A data de 25 de abril marca o Dia Mundial da Luta contra a Malária, criada para reforçar a necessidade dos investimentos contínuos em pesquisas, projetos e políticas públicas para a prevenção, controle e eliminação da doença – que por muito tempo castigou os municípios da região amazônica – no mundo.

No Pará, este cenário vem melhorando nos últimos anos. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), de janeiro a dezembro de 2023, foram notificados 22.930 casos confirmados de malária, representando uma redução de 3,30% em comparação ao mesmo período de 2022 -23.714. No ano passado, os casos ocorreram principalmente nos municípios de Jacareacanga, Itaituba, Anajás, Breves, Altamira, Almeirim, Chaves, Afuá, Curralinho e Cumaru do Norte, os quais contribuíram com aproximadamente 95% das confirmações da doença no estado. De 1º de janeiro até o dia 19 de abril deste ano, foram confirmados 6.603 casos, a maioria em Jacareacanga (2.666), Itaituba (1.766), Anajás (892), Chaves (265), Breves (198) e Bagre (133).

A pasta informa ainda que durante todo o primeiro semestre 7.550 mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração (Milds) foram distribuídos aos 7º, 8º e 9º Centros Regionais de Saúde, ação esta que deve ter continuidade para garantir o controle e reduzir a carga da doença.

Infectologista e pesquisadora do Instituto Evandro Chagas (IEC), Tânia Chaves avalia que, de um modo geral, a região tem experimentado uma redução progressiva no número de casos ao longo das últimas décadas, graças ao fortalecimento das estratégias de controle da doença, em especial das ações relacionadas ao diagnóstico oportuno e ao tratamento imediato.

Ela informa que, no primeiro quadrimestre do ano de 2024 foram registrados cerca de 38 mil casos da doença na região amazônica, praticamente o mesmo número de casos registrados no mesmo período do ano anterior.

“É evidente que ainda enfrentamos desafios significativos para controlar a transmissão da doença. A redução do número de casos em áreas rurais, urbanas e assentamentos é um passo importante, mas não é suficiente para eliminar a malária de forma eficaz e sustentável. À medida que os casos diminuem nestas áreas mais acessíveis, a transmissão da malária aumenta em áreas indígenas e de garimpo. Estas populações vulneráveis estão localizadas em regiões de difícil acesso, o que torna as estratégias de prevenção e controle da doença ainda mais desafiadoras”, justifica.

Também pesquisadora do IEC, a farmacêutica Giselle Viana lembra da importância da imunização contra a doença como parte indissociável da estratégia de combate. “A vacinação sempre salvará vidas. E para algumas doenças, como a malária, a vacinação é mais uma estratégia para a prevenção da infecção e controle da doença, devendo-se manter outras estratégias como o uso de mosquiteiros impregnados com inseticidas adequados, diagnóstico oportuno e tratamento imediato, especialmente onde ocorre o maior número de mortes por malária causada pelo Plasmodium falciparum, espécie responsável pelas formas mais graves e óbitos em crianças as abaixo de 5 anos na África”, reforça.

A malária é uma doença que se apresenta com febre, dor de cabeça e calafrios, que é tratável e curável. O tratamento contra a malária é fornecido gratuitamente pelo SUS e o tempo varia de três a sete dias. O esquema terapêutico vai depender de alguns fatores importantes como: a espécie do Plasmodium, idade do paciente e suas condições de saúde. Mas, quanto mais rápido é o início do tratamento, melhor será a recuperação e a cura do paciente.

Os esquemas de tratamento para a malária, independente da espécie, são baseados na associação de antimaláricos (medicamentos contra a malária) para acabar com os sintomas, eliminar o parasito e, consequentemente, interromper a cadeia de transmissão. Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a liberação do medicamento tafenoquina, um antimalárico utilizado em dose única para a malária por Plasmodium vivax, aprovado para pessoas a partir de 16 anos. Em gestantes, mulheres que estão amamentando, pessoas portadoras de uma doença do sangue decorrente da deficiência da enzima chamada G6PD e pessoas abaixo de 16 anos a tafenoquina não pode ser usada.

Números

  • A mais recente publicação do Boletim Epidemiológico elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente – vertente do Ministério da Saúde –, divulgada em janeiro de 2024, apresenta os diferentes panoramas da doença no Brasil em 2021, 2022 e durante o primeiro semestre de 2023.
  • Os dados deste levantamento já confirmavam uma tendência de queda na região, embora aproximadamente 99,9% dos casos de malária registrados no Brasil estejam na região amazônica, de modo que 33 municípios tiveram a concentração de mais de 80% do total de casos no país.
  • Em 2022, dos 808 municípios localizados na região amazônica, 159 deles (19,7%) apresentaram muito baixo risco para a transmissão de malária; 51 (6,3%) tiveram baixo risco; 40 deles (5,0%) apontaram médio risco; ao passo que apenas 26 (3,2%) manifestaram alto risco. Os 532 municípios restantes (65,8%) não registraram transmissão autóctone de malária.
  • Os casos autóctones de malária, em 2022, em sua maior parte, foram registrados em áreas rurais e indígenas, com 37,3% e 31% do total do ano, respectivamente. Contudo, é observada uma redução de 6,5% de transmissões nas zonas rurais e 14,2% em áreas indígenas quando comparados os casos com o ano de 2021.
  • Os estados diferem no perfil de distribuição de malária por área especial de infecção. Assim, em 2022, os estados localizados na região amazônica que apresentaram a maior parte de transmissão por malária em áreas rurais foram entre Maranhão (76,1%), Acre (70,4%), Rondônia (52,3%) e, por último, o Pará (40,5%).
Pará registra queda nos casos de malária
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