O cheiro e tempero marcantes da maniçoba são inconfundíveis. Seja nas barracas, em casa ou em restaurantes, a maniçoba se torna presença garantida na mesa das famílias, especialmente durante o Círio de Nazaré, quando o prato típico ganha ainda mais destaque nas ruas de Belém.

Para muitos vendedores, como Carlos Alberto Costa, 53 anos, a paixão pela maniçoba começou ainda na infância, quando aprendeu o ofício com sua mãe, que já vendia comidas típicas na cidade. “A maniçoba tem um sabor único, é quase uma feijoada, mas para mim é ainda mais saborosa. Cozinhamos ela por sete dias, o que faz toda a diferença”, conta ele, que há 23 anos vende o prato na rua Quinze de Novembro, no bairro da Campina.

Segundo ele, mesmo fora do período do Círio, há quem busque a maniçoba como parte do cotidiano, mas as vendas aumentam consideravelmente nos meses de outubro. “No Círio, as famílias costumam fazer em casa para receber os parentes, mas muitos ainda procuram nossas barracas”.

Na barraca da Fafá, localizada na rua 13 de Maio, no Centro Comercial de Belém, a empreendedora Maria de Fátima Araújo, 71 anos, é conhecida por suas receitas que atraem moradores e turistas o ano inteiro. A comida típica acompanha ela desde criança, mas foi há 38 anos que resolveu empreender no ramo.

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Atualmente, ela e seus 12 colaboradores preparam cerca de 200 pratos de maniçoba diariamente. No Círio, esse número dobra, alcançando até 500 pratos vendidos por dia, seja para comer na hora, levar ou até mesmo comprar por quilo. Para quem nunca provou, ela dá a dica: “O segredo é ferver a maniva por sete dias e temperar bem. Não é um prato para qualquer um fazer, mas quem sabe preparar conquista o paladar de quem prova”.

A fumaça que sobe das panelas revela o que está por vir: um banquete de sabor e memórias. Entre os consumidores, há quem tenha crescido com a maniçoba na mesa e quem a tenha descoberto já adulto. Antônio Sarubi, 56, que trabalha na área de manutenção em mineração e morador de Oriximiná, diz ser fã da maniçoba desde criança, e aproveitou a visita a Belém para se deliciar com o prato.

“Minha mãe sempre fazia maniçoba em casa, é um prato que acompanha nossa família há gerações, e desde então esse prato faz parte da nossa vida pelo menos em alguns finais de semana”, comenta. “Quem não conhece deve experimentar sem medo. A aparência pode assustar, mas o sabor é inigualável”.

Para Marcelo Martins, de 66 anos, a maniçoba é sinônimo de uma experiência única que remete à feijoada, porém com um toque especial. Paulista, ele descobriu o prato em 2015, durante uma visita a Belém, terra natal de sua esposa, e desde então não dispensa uma boa porção quando retorna para a cidade.

“Não dá para vir a Belém e não comer maniçoba. Inclusive, não dá para ficar sem comer um pouco de tudo; aqui já pedi uma maniçoba com o vatapá do lado, um camarão por cima e jambu”, afirma Marcelo, que também aprecia o tacacá e o vatapá como pratos típicos da região.

Já a confeiteira Yasmin Guimarães, 27, e sua mãe, Socorro Maciel, 60, não abrem mão da maniçoba nas datas festivas, especialmente durante o Círio. “Desde pequena, sempre comemos maniçoba. Minha mãe faz em casa, e é um prato que tem tudo o que gostamos, como charque e chouriço. Eu sempre indico para quem vem de fora”, conta Yasmin. Socorro diz que já começou a preparar a maniçoba deste ano há uma semana, garantindo que a família terá “um prato bem temperado e saboroso à mesa”.

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