Simboliza a minha fé, é uma arte que tem o meu toque”. Foi com essas palavras que o jovem Carlos Henrique, de 15 anos, se referiu à sua criação artística, um dos 200 barquinhos de miriti que faz agora parte da exposição “Canoas de Promesseiros”, aberta ontem, 02, pelo Tribunal de Contas do Estado do Pará (TCE-PA).

“É um sentimento único porque me dediquei a todo o processo de criação, desde o pensar das cores até o formato da pintura. Mas principalmente por saber que um trabalho meu está sendo exibido durante a quadra Nazarena. E, para mim, que já acompanho há anos as procissões, se torna gratificante. É o meu momento de mostrar a minha fé à nossa Senhora de Nazaré”, afirmou Carlos Henrique, estudante do Centro de Atendimento Educacional Especializado (CAEE).

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Com movimentos suítes e cheios de cores, os barquinhos, que ‘dão vida’ ao lago que fica na sede central do Tribunal, localizada na travessa Quintino Bocaiuva, no centro de Belém, recriam a Romaria Fluvial, uma das mais belas procissões do Círio de Nazaré, mas também a fé dos ribeirinhos nas águas da Baía do Guajará, representando a realidade paraense, onde os rios são o principal meio de transporte na Amazônia.

“A [expsoição] Canoas de Promesseiros já é uma tradição do Tribunal de Contas do Estado há 17 anos. E todos os anos fazemos essa mostra com o intuito de homenagear a nossa padroeira e ao povo paraense. É o momento onde muitos têm a chance de relembrar e sentir a devoção mariana”, destacou Rosa Egídia Crispino Lopes, presidente do TCE-PA.

Legado

Ao longo dos anos, a exposição conquistou o público que visita o entorno da sede do TCE-PA e foi incluída no calendário oficial do Círio de Nazaré. Nesta edição a exposição tem como tema ‘Colorindo o Futuro com Fé e Esperança’, que visa sensibilizar a população sobre a causa das pessoas com deficiência e promover sua inclusão social por meio da fé em Deus e da intercessão de Nossa Senhora de Nazaré.

E, como manda a tradição, o sentimento de nostalgia e devoção tomou conta das inúmeras pessoas que optaram por participar do momento de inauguração. Entre os muitos que estavam presentes, a família de Arthur Tavares ressaltou a importância desse momento para criar e relembrar memórias afetivas do Círio.

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“Sempre achei muito bonito como as cores se misturam com a água e passam uma sensação de leveza, algo só visto durante o Círio de Nossa Senhora. É o momento marcante que acompanha o mês de outubro. Aqui eu me lembro de quando meus pais me traziam para ver os barquinhos, tocar neles, e hoje eu trago o meu para ter a mesma experiência”, disse Arthur Tavares, engenheiro.

Inclusão

Desde 2023, o TCE-PA tem como proposta incluir socialmente pessoas com deficiência, por meio de oficinas de pintura, ampliando o impacto da ação para além do aspecto cultural, promovendo também a inclusão. Entre as peças confeccionadas para a exposição deste ano, 25 barquinhos foram coloridos por crianças e adolescentes alunos do CAEE.

“Mais uma vez tivemos a chance de participar desse momento. E, neste ano, recebemos oficinas de pinturas, algo que marcou a vida de muitos, pois esse momento é extremamente inclusivo, pois muitas das vezes nossos alunos são excluídos de alguns processos sociais. Então, essa é a oportunidade para que as pessoas entendam que a sociedade precisa ser aberta para todas as crianças, incluindo as nossas com deficiência”, explicou Liliane Cassiano, diretora do CAEE.

Algo que o estudante do centro, Pedro Henrique Soares, faz questão de destacar. “O processo foi divertido. Superou minha expectativa. E o sentimento que veio ao ver o meu barco aqui, principalmente ao lado de Nossa Senhora, é gratificante, indescritível. Fora a fé, que amplia muito. Eu me sinto realizado ao expor uma coisa que eu fiz com minhas próprias mãos, e agora está aqui, flutuando nesse lindo e vasto lago, azul, carregado de felicidade, esperança e fé”, contou.

TCE abre exposição de barcos de miriti
📷 |(Antônio Melo/Diário do Pará)

Valorização

Para reforçar a valorização do artesanato regional ao utilizar a fibra do miritizeiro, material emblemático durante a Festividade de Nazaré, os 200 barquinhos de miriti, forma confeccionados por artesãos de Abaetetuba e pintados por crianças e adolescentes em oficinas de pintura organizadas pelo TCE-PA.

“Estou mais um ano participando desse momento. Tendo a oportunidade de trazer o meu trabalho de Abaetetuba e mostrar para esse lado de Belém. É um formato para a economia local do meu município, de tantos outros trabalhadores como eu. E tudo isso só se identifica quando trabalhamos para algo relacionado a Nossa Senhora de Nazaré, ao Círio de Nazaré”, concluiu Manoel Miranda, artesão da Aapam.

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