A repercussão das eleições de 2024 alertou para uma desinformação que poderia ter mudado o cenário do primeiro turno em uma das cidades mais populosas do país. 

Uma confusão envolvendo números de partidos resultou na anulação de cerca de 48,1 mil votos no primeiro turno das Eleições 2024 em São Paulo. Eleitores que tentaram votar no Partido dos Trabalhadores (PT), digitando o número 13 nas urnas, acabaram anulando o voto, já que o partido não lançou candidato à prefeitura da capital. O PT apoiava Guilherme Boulos, candidato do PSOL, cujo número era 50. Os dados foram levantados pelo jornal O Globo, com base em informações divulgadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Boulos chegou ao segundo turno, com uma diferença de aproximadamente 25 mil votos em relação a Ricardo Nunes (MDB), o primeiro colocado. Especialistas apontam que, sem a confusão de números, o candidato do PSOL provavelmente teria terminado a disputa na liderança. A eleição de 2024 em São Paulo já é considerada a mais acirrada da história, com Pablo Marçal (PRTB) ficando muito próximo dos dois primeiros colocados.

A confusão dos eleitores pode ter sido intensificada por declarações de Pablo Marçal durante os debates realizados nos dias que antecederam a votação. O candidato do PRTB sugeriu que os eleitores "doidos para votar 13" digitassem 28, seu número de campanha, o que gerou mais desinformação. Marçal reforçou essa ideia nas redes sociais, agravando a situação.

Regiões como São Mateus e Cidade Tiradentes, na Zona Leste, e Cidade Dutra, na Zona Sul, onde Boulos tem forte apoio, foram particularmente afetadas pelos votos anulados. Em São Mateus, por exemplo, 1,3% dos eleitores votaram no número errado, e na Cidade Dutra, 1.797 votos foram anulados pelo mesmo motivo, o que pode ter impactado o resultado nas urnas locais.

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Impacto em redutos eleitorais de Boulos

Os erros foram mais evidentes em áreas da periferia onde Boulos teve maior vantagem sobre seus adversários. No Jardim Helena e na Cidade Tiradentes, ambas na Zona Leste, Boulos liderou, mas os votos anulados sugerem que ele poderia ter ampliado a diferença se a confusão não tivesse ocorrido.

Na Cidade Dutra, uma área historicamente alinhada à esquerda, aproximadamente 1.800 votos foram anulados devido ao equívoco com o número 13. Esse volume poderia ter alterado o resultado no bairro, favorecendo o candidato do PSOL e colocando-o à frente de Ricardo Nunes.

A equipe de campanha de Guilherme Boulos responsabilizou as fake news propagadas por Pablo Marçal pela confusão nas urnas. "Guilherme Boulos foi vítima de inúmeras mentiras e fake news durante o processo eleitoral. A confusão de números provocada por Pablo Marçal durante os debates é apenas mais uma delas. Apesar disso, estamos no segundo turno e vamos vencer a eleição", disse a campanha em nota enviada ao jornal O Globo.

Eleitores bolsonaristas também cometem erros nas urnas

A confusão com números não afetou apenas os eleitores de Boulos. Segundo o levantamento, cerca de 18 mil eleitores bolsonaristas também erraram ao digitar 22, número do PL, que não lançou candidato próprio à prefeitura, mas integrava a chapa de Ricardo Nunes como vice. Embora em menor escala, esses votos também foram anulados.

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