Pouco mais de dois anos após o início da guerra entre Ucrânia e Rússia, as negociações para um possível fim podem avançar após as eleições americanas de 2024.
Com a recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, o governo ucraniano se mobiliza para fortalecer sua posição diante da possibilidade de negociações para o fim da guerra com a Rússia. De acordo com uma autoridade ucraniana, os próximos quatro a cinco meses serão cruciais, especialmente com a promessa de Trump de encerrar o conflito rapidamente, embora sem detalhar o plano para isso.
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Enquanto espera por sinais concretos de como será a política externa americana, Kiev se prepara para garantir o maior número possível de recursos e armas. A expectativa é de que a nova administração republicana influencie diretamente o cenário de guerra, especialmente à medida que Trump, que assume o cargo em 20 de janeiro, escolhe os ocupantes dos principais postos de segurança e defesa dos EUA. Em Kiev, circulam rumores de que o ex-secretário de Estado Mike Pompeo, visto como pró-Ucrânia, não fará parte do governo.
A situação no campo de batalha continua desafiadora para a Ucrânia. Nas últimas semanas, as forças russas avançaram de maneira mais acelerada, apesar das pesadas baixas sofridas. A Ucrânia informou, ainda, que recentemente entrou em confronto com cerca de 11 mil soldados norte-coreanos posicionados pela Rússia na região de Kursk. Esse avanço russo ocorre em um momento em que as forças ucranianas lidam com escassez de pessoal, o que dificultou a manutenção de território conquistado em agosto.
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Preocupações com o inverno aumentam as tensões. O sistema de energia da Ucrânia permanece funcionando, mas a ameaça de um grande ataque russo à infraestrutura elétrica do país é constante. Drones russos atacam Kiev quase todas as noites, embora haja especulações de que Moscou estaria evitando destruir completamente o sistema elétrico para não prejudicar um possível diálogo com a equipe de Trump.
Após uma ligação considerada "excelente" com Trump no último dia 6, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky mostrou temor de que uma solução rápida para a guerra traga perdas significativas para a Ucrânia. "Se for apenas rápido, isso significa perdas para a Ucrânia", afirmou Zelensky, em entrevista recente, acrescentando que é fundamental que qualquer cessar-fogo inclua garantias de segurança robustas para que a Rússia não possa lançar uma ofensiva maior no futuro.
Zelensky também aproveitou para responder indiretamente ao primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, que sugeriu um cessar-fogo imediato, questionando a segurança e o impacto dessa medida para o povo ucraniano. "É um desafio assustador para nossos cidadãos, primeiro um cessar-fogo, depois veremos. Quem são vocês? Seus filhos estão morrendo?”, declarou Zelensky.
O Kremlin, por sua vez, sinalizou estar aberto a dialogar com Trump, mas reiterou que suas exigências para o fim da guerra, estabelecidas em junho, permanecem inalteradas. O presidente russo Vladimir Putin demanda que a Ucrânia abandone suas aspirações de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e retire suas tropas de regiões que a Rússia reivindica como parte de seu território.
Em resposta, Zelensky apresentou ao atual presidente dos EUA, Joe Biden, um "plano de vitória" que inclui permissão para atacar alvos militares em território russo, além de um pedido de adesão formal à Otan e o envio de armas mais potentes.