalho participou da programação e entregou título de cidadão paraense a Alysson Paolinelli |Marcelo Seabra / Agência Pará e Igor Nascimento / Sedeme

SELO VERDE

“O Pecuariando é um momento histórico para nossa pecuária, dentre outros motivos, pelas estratégias de benefícios fiscais do Governo do Estado revertidas em investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação. Importante para que possamos ampliar, principalmente olhando, para as propriedades menores, da agricultura familiar, que possam aumentar a sua produção, e o Estado amplie suas cabeças de gado sem precisar desmatar, comprometido com a pauta ambiental”, enalteceu o governador.

📷 Helder Barbalho participou da programação e entregou título de cidadão paraense a Alysson Paolinelli |Marcelo Seabra / Agência Pará e Igor Nascimento / Sedeme

O chefe do executivo paraense divulgou ainda dados da política do Selo Verde enfatizando que, no Pará, 269 mil propriedades estão inscritas ou em processo de inscrição no Cadastro Ambiental Rural. E 80% deste imóveis não possuem nenhum registro de desmatamento desde 2008. “Para que o estado aumente a sua produção de cabeças de gado sem precisar derrubar árvores, sem precisar desmatar, comprometidos com a pauta ambiental com profunda relevância”, declarou Helder Barbalho.

A pecuarista Camila Coalhato reconheceu a importância do setor produtivo hoje ser parceiro do meio público. “É muito importante termos o governo apoiando os pecuaristas, são duas frentes que precisam andar juntos, e acho que esse encontro, com a presença do governador, reforçou muito isso”, avaliou.

CARNE PARA CHURRASCO

📷 Roberto Barcellos palestrou sobre a qualidade da carne para a produção nacional |(Divulgação)

Outro destaque do evento foi a produção, comercialização e efetivação da qualidade da carne para o churrasco, como explicou o palestrante Roberto Barcellos. “Esse mercado é a aptidão brasileira, que é a produção de commodities, e paralelo a isso está surgindo uma demanda por carne de qualidade”, salientou. “E para isso é preciso de uma tecnologia muito específica e direcionada à produção de qualidade. O animal mais eficiente não é o que vai produzir a melhor carne. Só que pra eu produzir a melhor carne preciso ter um caminho e uma estratégia de negociação diferenciada, mas são caminhos distintos que se complementam nas estratégias mas que são diferentes nas tomadas de decisão”, declarou.

📷 Amaurício Fraga ressaltou a importância de se atender ao pequeno produtor |(Divulgação)

EM NÚMEROS

Quantitativo de cabeças de gado na região atendida

pela regional da Adepará Marabá

Marabá - 1.424.418; Itupiranga - 757.662; Curionópolis - 534.756; Parauapebas - 134.265; Eldorado dos Carajás - 507.019; Nova Ipixuna - 136.566

Dados: Adepará

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