Albert Einstein foi uma das mentes mais brilhantes da ciência, e o seu legado inclui a explicação do efeito fotoelétrico, a formulação da teoria da relatividade espacial geral e restrita, além de grandes contribuições para a Física Estatística, por meio de sua explicação para o movimento browniano.

Einstein expressou alguns de seus pensamentos mais íntimos em diários de viagem. Em suas páginas, o homem que revolucionou a Física não tinha filtros. Ele não pretendia que as anotações fossem publicadas, mas foram — e isso nos permite conhecer suas impressões sobre países que visitou.

"Algo que é realmente interessante é que seus diários revelam uma clara discrepância entre suas declarações públicas, que eram progressistas e humanitárias, convidando à tolerância, e algumas passagens das suas anotações privadas, nas quais expressava preconceitos e estereótipos em relação às pessoas que conheceu."

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Esse alerta nos foi feito pelo historiador Ze'ev Rosenkranz, no lançamento de Os Diários de Viagem de Albert Einstein: Extremo Oriente, Palestina e Espanha, 1922 - 1923, livro do qual foi editor.

Brasil, ambivalência

Einstein passou pouco mais de uma semana no Brasil, e ficou maravilhado com a paisagem da vegetação.

O Corcovado e o Pão de Açúcar estavam entre os pontos turísticos do Rio de Janeiro que o cativaram.

"Ele também ficou encantado com o que chama de 'mistura racial', a diversidade étnica", explica Rosenkranz.

Assim como aconteceu na Argentina e no Uruguai, houve figuras que o impressionaram muito, como o médico Antônio da Silva Mello e o psiquiatra Juliano Moreira. 

Em uma parte do diário, o físico escreveu: "Aqui sou uma espécie de elefante branco para os demais, eles são macacos para mim".

A impressão de Einstein sobre o Brasil e sua população envolve suas próprias complexidades.

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Rosenkranz afirma no livro que essa percepção "se aproxima muito de uma desumanização dos brasileiros". Esta tendência se reflete não só na sua visão dos moradores locais como "macacos", mas na referência que faz a eles como "fofinhos".

"Einstein acreditava no que é chamado de determinismo geográfico. Ele achava que um clima mais quente ou mais úmido prejudicava as faculdades cognitivas da população local."

Ele já havia expressado essa ideia em um diário anterior, quando fez uma escala no Ceilão (atual Sri Lanka), e indicou que os trópicos suavizam a população.

"Ele não consegue imaginar que as pessoas tenham as mesmas habilidades cognitivas se tiverem que lidar com o calor e a umidade, o que, obviamente, demonstra sua atitude de superioridade."

Ao usar o termo "fofinhos", o historiador sugere que, embora possa ser uma manifestação de afeto, também pode denotar um sentimento de superioridade.

"E 'macacos' é um termo meio difícil em alemão porque também pode significar apenas tolos. Mas é claro que, no contexto linguístico, estritamente falando, é uma desumanização, porque estamos comparando pessoas a macacos e, claro, há um histórico de chamar pessoas de macacos que não é positivo."

O pesquisador conta que, nas entrevistas que concedeu quando seu livro foi lançado no Brasil, percebeu que seus interlocutores ficaram ofendidos. "E acho que eles têm razão de ficar (ofendidos) com essas expressões de paternalismo."

Confira um pouco mais sobre o Diário de Viagem de Albert Einstein:

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