A Arquidiocese de São Paulo determinou que o padre Júlio Lancelotti interrompa a transmissão ao vivo de missas e se afaste temporariamente das redes sociais. A orientação foi comunicada ao religioso neste domingo (14). As celebrações continuarão sendo realizadas de forma presencial na Paróquia São Miguel Arcanjo, no bairro do Belenzinho, na zona leste da capital paulista.
Diante da situação, o padre decidiu se manifestar publicamente. “Reafirmo minha pertença e obediência à Arquidiocese de São Paulo”, afirmou. Coordenador da Pastoral do Povo da Rua, o padre negou que será transferido da paróquia onde atua desde 1986 e onde iniciou, há quase quatro décadas, o trabalho pastoral voltado à população em situação de rua, adolescentes em conflito com a lei e crianças com HIV.
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A suspensão das transmissões foi anunciada pelo próprio religioso durante a missa de domingo. “Agradeço a todos que ajudaram na transmissão dessa missa desde a pandemia. Hoje é a última vez que a missa está sendo transmitida. Até que haja ordem em contrário, a partir do domingo que vem, a missa será só presencial. Não terá mais transmissão”, declarou. “Assim como teve a primeira vez em que ela foi transmitida, hoje, no terceiro domingo do advento, está sendo a última vez”, completou.
Conhecido nacionalmente, Júlio Lancelotti nasceu no bairro do Brás, em São Paulo, e atua há mais de 40 anos junto à população em situação de rua. Desde 1986, ele é responsável pela Paróquia São Miguel Arcanjo, na Mooca, onde desenvolve ações pastorais voltadas a grupos vulneráveis.
Com forte ligação com movimentos sociais, Lancelotti já entrou com ação judicial contra a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), em 2023, em razão da remoção de barracas de pessoas em situação de rua. O padre também se tornou alvo frequente de críticas de políticos de direita e chegou a ser citado na possibilidade de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara Municipal, para apurar a atuação de ONGs na região da Cracolândia, no centro da cidade.
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Rotulado por adversários como “padre esquerdista”, o religioso já foi alvo de diversos ataques nas redes sociais e de iniciativas políticas contra a atuação dele. Em meio a uma dessas ondas de críticas, ele chegou a receber uma ligação de apoio do papa Francisco, que morreu em abril deste ano. Na ocasião, o pontífice recomendou que o padre não desanimasse do trabalho em favor dos pobres, apesar das dificuldades enfrentadas.
Entre os políticos mais próximos de Lancelotti está Guilherme Boulos, secretário-geral da Presidência da República no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
