A manutenção em produtos, eletrodomésticos e veículos é importante para manter o bom funcionamento das engrenagens e prevenir acidentes por falhas mecânicas. É importante entender que nem todos os serviços oferecidos pelas oficinas são necessários. Chamados de "empurrômetros", nada mais são do que um gasto a mais para o bolso do cliente. Por isso, a importância do consumidor estar atento para não pagar mais do que deveria.
É comum que motoristas recebam ofertas de serviços adicionais durante as revisões periódicas dos veículos em concessionárias ou oficinas independentes, a exemplo da limpeza dos bicos injetores. Os mecânicos justificam que esse serviço é necessário para remover sujeiras acumuladas pela queima de combustível, evitando obstruções que poderiam causar irregularidades no funcionamento do motor.
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Para Erwin Franieck, engenheiro e mentor de tecnologia e inovação da SAE Brasil, a limpeza dos bicos injetores, na maioria das vezes, é desnecessária. "Hoje não está prevista a limpeza de bicos injetores no plano de manutenção, ao menos nos manuais que já consultei. Desconheço montadoras que recomendam a prática ao atingir determinada quilometragem", afirma o especialista.
Franieck, que já foi proprietário de um carro com 130 mil quilômetros rodados, nunca precisou solicitar o serviço em seus veículos. Ele atribui a cultura da limpeza de bicos à época dos carburadores, quando era comum a formação de depósitos de resíduos. “Com a melhora na qualidade do combustível, o surgimento da injeção eletrônica e a evolução dessa tecnologia, a limpeza em intervalos regulares já não é obrigatória”, explica.
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O engenheiro destaca que a adoção da injeção multiponto, no fim dos anos 1980, foi um fator determinante para a diminuição dos problemas relacionados a bicos injetores. “Os primeiros carros com injeção eletrônica tinham apenas um bico, o que gerava mais problemas de obstrução. Em 1997, quando a frota nacional passou a adotar um injetor para cada cilindro, o sistema ficou muito mais preciso”, observa.
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Outro ponto relevante foi a padronização e o aumento da qualidade do combustível nas refinarias, o que também ajudou a reduzir a formação de resíduos. Além disso, a adição de etanol à gasolina e a popularização dos veículos flex contribuíram para a limpeza do sistema. “O álcool ajuda a dissolver sujeiras que possam se acumular, e os aditivos presentes nos combustíveis também trabalham para manter os bicos e outros componentes limpos”, acrescenta.
Segundo o especialista, a limpeza dos bicos injetores só deve ser realizada quando há falhas comprovadas no funcionamento do motor, causadas por obstrução. “É preciso avaliar caso a caso. O sensor de oxigênio, conhecido como sonda lambda, pode identificar a redução na vazão em um ou mais bicos, mas o problema pode estar relacionado a outros componentes, como filtro obstruído ou falha na bomba de combustível”, esclarece.
Franieck ressalta ainda que o uso de combustível adulterado ou velho pode ser uma das causas de entupimento, mas reforça que, na maioria dos casos, a limpeza dos bicos injetores não é necessária.