Figura emblemática da ditadura militar na Amazônia, o militar da reserva, Sebastião Curió Rodrigues de Moura, popularmente conhecido como Major Curió, foi um dos fundadores e prefeito de Curionópolis, cidade do sudeste paraense que recebeu esse nome em sua homenagem. 

Major Curió morreu na madrugada desta quarta-feira (17), aos 87 anos, em hospital particular de Brasília (DF). Ele foi internado na noite da última segunda e sofreu sepse (antigamente conhecida como septicemia ou ainda infecção no sangue) e falência múltipla dos órgãos.

Formado na Academia Militar das Agulhas Negras, Curió atuou no interior paulista e paranaense. À frente do batalhão de Francisco Beltrão, colocou sua tropa, em 1957, a favor dos posseiros do município de Capitão Leônidas Marques, que travavam uma guerra sangrenta com as forças enviadas pelo governador Moysés Lupion.

Em 1980, Curió atuou como interventor em Serra Pelada, no Pará, região dominada pelo garimpo. Durante a década, o major controlou o trabalho dos garimpeiros da região, que tinham que entregar armas ao Exército e tinham a venda de ouro monitorada pelas autoridades.

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Curió foi alvo de denúncias do Ministério Público Federal (MPF), em 2019, por homicídio qualificado e ocultação de cadáver de Pedro Pereira de Souza, integrante da guerrilha do Araguaia, conhecido como Pedro Carretel.

Filho de uma lavadeira e um barbeiro de São Sebastião do Paraíso, no Sul de Minas, Curió ganhou o apelido no tempo de estudante no colégio militar e lutador de boxe amador em Fortaleza. O major também era agente do Centro de Inteligência do Exército, o antigo CIE, quando passou a atuar contra movimentos armados de oposição ao regime.

Em 1972, o general Milton Tavares, chefe do órgão, organizou um plano de infiltração no Bico do Papagaio, região do sul do Pará e norte de Goiás, hoje Tocantins. Buscava informações para uma ofensiva final contra uma guerrilha organizada pelo PCdoB, dissidência do antigo PCB.

As duas primeiras campanhas militares com tropas convencionais, entre abril e setembro de 1972, foram derrotadas pelo grupo de cerca de 100 guerrilheiros - uma parte formada por estudantes universitários e militantes das grandes cidades e outra, por moradores arregimentados.

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