A cidade de Parelhas, no Rio Grande do Norte, não tem um hospital, mas conseguiu realizar seu primeiro mutirão de cirurgias no final de setembro desse ano. Contudo, os procedimentos cirúrgicos, que deveriam ser motivo de celebração entre seus pacientes idosos, se transformaram em um verdadeiro terror.

O motivo reside em uma infecção rara que acometeu, pelo menos, 15 pacientes idosos que participaram do primeiro mutirão de cirurgias. A infecção rara é resultado da bactéria Enterobacter cloacae, que vive no intestino humano. Do total de pacientes infectados, oito precisaram retirar o olho para evitar complicações.

O mutirão e os olhos infectados

As cirurgias do primeiro mutirão na cidade de Parelhas aconteceram entre os dias 28 e 29 de setembro, em uma maternidade do município. Todos os pacientes infectados fizeram o procedimento no dia 28.

Em casos anteriores de cirurgias e mutirões desse tipo, os pacientes eram levados a cidades vizinhas que possuem hospital e estrutura adequada.

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Dessa vez, porém, a prefeitura decidiu realizar o procedimento no próprio município, em um contrato com a maternidade Dr. Graciliano Lordão, de Parelhas e a empresa Oculare Oftalmologia Avançada Ltda., de Pernambuco.

O contrato foi estipulado em R$ 59 mil para 48 cirurgias, sendo 20 vagas no primeiro dia e 28 vagas no segundo dia. O valor do contrato ainda não foi pago pela prefeitura, que afirmou que só discutirá o pagamento após o fim das investigações.

Os pacientes estão sendo atendidos no Hospital Onofre Lopes, em Natal. Alguns continuam internados após a remoção do globo ocular.

Questão eleitoral

A data dos procedimentos criou um outro problema para a prefeitura: a proximidade das eleições municipais. O atual prefeito, Tiago Almeida (PSDB) disputava a reeleição, e foi eleito em turno único. 

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A chapa opositora alegou abuso de poder político e entrou com ação contra a eleição do prefeito por conta do mutirão da prefeitura realizado às vésperas da eleição municipal.

A prefeitura, por sua vez, afirmou que os procedimentos visavam apenas reduzir a fila de cirurgias e que os procedimentos não poderiam ser paralisados por conta das eleições.

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