A profissão de Controlador de Tráfego Aéreo (CTA) é essencial para garantir a segurança e eficiência das operações de aeronaves na aviação moderna. Esses profissionais coordenam e orientam o movimento de aviões no solo e no ar, prevenindo colisões e otimizando rotas para evitar congestionamento, exigindo altos níveis de responsabilidade e concentração. Apesar das pressões, o trabalho oferece salários competitivos, estabilidade e a satisfação de contribuir para a segurança do transporte aéreo.

Os CTA’s estão lotados no Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Belém, cuja área de responsabilidade abrange grande parte do Estado do Pará, estendendo-se por aproximadamente 200 Km a partir da capital. Do efetivo de 61 controladores de tráfego aéreo que atuam hoje no Estado, 25 são mulheres (41%).

Os controladores são habilitados a operar nas Torres de Controle nos aeroportos, nos Controles de Aproximação e nos Centros de Área. No Pará a Força Aérea está presente no Aeroporto internacional de Belém através do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo, que opera a Torre de Controle e o Controle de Aproximação.

Eles precisam lidar com múltiplas aeronaves simultaneamente, tendo que tomar decisões rápidas e precisas em situações imprevistas, como mau tempo ou falhas. O trabalho é realizado sob pressão constante e exige calma em momentos críticos. Além disso, esses profissionais necessitam ter inglês fluente, pois comunicação com pilotos e outros controladores internacionais é padronizada em inglês.

Para se tornar um CTA no Brasil é necessário ingresso na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), responsável pela formação. O candidato passa por exames de seleção, incluindo testes físicos, psicológicos e de conhecimento. A formação dura, em média, dois anos, com aulas teóricas e práticas. Após a formação é preciso a autorização do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), garantindo que o profissional esteja apto para exercer a função.

O trabalho é realizado em turnos rotativos, inclusive à noite, fins de semana e feriados. Pausas regulares são necessárias, pois a atividade exige alta concentração e pode ser mentalmente desgastante. O salário inicial de um controlador pode variar, mas em média no Brasil, um CTA ganha entre R$ 8.000 e R$ 15.000, dependendo da função e experiência. Além do salário-base, podem receber adicionais por periculosidade e escalas noturnas.

O Tenente Coronel Sandro Ramos Veiga, Comandante do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo de Belém (DTCEA-BE), diz que o controlador de tráfego aéreo precisa ter características diferenciadas, especialmente na parte cognitiva, que é ligada a memória e raciocínio, e a parte psicomotora.

Tenente Coronel Sandro Veiga
📷 Tenente Coronel Sandro Veiga |Foto: reprodução

“Tem de ser capaz de realizar diversas tarefas simultaneamente, possuir atenção concentrada, raciocínio rápido com poder de decisão, controle emocional e a busca constante pela proficiência no serviço. Por sermos humanos, estamos sujeitos a falhas, porém o sistema de controle foi projetado para que a operação seja redundante. Apesar do curto espaço de tempo para correções, as possibilidades de falhas são identificadas e corrigidas com pronta resposta do controlador”.

O controlador gerencia o fluxo aéreo considerando as diversas velocidades das aeronaves, mantém a separação regulamentar entre elas, garantindo a segurança do voo e fiscaliza o cumprimento das regras de tráfego aéreo por parte dos pilotos, auxiliando também a identificação de aviões não autorizados voando no espaço aéreo brasileiro.

Estado possui 61 controladores
📷 Estado possui 61 controladores |(Foto: Mauro Ângelo)

Com isso, a aviação economiza combustível evitando esperas desnecessárias, minimizando a emissão de CO2 e mantém um alto fluxo de pousos e decolagens nos aeroportos mais movimentados pelo Brasil com elevada segurança.

“É uma função desgastante mentalmente, pela extrema atenção concentrada e pelo processo de planejamento e execução constante. A imprudência no controle de tráfego aéreo não é tolerada. Os testes psicológicos realizados desde a admissão do militar e as avaliações anuais obrigatórias mantém o alto nível de excelência dos operadores. Os treinamentos práticos simulados abrangem todas as situações possíveis para mitigação real das operações”, detalha o oficial.

Rotina do profissional permite descanso e recuperação física

O 1º Sargento, Rodrigo Bormann Valladão, 41 anos, é formado na Força Aérea pela Escola de Especialistas de Aeronáutica e atualmente trabalha na Torre de Controle do Aeroporto de Belém, sendo responsável pela instrução dos controladores. “Atuo nessa área há 22 anos. Sou um apaixonado pela função desde jovem, quando buscava uma função que me proporcionasse uma rotina diferenciada, com desafios a serem superados. Por isso, a carreira militar me atraía e a possibilidade de trabalhar no Controle Aéreo me incentivou a escolher a Força Aérea”.

📷 Sargento Rodrigo Valladão |Foto: reprodução

A rotina do controlador é baseada em escala de turnos, então a carga horária varia, mas na média de trabalho é de 8 horas por dia. Atualmente a Força Aérea tem criado os regulamentos voltados à prevenção da fadiga seguindo as melhores práticas, permitindo o descanso e a recuperação física e emocional do efetivo. “Dentro desse horário, existe um rodízio entre os controladores de forma a não ficarmos, em geral, mais de 2h ininterruptas controlando”, revela Valladão.

O perigo é intrínseco à função, por isso os controladores atuam com os mais altos níveis de prevenção e mitigação de riscos, colocando o Brasil como um dos países com mais elevada segurança operacional. De acordo com o sargento, “a sociedade pode utilizar os serviços aéreos com a certeza de estarem resguardadas por excelentes profissionais”.

Valladão já prestou assistência à aeronave em emergência, com pane de motor e falha de equipamentos de navegação. “Precisei utilizar os conhecimentos da área, pontos de referência locais e recursos disponíveis nos radares da Forca Aérea, colocando outras diversas aeronaves em espera para retornar a aeronave em emergência a um pouso seguro com a brevidade que a situação exigia”, revela.

A remuneração de um CTA é baseada na graduação do militar, começando como terceiro-sargento após a conclusão do curso e alçando, ao final da carreira, o posto de suboficial. Atualmente a tabela de soldo do terceiro sargento está em R$3.824,22.

A 1º Sargento Natália Rocha Acioli Sales, 37, é formada em Administração de Empresas e ingressou na Força Aérea Brasileira (FAB) em 2007 e atua como CTA desde 2009. Ela não conhecia a atividade de tráfego aéreo e escolheu a função após ingressar na EEAR e passar por uma formação técnica de 2 anos.

📷 Sargento Natália Rocha |(Foto: Irene Almeida)

A militar trabalhou por 7 anos em Fortaleza e trabalha em Belém desde 2015.Ela conta que o (a) militar da FAB que exerce a função de CTA trabalha em regime de escala de serviço, geralmente em 3 turnos (manhã, tarde e noite) seguindo as regras de legislação específica. “O exercício da função demanda habilidades específicas e o serviço sim tem um nível de estresse mais elevado e exige muita concentração”, diz.

Ela afirma que o clima da região Amazônica com instabilidades e período de chuvas intensas dificulta o planejamento da evolução do tráfego. Nathália ainda não enfrentou nenhuma situação de risco na função. “Em muitos casos ocorre do piloto não estar familiarizado com a região de Belém e solicitar orientação espacial para se localizar e receber orientação para pouso na pista correta”, conta.

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O salário de um CTA, segundo ela, é compatível com a profissão de Militar das Forças Armadas “e pelo fato de exercer a função recebo um adicional de Compensação Orgânica (20%) pela natureza da função”, afirma, garantindo que nunca passei por situações de discriminação no trabalho pelo fato de ser mulher.

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