A rotina corrida e falta de possibilidades impede, muitas vezes, que as pessoas consumam alimentos preparados na hora, o que leva à preparação de grandes porções para comer nos horários livres e facilitar o dia a dia. 

No entanto, nem todos os alimentos e modos de preparo podem ser requentados, e consumir algumas preparações mal armazenadas pode oferecer riscos à saúde, segundo Gisele Pontaroli Raymundo, nutricionista e professora de nutrição da PUC-PR.

Dependendo da maneira de preparo e armazenamento, os alimentos podem se tornar mais suscetíveis à proliferação de micro-organismos causadores de intoxicação alimentar. Este problema é bastante comum e provoca diversos sintomas desagradáveis, como diarreia, cólicas, gases e vômitos. Em casos extremos, pode até matar.

De forma geral, os alimentos não podem ficar sem refrigeração adequada. Outro ponto é a diminuição do valor nutricional, que se perde quando o alimento é aquecido por muitas vezes

Gisele Pontaroli Raymundo, Nutricionista

O que não pode requentar?

Alimentos que não foram cozidos por inteiro e perderam suas características originais não são recomendados, por ocasionar riscos ao consumo, como:

  • Arroz: a situação fica mais perigosa quando ele não é cozido integralmente e alguns grãos permanecem crus. Isso, associado a uma temperatura morna, aumenta o risco de contaminação por uma bactéria conhecida como Bacillus cereus, que possui rápida proliferação. "Essa bactéria é eliminada em altas temperaturas, porém libera uma toxina no alimento, ocasionando intoxicação, com quadro de diarreia, vômitos, dor de cabeça, febre, entre outros", diz Ana Sandra Viana Zimichut, nutricionista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
  • Ovos: o consumo deve ser imediato após o preparo. Se armazenado ou preparado de forma inadequada, há risco de proliferação bacteriana.
  • Carnes, frutos do mar: são itens propensos à contaminação bacteriana e devem ser consumidos logo após o preparo.
  • Espinafre cozido e beterraba: possuem altos níveis de nitratos, que, ao serem requentados, transformam-se em nitritos. Estes compostos fazem mal à saúde, além de terem relação com o risco de câncer em longo prazo.
  • Preparações com tomate, cebola e pimentões: esses alimentos são fermentativos e podem azedar durante o armazenamento ou ao requentar as preparações.
  • Alimentos ricos em proteínas: é o caso do feijão, lentilha e castanhas. Como são alimentos ricos em proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, e têm alta umidade, são mais perecíveis.
  • Molhos à base de leite e massas: esses itens também favorecem a proliferação de microrganismos pela variação de temperatura e maior risco de contaminação cruzada com outros alimentos. Tanto o leite quanto as proteínas de origem animal são mais perecíveis pela sua umidade, que favorece a proliferação de micro-organismos. Além disso, esses produtos são mais expostos, desde a coleta, produção, transporte, armazenamento até a chegada na casa das pessoas. Isso pode afetar os métodos de conservação, pasteurização e resfriamento feitos para a comercialização de leites e derivados.

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Como reduzir problemas

  • Se o alimento foi produzido, servido e, em seguida, armazenado em refrigeração adequada (geladeira), é possível preservar sua qualidade;
  • É importante se atentar para a higiene dos utensílios utilizados, assim como da cozinha e de quem preparou as refeições;
  • O alimento não deve ficar sem refrigeração por mais de 2 horas, para evitar a proliferação de bactérias;
  • Evite requentar o mesmo alimento várias vezes. Vale destacar que cada vez que um alimento é submetido ao aquecimento, ele vai perdendo valor nutricional e aumentando o risco de contaminação;
  • Descarte qualquer sobra de alimentos que tenha um odor forte ou cor estranha, para diminuir o risco de consumir algo estragado;
  • Evite colocar comida quente direto no refrigerador e abrir com frequência a geladeira. Isso favorece a oscilação de temperatura, agravando o risco de contaminação dos alimentos;
  • Se for congelar as sobras, antes de colocá-las na geladeira, aguarde o resfriamento para evitar o surgimento de bactérias;
  • As sobras dos alimentos devem ser consumidas em, no máximo, até quatro dias. Acima desse período já é considerado impróprio para o consumo;
  • Não se esqueça de checar a data de validade dos alimentos antes de prepará-los;
  • Prefira esquentar no fogão e, sempre que possível, mexa o alimento para que o aquecimento seja por igual. Apesar de ser mais prático, o micro-ondas não aquece a comida de forma homogênea.

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