Chegou a hora de dizer adeus ao Círio de Nazaré 2024. O momento reuniu muitos devotos que acompanharam de perto a 232ª despedida, na noite de ontem, 27. A celebração começou com missa presidida por Dom Antônio de Assis Ribeiro, bispo auxiliar de Belém, na Basílica Santuário, às 18h. A aposentada Maria Assunção faz questão de se despedir do Círio com cânticos e orações.
“Mas o amor por Nossa Senhora fica enraizado no meu coração. Faço questão de vir aqui, orar em nome do meu amor maior. Agradecer por todo o cuidado que ela tem por mim e pela minha família. É uma gratidão imensa fazer parte desse momento, de dizer: até breve nazinha. Cuide de mim no próximo ano, assim como cuidou nesse ano”, compartilhou.
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Logo depois, o público acompanhou uma apresentação da Banda Sinfônica dos Bombeiros, na Concha Acústica, seguida de um vídeo mapping, parte do projeto “Cores, Sons e Sensações”, na fachada da Basílica. “É uma experiência única, que embeleza a Basílica e nos fazer querer ficar admirando por horas essa arte tecnológica”, afirmou Jessica dos Reis, autônoma.
Um dos momentos mais aguardados da noite foi o espetáculo de fogos, que durou cerca de cinco minutos e coloriu o céu, com 260 efeitos diferentes e 1 mil acionamentos dos efeitos.
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Entre os devotos espalhados pelos espaços estava o médico Bruno Salgado, junto de seus pais, Rute Salgado e Antonio Paulo Camarão. “É a primeira vez que estou tendo a oportunidade de me despedir do Círio de Nazaré, e o sentimento é o mesmo de acompanhar as programações que antecedem esse momento”, contou.
A funcionária pública Rute Salgado se despede do Círio de 2024 carregada de saudades e já pensa em reunir a família em 2025.
“Já estou com saudades. Durante todos os quinze dias do Círio eu renovei a minha fé, pedi bênçãos e agradeci por elas também. E o Círio é isso. É o momento em que todos têm de demonstrar todo amor e devoção a Nossa Senhora. Agora é olhar para frente e planejar as diversas formas de homenagear Nossa Senhora de Nazaré”, disse.
Outro momento mais aguardado foi a apresentação do tema do Círio 2025: “Maria, Mãe e Rainha de toda a Criação”, para combinar com a realização da COP30, em novembro de 2025.
No próximo ano, o administrador Antônio Sousa, 63, e a psicóloga Rosa Sousa, 61, serão os próximos diretores da festa do Círio de Nazaré. Casados há 39 anos e há 20 na Diretoria da Festa, os dois compartilham a emoção de estar à frente da festa religiosa.
“O coração está super acelerado. Por 20 anos eu tive diversas funções, mas, pela primeira vez, estou na coordenação da diretoria. É um processo árduo e trabalhoso, mas muito gratificante. Temos a graça de Deus e é ele quem vai nos ajudar nesse processo. Mas também conto com o apoio de todos os outros diretores, guardas, jornalistas. A expectativa é fazer um trabalho lindo”, contou Antônio Sousa.
Após três, Antônio Salame se despediu de sua função de diretor da festividade. “É uma alegria muito grande. Podemos dizer que Deus nos ajudou, esteve presente conosco. Fica aqui o nosso voto de dever cumprido e a gratidão a Deus e a todas as pessoas que nos ajudaram a realizar”, disse. “Superamos a expectativa de público e testemunhamos muitas manifestações de fé. Com a realização de todas as procissões dentro do cronograma e sem incidentes graves, consideramos que cumprimos nossos objetivos”.
PROCISSÃO DA FESTA
Algumas ruas da capital paraense, no sábado, 26, foram tomadas por fiéis de Nossa Senhora de Nazaré durante a Procissão da Festa, penúltima e uma das mais antigas romarias da festividade nazarena. “Sou devota e não abro mão de acompanhar esse momento tão marcante, tão significativo não só para mim, mas para todos que estão aqui”, disse Clarisse Matos, universitária.
Uma missa celebrada na Comunidade Sagrada Família, por Dom Paulo Andreolli, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belém, antecedeu o trajeto. Embora a data exata da primeira Procissão da Festa não seja conhecida, registros históricos indicam que ela já era realizada em 1881.
“Aqui onde as instituições, órgãos de segurança, voluntários e trabalhadores que, de alguma forma, contribuíram para a realização do Círio deste ano, têm a chance de pagar as suas promessas e prestar suas homenagens a Nossa Senhora”, explicou Antônio Sousa, diretor de procissões.
Momento que Nilceli Melo faz questão de aproveitar. Há treze anos acompanhando a Procissão da Festa, a administradora aproveita o momento para agradecer. Dessa vez, junto de sua sogra, não foi diferente. “Faço isso há anos, sempre agradecendo pelas graças, pelo carinho, pela minha família. Hoje eu não trabalho então eu vim, novamente, e a minha sogra resolveu me acompanhar para reafirmarmos a nossa devoção, todo o nosso amor por Nossa Senhora”.
Junto da nora, a aposentada Maria de Jesus acompanhou a procissão. “É uma tradição de família em agradecimento pelas nossas vidas, mas também pelo amor que temos a Nossa Senhora”.
A décima terceira romaria atraiu cerca de três mil devotos, que seguiram a berlinda com a imagem peregrina pela Domingos Marreiros, 9 de Janeiro, Antônio Barreto, Generalíssimo Deodoro e Nazaré, até a Praça Santuário. “É ela quem me protege e me guarda de todo mal. Eu sinto o amor dela e eu tenho certeza que ela sente o meu”, afirmou Bianca Ferreira, biomédica.
No percurso, moradores se juntaram para também orar e agradecer pelas bênçãos. Uma delas foi a recepcionista Adriele Silva. “É uma oportunidade única ver a imagem de Nossa Senhora de tão pertinho e eu me considero muito privilegiada por ela estar passando hoje na minha rua. Eu não estou acompanhando a procissão, mas a energia transborda, é indescritível, uma oportunidade única para agradecer por tudo”.
Próximo das 18h30, a Procissão da Festa fez uma parada na frente do Hospital Beneficente Portuguesa, na Generalíssimo Deodoro, no bairro do Umarizal, onde os devotos rezaram a Ave Maria na intenção das pessoas internadas na casa de saúde.
Devotos distribuíram água e fitinhas no trajeto. É o caso da dentista Amanda Santiago, que reuniu o seu grupo, intitulado “Aos Passos de Maria”, para distribuir água na procissão.
“A gente realiza essa atividade desde 2019, uma tradição iniciada pelo meu sogro. Hoje a gente segue pelas ruas buscando ajudar os devotos e aproveitando para expressar o amor que temos por essa quinzena tão maravilhosa. A fita é a forma deles lembrarem que participaram desse momento e a água, um incentivo para que todos continuem no percurso”.