No contexto da Década do Oceano (2021-2030), em que o mundo é chamado a se engajar no restabelecimento da saúde oceânica, logo se entende por que a educação na Amazônia deve estar inserida como uma das principais fontes impulsionadoras do debate.
É a partir desse horizonte, que a região foi escolhida como sede do primeiro Fórum da Cultura Oceânica no Brasil. O evento realizado nesta terça-feira, 10 de dezembro, na Universidade Federal do Pará, em Belém, reuniu cientistas do clima, jornalistas, educadores, estudantes, comunidades e representantes governamentais, para discutir a inclusão do Currículo Azul nas escolas. "Queremos chegar à Cop-30 podendo apresentar como resultado desses fóruns que são iniciados aqui por Belém, um mapeamento de como instituir essa política pública para escolas do país", ressaltou Ronaldo Christofoletti – presidente do Grupo Mundial de Especialistas em Cultura Oceânica da Unesco.
E não é à toa que as discussões começaram no Pará. O município de Barcarena, nordeste paraense, saiu na dianteira como o primeiro município do mundo a ter 100% da sua rede municipal de ensino com Escolas Azuis. É o tipo de iniciativa que chega para inspirar tanto a comunidade científica da área quanto governantes e instituições de fomento. Presente no fórum, Leandro Luiz Viegas, coordenador de Mar e Antártica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), pontua que a cultura oceânica está no centro das atividades do MCTI. “Temos implantado uma série de ações sobre a Década do Oceano no Brasil, no sentido de gerar evidências sobre os efeitos ambientais que impactam a sociedade, e é por isso que temos a exata noção do quanto é importante iniciar esses fóruns por aqui pela região Norte, para que possamos pensar sobre como esses resultados vão ser apresentados em Belém no ano que vem durante a COP 30”, destacou. Segundo ele, uma dessas implementações é o edital CNPq/MCTI/FNDCT Nº 61/2022, que distribuiu 6 milhões de reais para ações de ciência cidadã e divulgação científica no país, que tenham a ver com os programas Ciência no Mar, Ciência Antártica e Década do Oceano.
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Uma das grandes apoiadoras do Fórum, em Belém, é a Universidade Federal do Pará (UFPA). Presente no evento, o reitor da universidade, Gilmar Pereira da Silva, enfatizou que tratar das questões oceânicas é fundamental quando se tem as mudanças climáticas no foco das discussões científicas e também no cotidiano das pessoas. “O oceano é um dos grandes responsáveis pela vida no planeta, e pra isso, basta você pensar que grande parte dos alimentos vem dele, e não é só da atividade pesqueira que estamos falando, estamos nos referindo a outras coisas, como a navegação que é fundamental para o contato entre os povos, e além disso, você tem uma série de outras atividades como a cultura, o lazer, e por isso tudo o oceano precisa ser cuidado”, disse ele.
Maria Rosa Darrigo, Gerente de Programas do Pulitzer Center, que apoia o fórum na capital paraense, enfatiza a necessidade de fazer da atividade jornalística uma parceira de iniciativas que trabalham pela educação e pelo meio ambiente. Segundo ela, é fundamental a conexão com diferentes realidades, fazendo com que os povos, as comunidades e os jovens sejam contemplados nesse processo. “Queremos nos juntar as essas discussões junto com entidades, pesquisadores e UNESCO, e também com as comunidades locais, de maneira a amplificar os resultados. Pra nós, é uma honra trazer a discussão de oceanos para a Amazônia, e isso faz muito sentido, justamente por conta da questão oceânica estar conectada com o que acontece aqui. Quando você vê que o clima na região amazônica sofre influência dos fenômenos El Niño, La Niña, que são eventos que acontecem no oceano atlântico e que, por outro lado, questões que acontecem no Atlântico Sul, resultam de correntes climáticas que são geradas na Amazônia, a partir daí você observa que tudo está muito conectado”, explica Darrigo.
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Janaina Bumbeer, gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário, outra entidade apoiadora do fórum, ressaltou a relevância da parceria. “Nós embarcamos nessa ideia de atuar para a busca de um oceano mais saudável, mais sustentável, entendendo que isso só vai ser possível juntando todas as vozes envolvidas no processo, e também compreendendo a importância da comunicação, engajamento da sociedade, políticas públicas e educação. Esses são pilares para qualquer transformação. Nós desenvolvemos isso junto com diversos parceiros, em ações e iniciativas, sendo uma delas o Conexão Oceano, um projeto que contempla inúmeras frentes, dentre elas o Edital Oceano de Comunicação Ambiental”, destaca.
Também estiveram presentes no encontro, o diretor da FADESP (Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa), Roberto Barreto, o diretor-presidente da Fapespa, Marcel do Nascimento Botelho, o coordenador de Educação Ambiental da Seduc, Mauro Márcio Tavares da Silva, o Capitão de Mar e Guerra da Marinha, Rafael Teixeira Cerqueira, representando o 4º Distrito Naval da Marinha do Brasil e Carlos Estevam Rezende, coordenador de Programas, Cursos e Formação em Ensino a Distância, da Capes.