Casos de lavagem de dinheiro envolvem esquemas complexos para ocultar a origem criminosa dos recursos. O sistema financeiro brasileiro tem sido alvo de investigações que revelam conexões entre diferentes tipos de crime.

Daniel Vorcaro, acusado de fraude de R$ 12 bilhões no Banco Master, transferiu um apartamento avaliado em R$ 4,3 milhões para a influenciadora Karolina Trainotti. A transação ocorreu em dezembro de 2024, quando a jovem já respondia na Justiça por lavagem de dinheiro.

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O imóvel localiza-se na região da Faria Lima, próximo à antiga sede da instituição financeira e ao shopping JK Iguatemi. A propriedade conta com 113 metros quadrados de área privativa e 231 metros quadrados de área útil, além de três vagas de garagem com serviço de manobrista.

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A Viking Participações, empresa de Vorcaro, comprou o apartamento em 2020. Posteriormente, o bem foi transferido para a Super Empreendimentos e Participações, sociedade anônima fechada que mantém os sócios em sigilo.

Essa mesma empresa controla outros imóveis de alto valor, incluindo uma residência de R$ 36 milhões em Brasília e um apartamento de R$ 50 milhões em São Paulo, onde Vorcaro reside. Um cunhado do banqueiro dirigiu a Super por quatro anos.

Acusações de lavagem de dinheiro para o tráfico

O Ministério Público Federal denunciou Karolina Trainotti em 2023 por lavar recursos financeiros para Rowles Magalhães, acusado de tráfico internacional de drogas.

A investigação aponta que ela foi "destinatária dos recursos de origem criminosa".

Em depoimento, a influenciadora admitiu ter recebido dinheiro de Magalhães por ser sua "sugar baby", ou seja, mantinha relacionamento em troca de benefícios financeiros. Ela possui 34 mil seguidores no Instagram, onde exibe viagens de luxo pelo Brasil e exterior.

Esquema do dólar-cabo facilitou transferências

Segundo a denúncia, cerca de metade dos valores recebidos pela influenciadora passou pelo esquema conhecido como "dólar-cabo". O mecanismo envolve doleiros e contas em diferentes países para dificultar o rastreamento dos recursos.

Primeiro, Magalhães transferia euros obtidos com o tráfico de cocaína na Europa para contas ligadas a doleiros. Em seguida, esses intermediários convertiam os valores para reais e os repassavam para a conta de Karolina no Brasil.

Um doleiro revelou em depoimento que o traficante solicitava a conversão de dólares do tráfico em reais. "O Rowles chegava pra mim e falava eu tenho 50 mil dólares e eu quero receber em reais", relatou a testemunha.

Defesa compartilhada levanta questionamentos

O advogado Eugênio Pacelli representa tanto Karolina quanto Vorcaro em processos judiciais desde abril de 2023. Essa coincidência na defesa legal pode indicar conexões mais profundas entre os casos.

Para o Ministério Público, o uso de doleiros demonstra "intenção de ocultação da origem, localização, disposição, movimentação e propriedade de valores oriundos do tráfico internacional de drogas". O objetivo seria impedir o rastreamento da origem criminosa dos recursos.

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