Neste final de semana, Belém será palco das últimas atividades oficiais do Círio de Nazaré, encerrando o calendário religioso de 2024. Entre elas, a Romaria dos Corredores e a Romaria da Acessibilidade se destacam como símbolos de inclusão e renovação. Além delas, ocorrerá a Procissão da Festa, a terceira mais antiga romaria do Círio de Nazaré e a penúltima procissão da quadra nazarena. As três ocorrem no sábado (26), em horários alternados.
De acordo com Antônio Sousa, diretor de procissões da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN), essas romarias, que fazem parte de um conjunto de 14 procissões oficiais, foram pensadas para englobar todos os perfis de devotos de Nossa Senhora. “Todas as romarias tiveram um crescimento muito grande. Elas foram muito representadas neste final de semana, ainda, com a Ciclo Romaria, Romaria da Juventude e das Crianças, anualmente percebemos isso. As Romarias estão chegando ao fim e é um momento de saudade que vai chegando”, diz.
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A Romaria dos Corredores abre a programação do dia, com saída prevista para às 5h30 da manhã, partindo da Praça Santuário. Criada em 2014, essa procissão é uma homenagem dos corredores de rua de Belém à Nossa Senhora de Nazaré, oferecendo um percurso de 7 quilômetros que passa pelas avenidas Generalíssimo Deodoro, Conselheiro Furtado, travessa Padre Eutíquio, rua João Diogo, travessas Coronel Fortunato, Dom Pedro, Padre Champagnat, avenidas Portugal, Tamandaré e Gama Abreu, retornando pela avenida Nazaré até o ponto de partida; e tem duração de quase duas horas. A expectativa é reunir 4 mil participantes.
O diretor de procissões explica que a romaria tem uma velocidade reduzida para que todos possam acompanhar em uma corrida leve e sem caráter competitivo. “Ela foi criada porque, quando houve a Corrida do Círio, algumas pessoas gostariam de fazer suas homenagens sem competitividade. Ela é sem critério, aberta a qualquer idade”, pontua.
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Logo em seguida, às 8h, ocorre a 12ª procissão do Círio, a Romaria da Acessibilidade, lançada em 2023. Idealizada para acolher pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, o trajeto escolhido priorizou ruas arborizadas, partindo também da Praça Santuário, passando pela avenida Generalíssimo Deodoro, percorrendo a Braz de Aguiar, travessa Quintino Bocaiuva, avenida Nazaré, finalizando na Praça Santuário, com percurso de 1,45 km e duração de cerca de uma hora.
O trajeto é pensado para ser mais curto e sem fogos, com som controlado para garantir a participação tranquila de cerca de 3 mil fiéis. “Criamos essa romaria para atender aqueles que, devido a limitações, têm dificuldade em participar das procissões maiores. Com apoio de intérpretes de libras, voluntários e toda a infraestrutura necessária, oferecemos a oportunidade de uma participação segura e acessível”, destacou Antônio.
Encerrando as romarias do sábado, às 17h, ocorrerá a Procissão da Festa, que tradicionalmente homenageia todos os trabalhadores, instituições e voluntários que contribuíram para a realização do Círio. Esta é a terceira mais antiga procissão da festividade, com mais de 110 anos de história. A expectativa da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) é de que cerca de 3 mil pessoas participem da caminhada, que será precedida por uma missa às 16h, celebrada pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém, Dom Paulo Andreolli.
Às 17h, a procissão parte da Comunidade Sagrada Família, localizada na rua Domingos Marreiros, com previsão de 2h de duração, segue por um percurso de 2,3 km até a Praça Santuário, passando pelas travessas 9 de janeiro e Antônio Barreto, e as avenidas Generalíssimo Deodoro e Nazaré.
Entre os participantes está Gisele Costa, 52 anos, advogada e mãe de Giuliana Fernandes, de 18. Conhecida como Gigi, Giuliana tem paralisia cerebral e microcefalia, e é uma das embaixadoras da Romaria da Acessibilidade. “Todas as Romarias são maravilhosas”, declara Gisele; no entanto, algumas delas, como a Romaria das Crianças, as Procissões de Trasladação e o próprio Círio, por exemplo, possuem percursos extensos. Para ela, a Romaria deste sábado representa não apenas um evento religioso, mas um avanço social que preza pelo respeito e equidade, promovido através da fé.
“Ano passado foi um marco. A Romaria veio como uma resposta para muitas famílias. As outras romarias são longas e cansativas para pessoas com deficiência, mas essa, com um percurso mais curto e pensado para todos, trouxe um alívio e um sentimento de pertencimento. Ela vai muito mais além de um compromisso religioso, é um compromisso de inclusão social”, ressalta Gisele.
Ansiosa por mais esta edição, a advogada relembra o espírito da festividade, em que Gigi aproveitava os cânticos com alegria. “É um momento de muita fé e ela gosta muito das músicas. Então, ficamos ao lado do carro som para que ela prestasse bastante atenção. Ela não ia cantando, mas ia sorrindo, sentindo a presença de um espírito de amor, de Nossa Senhora, sem dúvida, que é isso que a gente pretende”, compartilha.
Leide Mara Sousa, 43, mãe de Marcelo Neto, de 23 anos, também participa pela segunda vez. “É um momento de celebração da vida e da fé, onde finalmente podemos participar de forma plena”, afirmou.
Marcelo Neto é um jovem de 23 anos com síndrome de Down, que também é um dos embaixadores da Romaria, estarão em mais esta edição. Para ela, a Romaria da Acessibilidade não carrega apenas o significado de peregrinação religiosa, a considera como uma “festa” importante para a cidade, onde celebra a vida e a fé.
“No ano passado, participar foi emocionante para nós. Antes, acompanhar o Círio era muito complicado, por causa das grandes multidões e do percurso extenso. Quando soubemos dessa procissão, sentimos que, finalmente, havia um espaço pensado para pessoas com certas limitações. Foi a realização de um sonho para ele, que sempre quis participar de uma romaria do início ao fim”, comenta. “É meu sonho participar do Círio todo. Inclusive, esse ano, na Romaria vou fazer um pedido e, se Nossa Senhora permitir, vou pagar a promessa ano que vem”, conta Marcelo, que pretende fazer um pedido em lembrança do pai, que faleceu durante a pandemia de Covid-19.
ENCERRAMENTO
O encerramento da 232ª edição do Círio de Nazaré acontecerá neste domingo, dia 27 de outubro, com uma missa celebrada por Dom Antônio de Assis Ribeiro, Bispo Auxiliar de Belém, na Basílica Santuário, às 18h, seguida de apresentação da Banda Sinfônica dos Bombeiros, na Concha Acústica, a partir das 19h, de um vídeo mapping na fachada da Basílica e anúncio do tema do Círio 2025, além dos tradicionais fogos, a partir das 21h45. No total foram 15 dias de devoção e expressão de fé à Nossa Senhora de Nazaré.