Eleito prefeito de Belém com mais de 56% dos votos no 2º turno das Eleições Municipais 2024, Igor Normando (MDB) está ansioso para assumir seu primeiro mandato eletivo no Poder Executivo. Em entrevista concedida aos veículos do GRUPO RBA na quarta-feira, 30 de outubro, não escondeu que está empolgado para assumir o cargo mais importante de sua vida política até o momento.
Aos 37 anos, casado e pai de uma menina de um ano de vida, acumula um mandato e meio de vereador de Belém (2013-2019) e por apenas um mês não vai concluir seu segundo mandato consecutivo de deputado estadual, já que ele precisa renunciar até 31 de dezembro para assumir a gestão municipal em 1º de janeiro de 2025. E confessa: a ficha ainda não caiu.
“Não consegui descansar ainda. Acho que nem que eu quisesse, ainda estou com a adrenalina. Campanha é algo muito cansativo, e confesso que eu não gosto muito, embora eu saiba que é necessário, eu prefiro fazer as coisas, trabalhar mesmo, mesmo que seja até tarde, fim de semana, feriado”, conta, antecipando que não vai ser um prefeito “de gabinete”. “As pessoas vão me ver muito na rua”, garante.
Como futuro gestor, ele já vive seus primeiros dias de transição de mandato, já inclusive tendo se reunido com o atual prefeito, Edmilson Rodrigues (Psol), para conversar sobre o processo. A próxima reunião que ele quer ter é com líderes da Câmara Municipal de Belém (CMB), visto que a Lei Orçamentária Anual (LOA) chegou à Casa na semana retrasada e ainda não foi nem emendada e nem votada.
“Eu sei que não vai ser uma tarefa tão fácil, mas existe a possibilidade de remanejar pelo menos 50% do orçamento de remanejamento, a gente acha que é possível um diálogo sobre esse assunto”, adianta, novamente confirmando que quer contingenciar pelo menos 10% dos valores e manutenção da máquina pública tão logo assumir a prefeitura. “Vamos ter mais capacidade para investimento, para encarar os desafios que Belém tem”, defende.
Sobre o secretariado nenhuma pista até agora, mas Igor revela o desejo de que mulheres estejam no comando de grande parte das pastas. “Precisamos fazer com que essa equidade exista também na administração pública”, justifica, ao mesmo tempo que cita pontos do plano de governo que visam valorizar o gênero - como a criação da Secretaria Municipal da Mulher e a Sala da Mulher nos “Postões da Saúde”.
Para os primeiros 100 dias de governo, Igor já definiu três metas para dar conta a curto prazo: presença nas ruas; zeladoria e manutenção da cidade; e fazer a máquina pública funcionar. “As pessoas precisam entender que existe prefeitura, que ela está perto. Que ela não vai conseguir resolver todos os problemas da noite para o dia, mas que existe gestão”, detalha. E isso vai começar logo no primeiro dia de mandato, quando terá sua cerimônia de posse replicada nos distritos da capital paraense.
“Vamos fazer primeiro em Belém, depois a gente passa em Icoaraci, Outeiro, Mosqueiro e finaliza a posse. Vamos fazer assim porque os distritos se sentem muito alijados da política pública do município. Por vezes, a arrecadação em Mosqueiro acaba sendo usada no centro da cidade, e a gente quer mudar isso: o que Mosqueiro arrecada é para ser investido em Mosqueiro”, afirma, revelando ainda que deve criar subprefeituras com autonomia de gestão.
Igor quer colocar em prática seu plano de governo desde o dia um. “Vou tomar a posse ali, todo arrumado. Assim que eu pegar a faixa e tirar foto pode ter certeza que já vou para a rua com um grande mutirão de limpeza, para mostrar à população que nós vamos enfrentar os problemas de frente. Não vai ser em gabinete, no ar condicionado. Vai ser na rua”.
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Igor garante que não teme qualquer cenário ruim que possa se revelar durante a transição, ao mesmo tempo que diz estar pronto para tomar medidas enérgicas ou impopulares no cenário político em nome de mudanças necessárias.
“Esse é o maior desafio da minha vida, e eu não vou, em hipótese alguma, jogar essa grande oportunidade no lixo, como muitos fizeram. Vou fazer o que tem de ser feito para melhorar a vida das pessoas que moram em Belém. Se eu tiver que enfrentar sistemas, se eu tiver que deixar de fazer concessões políticas para garantir que a população tenha uma melhor qualidade de vida e desenvolvimento da nossa cidade, pode ter absoluta certeza de que eu vou fazer. Não vou governar olhando no retrovisor. Não vou sair culpando o que o prefeito anterior fez ou deixou de fazer. A partir de 1º de janeiro o prefeito sou eu, a responsabilidade é minha, e quem vai tomar as rédeas do governo sou eu”, avisa.
COP30
Prefeito que estará à frente da cidade-sede da 30ª edição da maior reunião para discussão climática do mundo, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP 30), marcada para ser realizada em novembro do ano que vem na capital paraense, Normando reforça que todo o investimento a ser feito na cidade para a recepção do evento deixará legado positivo.
“Belém vai voltar a ser a capital da Amazônia para o mundo. Não dá para conceber uma cidade no coração da região sem poder oferecer uma experiência turística, gastronômica e de calor humano. Nossos rios e florestas são nossos maiores ativos, precisamos usar isso para o desenvolvimento. Fazendo com que a bioeconomia seja uma realidade, com que a geração de emprego e renda seja realidade, de forma sustentável. Vão chegar obras por todos os lados, pavimentação em mais de 600 ruas por parte do governo do estado, macrodrenagem para acabar com alagamentos, parques urbanos. É o legado da qualidade de vida que a COP vai garantir”, anunciou.
Parcerias
Primo de 4º grau do governador Helder Barbalho (MDB), que lançou sua pré-candidatura ainda no primeiro semestre e o apadrinhou durante todo o período eleitoral, Igor foi alvo de seus adversários por conta da proximidade com o chefe do Executivo paraense. O prefeito eleito garante que isso não o intimidou em nenhum momento, e que agora é, ainda mais, motivo de orgulho.
“Sou parceiro do governador, tenho muito orgulho de ter sido apoiado por ele, fico muito feliz de ele ter confiado em mim para ter seu apoio. Diferente dos meus adversários, nunca escondi meus padrinhos políticos. O modelo de gestão é mesmo similar: de presença, de valorização, de responsabilidade fiscal. Porque é o modelo de gestão do MDB, que é o partido do governador, que é o meu partido. Eu ficaria muito feliz de, ao final do meu governo, daqui a quatro anos, poder olhar as pesquisas de opinião e ver que o meu governo é aprovado por 80% da população, como é o do governador Helder. Não quero ser lembrado por parentesco ou apoio, mas assim como o governador, quero ser lembrado como alguém que transformou a vida de muita gente, esse é o meu desafio”.