A noite de ontem foi marcada por momentos de celebrações na Basílica Santuário de Nazaré, no qual o espaço foi tomado pela Guarda de Nazaré, que recebeu a tradicional Missa de Envio, um momento especial de bênção e preparação espiritual, que também marca o início às celebrações do Círio de Nazaré 2024.
“É o momento em que recebemos a bênção do presidente da Guarda, o padre Assis, para podermos fazer um bom trabalho durante o Círio. E isso é muito importante porque é uma bênção para que todos possam desenvolver bem as suas atribuições. Algo essencial para o nosso compromisso com a fé, com a devoção e tudo o que alcança”, afirmou Oscar Pimenta Filho, coordenador-geral da Guarda de Nazaré.
Neste ano, a Guarda completa 50 anos no dia 8 de novembro. E em comemoração, durante a programação de ontem, foi apresentado o novo brasão e o uniforme especial que os guardas utilizarão durante as festividades deste ano, recebido por fortes aplausos dos presentes na Basílica e com o canto de “Vós Sois o Lírio Mimoso”, por Lucinnha Bastos.
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DETALHES
Produzido nas cores branco e dourado, o brasão foi desenvolvido para representar a tradição e a devoção da Guarda, trazendo elementos que remetem ao compromisso e à fé que têm guiado a instituição ao longo de meio século. Já o novo uniforme, inspirado na história da Guarda, será um símbolo da renovação e do fortalecimento da missão que eles carregam a cada Círio.
“A nossa criação foi pensada para apresentar toda a história da Guarda em sua simplicidade, mas toda a sua riqueza. Por isso, usamos cores clássicas, que representam a pureza e o avanço. A ideia é proporcionar um relembre dos primeiros uniformes da Guarda, inspirados no manto de Nossa Senhora”, explicou o guarda Emanuel Ferreira, um dos criadores do uniforme e brasão da Guarda, deste ano.
Mas, para chegar à conclusão, Emanuel Ferreira contou que, junto ao guarda Arthur Maciel, buscou inspirações até mesmo em locais turbulentos e durante momentos de perda, no qual os sentimentos de fé e prosperidade prevaleceram. “Esse uniforme foi criado em um leito de hospital, meu pai estava doente e eu acompanhei ele. Infelizmente, ele não resistiu, mas me deu forças e inspiração para criar esse desenho. E um ambiente que poderia vir a me causar dor, se tornou um lugar de muita oração silenciosa. E hoje, está presente neste lançamento, é uma sensação de trabalho e dever cumprido”, revelou.
PROTEÇÃO
Fundada em 1974, a Guarda de Nazaré exerce a função de proteger a Corda e a Berlinda com a Imagem Peregrina durante as Procissões do Círio de Nazaré, um movimento que atua no Santuário de Nazaré e em outras igrejas, paróquias e comunidades do Pará.
“Estamos falando aí de 50 anos de uma instituição que é 100% voluntária, onde a gente se encontra desde o estivador até o advogado. E todos temos uma responsabilidade em comum: proteger tudo o que abrange a Nossa Senhora de Nazaré, a Igreja. Isso reforça que a nossa atuação não está presente apenas no Círio, a Guarda tem trabalho todos os dias, durante as missas na Basílica, nas comunidades”, disse Oscar Pimenta Filho.
São 2.700 voluntários de várias profissões, dentre veteranos com experiência a novatos que reforçam mais uma geração. Integrante da Guarda há 45 anos, Walmir Moreira faz questão de demonstrar seu orgulho e felicidade.
“Me sinto orgulhoso de ser Guarda de Nazaré. Eu já tinha, logo que foi fundada, a vontade de ser guarda. O sentimento é bom, e a Guarda melhorou muito. Éramos poucos na época e, agora, a quantidade passou de 2 mil. Tanto que, em junho, entraram 450 guardas. Isso nos fortaleceu mais. Fazer parte desses 50 anos é muito valioso para mim. Graças a Deus, estou aqui até hoje”, contou.
E como manda a tradição, há também quem participa pela primeira vez. Bruno Carvalho, formado na última turma, no mês de julho deste ano, é o mais novo ingresso na Guarda de Nazaré, e esclareceu que a ‘identidade de devoto’ que ele carrega agora foi a partir de um chamado divino. “Lutei muito contra a minha fé, recusei durante anos esse chamado. Mas, dessa vez, eu não consegui dizer ‘não’. E estar aqui agora representa o meu pertencimento, é um lugar no qual eu renovo a minha fé, o meu espírito. É onde consigo participar de forma ativa, a levar a devoção de Nossa Senhora de Nazaré para frente. Hoje eu me sinto um melhor pai, amigo, marido”, expõe.