A reforma do Mercado de Farinha e do Complexo de Abastecimento do Guamá teve início em junho de 2022 e, desde então, vem acumulando adiamentos.
Há mais de dois anos sob a expectativa de retorno ao espaço, os permissionários convivem diariamente em condições inadequadas, expondo-se a calor intenso e falta de instalações sanitárias na feira provisória. Além destes problemas, o Complexo, recentemente, encontrava-se sem trabalhadores – portanto, com a obra parada.
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Para quem entra na feira provisória, além de pequena, precisa ter cuidado ao se deslocar na via sem pavimentação nivelada, onde há valas de descarte de limpeza de diversos produtos vendidos no local.
Sem receber um espaço na realocação feita pela Prefeitura e para trabalhar melhor com as frutas, Abedenego Queiroz, de 56 anos, que trabalha há mais de 30 anos como vendedor no Mercado, lamenta o descaso com que os permissionários foram tratados ao longo desse período.
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“Essa gestão mexeu em todas as feiras, mas deixou tudo pela metade. Aqui estava tudo funcionando, só precisava de uma revitalização, não de uma reforma tão grande que nos deixou nessa agonia. Decidi vir para a calçada porque não tinha espaço para todo mundo lá dentro, esse foi o jeito”, comenta.
O investimento, inicialmente orçado em cerca de R$ 4,9 milhões para o Mercado de Farinha e R$ 7,8 milhões para o Complexo, deveria beneficiar centenas de trabalhadores e consumidores da região, mas, até agora, a demora na entrega gera frustração e impacto direto na vida dos feirantes. Segundo Abedenego, as obras têm longos períodos de paralisação, o que gera mais insegurança entre os trabalhadores. “Já ficou meses parada, e quando aparecem, é só uma equipe pequena. Se tivessem trabalhado com frequência, isso já estaria pronto”, acrescenta.
Já Rosival Lima, 57, que vende carne no local há três décadas, relata uma queda drástica nas vendas devido ao ambiente improvisado e sem condições mínimas de higiene. “Caiu muito, uns 70% pelo menos. Não tem banheiro, não tem espaço para expor as mercadorias, e isso prejudica bastante a gente. É revoltante, porque trabalhamos no aperto”, desabafa o açougueiro, que ainda precisa sustentar quatro filhos com a renda instável da feira.
Augusto Dias, 54, outro vendedor de carne, que atua no mercado há 12 anos, explica que o ambiente atual trouxe dificuldades até para manter o emprego dos ajudantes. Ele trabalhava com seis pessoas antes do início da reforma, mas agora conta apenas com a ajuda do irmão. “Estamos apertados em um espaço pequeno e abafado, sem nenhuma estrutura. Nos entregaram algo cru, tive que investir aqui para ter o mínimo de dignidade”, conta o autônomo, que já investiu cerca de R$4 mil no ponto. “Tem dia que alaga tudo, e aí não dá para trabalhar. Além de que a venda caiu muito, estamos sobrevivendo”, diz.