O cenário ao qual o país se encontra em termos de queimadas é palco central de muitos debates, bem como de formas que possam solucionar uma problemática que com o passar dos anos tem aumentado. A crise climática que se alastra por conta dos inúmeros incêndios aos quais diversos biomas sofrem, sobretudo entre os meses de julho a outubro, tem gerado diversas consequências e uma delas é sem dúvida, a emissão de gases estufa que tendem a aumentar ainda mais a temperatura do planeta.

Entre os meses de julho a agosto deste ano, as queimadas na Amazônia resultaram em aumento de 60% de gases do efeito estufa, o que representa um quantitativo ainda maior em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo a pesquisa divulgada pelo Observatório do Clima, os incêndios no bioma emitiram mais de 31 milhões de toneladas de CO² (dióxido de carbono) equivalente na atmosfera e já se aproxima de países como a Noruega, por exemplo, onde foram emitidos 32,5 milhões  de toneladas. 

De acordo com a diretora científica do Instituto  de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) Ane Alencar, os dados não levaram em conta as queimadas ocorridas em setembro deste ano. "O pior, infelizmente, está acontecendo agora, em setembro", afirma.

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O levantamento mostra ainda que dos 2,4 milhões de hectares incendiados  no período de junho a agosto, 700 mil correspondiam a florestas, cuja queima emitiu 12,7 milhões de toneladas de CO² equivalente. A pesquisa informou ainda que mesmo após a extinção dos incêndios, as emissões seguirão por alguns anos, devido à decomposição da matéria orgânica queimada, a chamada emissão tardia e que o total estimado para a próxima década é de que de 2 a 4 milhões de toneladas sejam emitidas.

Gases estufa

Os gases estufa são aqueles que têm a capacidade de aprisionar calor do sol na atmosfera terrestre. A unidade de medida usada para as emissões chama-se CO² equivalente porque o dióxido de carbono não é o único desses gases. Outros, como o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O), têm capacidades ainda maiores de aprisionamento de calor, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Uma tonelada de metano na atmosfera, por exemplo, equivale a mais de 20 toneladas de CO², em termos de retenção de calor num período de 100 anos, ou seja, mais de 20 toneladas de CO² equivalente. No caso de uma tonelada de óxido nitroso, a equivalência chega a quase 300 toneladas de dióxido de carbono em 100 anos.

A atmosfera é constituída principalmente por nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), que respondem por mais de 99% da composição do ar, mas que não têm capacidade de retenção de calor.

Por outro lado, mesmo respondendo por menos de 0,1% da composição da atmosfera, os gases do efeito estufa são capazes, junto com o vapor d’água, de regular a temperatura terrestre, elevando-a quando sua concentração sobe ou reduzindo-a quando sua participação na composição atmosférica diminui.

Mitigação

As queimadas vão na contramão dos esforços do país em reduzir as emissões de gases estufa. Segundo a diretora do Ipam, 31 milhões de toneladas nem sequer serão contabilizados no inventário de emissões de gases estufa porque apenas os incêndios relacionados a desmatamento para transformação da cobertura do solo ou nas culturas de cana e de algodão precisam ser calculados.

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