A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância indiciou, nesta quarta (20), dois professores, um brasileiro e uma argentina, por suspeita de crime de racismo. Eles foram flagrados, em julho, em uma atitude considerada racista durante uma roda de samba na região central do Rio de Janeiro.
Na ocasião, a dupla foi filmada imitando macacos. A roda de samba faz parte do circuito oficial de eventos do tipo do Rio e é produzida e frequentada, majoritariamente, por pessoas pretas.
Veja também:
- Projeto prevê cota de 30% para negros em concursos públicos
- Dez atitudes e expressões racistas para excluir do cotidiano
- Consciência Negra é feriado nacional; entenda a importância da data
Segundo relatório da polícia, em sua defesa, Thiago Martins Maranhão e Carolina de Palma afirmaram que os gestos realizados durante a dança não tiveram conotação racista.
Ambos afirmaram que imitaram diversos animais, como caranguejos, pássaros, elefantes, além de representarem uma árvore, durante a atividade que chamaram de dança criativa.
VEJA O VÍDEO:
INVESTIGAÇÕES
As investigações tiveram início após a denúncia. A polícia analisou imagens do ocorrido, ouviu testemunhas e interrogou os suspeitos. O inquérito, que será encaminhado à Promotoria, conclui que os atos são de natureza grave.
"O ato praticado associou negativamente indivíduos ou grupos, especialmente em relação à população negra, uma vez que esse comportamento é carregado de uma história de racismo. A comparação entre pessoas negras e macacos foi amplamente utilizada para desumanizá-las e discriminá-las ao longo da história", diz trecho do relatório.
No centro do Rio, a praça Tiradentes, Pedra do Sal e a Casa do Nando, na zona portuária, se tornaram espaços de rodas de samba organizadas para promover o protagonismo negro. Antigos frequentadores, contudo, têm reclamado da mudança do perfil do público, que não têm respeitado esses locais.
Quer mais notícias do Brasil? Acesse nosso canal no WhatsApp
Em nota publicada no perfil nas redes sociais, o Fladem (Foro Latino-Americano de Educação Musical) disse, em julho, que os suspeitos não são associadas ao Foro.
"Este vídeo foi gravado já quando todo o seminário havia terminado e não teve a ver com nenhuma das atividades acadêmicas, pedagógicas ou culturais que foram desenvolvidas durante nosso evento. É importante dizer que atos individuais realizados dentro e fora dos espaços do Fladem são respondidos de forma particular dentro das esferas competentes. Com isto, queremos explicitar que repudiamos categoricamente este tipo de ação", afirmou.