Estamos na semana do Dia de Finados, que neste ano cai no próximo sábado (2). A data remete ao luto e à lembrança de entes queridos que já se foram e deixaram saudade. Há muitas pessoas que trabalham próximas a cemitérios e que dependem das vendas de velas e flores para o sustento da família. No Cemitério Santa Izabel, no bairro do Guamá, um dos mais antigos da capital paraense em funcionamento desde o ano de 1870, os vendedores contam um pouco da experiência de trabalhar por mais de três décadas em frente ao local e confessam algumas curiosidades a respeito da ocupação exercida tão perto de uma área de sepultamentos.

Walber Bastos, 50 anos, trabalha no local há 32 anos comercializando coroas de flores, buquês de rosas e arranjos florísticos. Ele destaca que no início foi bem desafiador porque não estava acostumado a lidar, diariamente, com a dor das pessoas que perderam algum ente querido. “O começo foi bem intenso porque a gente também sente por eles”. Quando o assunto é alguma curiosidade, Walber é categórico ao afirmar que a mais famosa é a de Josephina Conte, “a moça do táxi”, falecida aos 16 anos no dia 16 agosto de 1931 e enterrada no local. “Muita gente vem aqui pra ver o túmulo dela, inclusive agora nesta época de finados. Há pessoas que pedem saúde, porque, segundo dizem, a Josefina realiza alguns milagres”.

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O início também foi bem desafiador para Maria Ciran, 52 anos. Para ela, o começo nas vendas de velas e flores há 35 anos representou um momento no qual teve que aprender ainda mais a se colocar no lugar do próximo. “Eu chorava junto com as pessoas que vinham comprar aqui emocionadas e desoladas com a perda de alguém”, confidenciou a vendedora.

No mais, o período no qual as vendas são melhores é justamente no Dia de Finados. De acordo com a vendedora, a pandemia foi um período difícil porque as vendas dos itens despencaram. “O ano de 2020 foi marcado por muita dor. Mas continuamos seguindo com o nosso trabalho até hoje, vendendo velas e flores para que as pessoas possam homenagear seus entes”.

Vendedora relata susto em encontro com o sobrenatural

Há exatas três décadas comercializando velas, flores e rosas nos arredores do Cemitério de Santa Izabel, a vendedora Maria das Graças, 68 anos, já consolou muita gente que comprou os produtos dela ao longo desse tempo. “Várias pessoas chegam tristes e arrasadas aqui para adquirir um buquê ou flores individuais. É desolador. Eu sempre tento dar uma palavra de conforto quando vejo alguém assim nessas condições. Digo que Deus vai fortalecer a pessoa e assim sigo meu trabalho”. Segundo a dona Maria, o Dia de Finados lidera as vendas, seguido por datas importantes como Dia das Mães, comemorado em maio, e Dia dos Pais, celebrado no mês de agosto.

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Quem também garante a renda mensal e tira o sustento da família por meio das vendas de flores e rosas é Dinair Miranda, 58 anos. Com quase quatro décadas trabalhando em frente ao cemitério, a vendedora tem muitas histórias curiosas para contar sobre o que já viu. Uma delas foi na época que ainda trabalhava no horário noturno anos atrás, depois das 23h, quando estava sozinha naquele dia arrumando os produtos na barraca sem nenhum outro vendedor por perto. “Não tinha ninguém a não ser eu ali e do nada apareceu uma criança pequena rindo muito alto pra mim. Quando vi aquela criança, tomei um susto porque era algo sobrenatural. Saí correndo apavorada e nem olhei pra trás”, confessou.

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