Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 8% da população brasileira gasta mais de 3 horas apenas se locomovendo para atividades como trabalho e estudo; enquanto 7% ficam entre 2 a 3 horas no trânsito e 21% entre 1 a 2 horas nessa mesma situação. Ou seja, 36% passam mais de 1 hora diariamente dentro do transporte.

O tempo gasto no trânsito influencia no desempenho do trabalho diário. Conforme o levantamento, 60% das pessoas já chegaram estressadas no trabalho por conta do tempo de deslocamento, enquanto outras 60% afirmam que já se atrasaram devido ao trânsito. Além disso, a perda de um período do trabalho (34%), a ausência em uma reunião importante (26%) ou a perda de um dia inteiro de trabalho (23%) são outras situações relacionadas às condições de mobilidade urbana brasileira.

Em Belém, a mobilidade urbana é também um dos principais desafios. Com as principais vias de acesso ao centro da cidade engarrafadas, o trânsito lento atrapalha a locomoção e afeta a qualidade de vida.

Conteúdos relacionados:

Bruna Fernandes
📷 Bruna Fernandes |(Celso Rodrigues)

Moradora do distrito de Icoaraci, Bruna Fernandes, 34, enfrenta um trânsito caótico diariamente, quando sai às 5h rumo ao centro da capital. São dois ônibus lotados por dia e trajeto de mais de 2 horas, um percurso cansativo a caminho do trabalho.

“Quem pega mais de um ônibus passa bem mais de uma hora no trânsito, que é o meu caso. Eu sinto muita ansiedade porque sei que tenho compromisso e hora para cumprir, mas não consigo, muitas vezes, chegar no horário. Isso causa uma frustração porque a gente passa como descompromissado, mas na verdade a gente sai com antecedência de casa, mas não consegue chegar no horário”, conta a servidora pública.

Voltar para casa também é um desafio diário, já que no início da noite os ônibus para o distrito já estão lotados. “Voltar é bem complicado, até pior. Os ônibus do BRT vêm lotados e se a gente quiser um pouquinho de conforto temos que pegar para dar balão em São Brás. Todo esse tempo gasto me causa muito cansaço. Uma viagem que era pra durar quarenta minutos leva duas horas, é o mesmo tempo de uma viagem de Belém até Vigia”, observa Bruna.

Quer saber mais sobre as notícias do Pará? Acesse nosso canal no Whatsapp

Aldaleide Melo, 20 anos, residente na Pedreira, pega dois ônibus em um trajeto de 2 horas para chegar à universidade, nas mesmas condições de quando morava no bairro do 40 Horas, em Ananindeua. Por isso, ela também enfrenta dificuldade de chegar no horário aos compromissos, mesmo saindo de casa com antecedência.

“Moro mais perto, mas é a mesma coisa, tenho que sair cedo para conseguir pegar um ônibus, isso quando não passa fora do horário. Semana passada eu perdi aula por causa do trânsito. Se eu não for pra faculdade muito cedo, eu não consigo pegar ônibus, me atraso muito. Isso influencia o meu aprendizado”, relatou a estudante.

Locomoção

59,14%

Com 59,14% da frota, o automóvel é o veículo mais comum na capital, conforme dados de 2023 da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). O grande número de veículos nas ruas é uma das causas de engarrafamento, segundo Marcos Oliveira, 36, que enfrenta o trânsito lento para trabalhar. “De sete às nove da manhã fica tudo congestionado. Na João Paulo, Almirante Barroso, Pedro Álvares Cabral, José Malcher o trânsito fica muito intenso. Isso me deixa agoniado para chegar no destino. Eu procuro evitar certos locais, mas hoje não tem jeito”, afirma o motorista de aplicativo.

35,8%

Em segundo lugar, as motos representam 35,8% da frota de veículos da cidade. Para escapar do trânsito, o mototaxista Lindomar Oliveira costuma evitar as principais vias de Belém. “Nesse trânsito tem que ter atenção redobrada porque se vacilar vai para o chão. Ninguém respeita nada. Os motoqueiros pegam os corredores porque é o único jeito de chegar em qualquer lugar. Se for pegar corrida antes das oito pelas ruas principais, já era, vai ficar preso”, aponta.

José Jonatas, 50, optou pelo uso da bicicleta, que o auxilia a chegar mais rápido em locais próximos de casa. Apesar de ser uma alternativa, o meio de transporte não é o mais seguro, já que motoristas não costumam respeitar o espaço do ciclista, principalmente em horários de pico. “É mais rápido, mas com esse trânsito não é nada seguro, por isso prefiro as ruas que têm ciclovias. Para ir pro trabalho eu pego o BRT e é sempre bem complicado”, disse o funcionário público.

MAIS ACESSADAS