Produtos como refrigerantes, biscoitos recheados e macarrão instantâneo, que costumam ser amplamente ingeridos, estão por trás de números alarmantes: o consumo de alimentos ultraprocessados é responsável por 57 mil mortes anuais no Brasil, segundo estudo divulgado recentemente pela Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. A cada dez mortes, uma está associada ao consumo desse tipo de produto.

Esse dado representa 10,5% de todos os óbitos registrados em 2019, ou cerca de seis mortes a cada hora. Além disso, o impacto econômico ultrapassa R$10,4 bilhões por ano. O levantamento acende o alerta para os riscos associados a esses alimentos, frequentemente escolhidos por praticidade e preço, mas que carregam sérias ameaças à saúde.

Embora sejam opções para uma alimentação mais rápida e possuam sabores irresistíveis para muitos, segundo Fernando Leite, 35, nutricionista clínico há 14 anos, os alimentos ultraprocessados passam por transformações industriais intensas, que incluem adição de conservantes, além de açúcar, gordura e sódio em níveis elevados. Já os alimentos in natura mantêm suas características originais, como as frutas e legumes.

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“Os processados passam por alterações simples que não significam a perda de propriedades, como o arroz, que é polido; os ultraprocessados, por sua vez, vão muito além, alterando cor, sabor e textura para criar produtos altamente palatáveis, como salgadinhos e chocolates”, explica.

A composição dos ultraprocessados é o principal fator de risco. Se consumidos frequentemente, são ricos em calorias vazias, ou seja, oferecem pouca nutrição de qualidade, e podem desencadear obesidade, diabetes, hipertensão, problemas cardíacos e até câncer. “O problema não é comer esporadicamente uma barra de chocolate ou um biscoito recheado. A questão é quando isso se torna rotina, especialmente em pessoas que não mantêm uma alimentação balanceada”, destaca.

Para transformar pratos populares em versões caseiras, para substituir os ultraprocessados sem perder o prazer à mesa, o nutricionista aponta que é necessário, primeiramente, criar alternativas práticas.

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“Um hambúrguer feito em casa, preparado no forno ou na air fryer, é muito mais nutritivo. Batatas assadas em vez das fritas tradicionais e até sobremesas simples, como um sorvete caseiro à base de whey e iogurte são ricos em proteína, opções melhores e saborosas”.

Dicas

  •  Reduzir o consumo proporcionalmente é a melhor saída para quem está acostumado a esses produtos. “A retirada gradual ajuda na adesão do plano alimentar. Substituir um biscoito recheado por uma versão integral, por exemplo, já é um avanço”, afirmou.
  •  Escolher alimentos mais saudáveis requer atenção às embalagens. É importante priorizar alimentos com poucos ingredientes. “Se for optar por um ultraprocessado, priorize aqueles com ingredientes que você reconheça, como sal e açúcar. Evite aqueles com muitos outros aditivos, como xarope de milho e maltodextrina, por exemplo. Quanto menos ingredientes na lista, melhor”, orienta.
  •  Ele também alerta para os rótulos mascarados. Expressões como ‘natural’ ou ‘baixo em gordura’ nem sempre garantem um alimento saudável. “Já que muitas vezes escondem um determinado valor de quantidades de açúcar ou conservantes. É preciso estar atento à porção do alimento. Se o produto é de 150 calorias (kcal) em quantidade de porção, verificar se são 150 kcal para 2 unidades ou 3 unidades, por exemplo”.
  •  Por outro lado, um alimento sozinho não é capaz de provocar tanto risco. “O alimento é uma composição em geral, e muitos acabam negativando de forma isolada”, pontua. Ele destaca que itens como atum em lata podem fazer parte da alimentação, desde que consumidos com moderação e inseridos em uma rotina saudável. “Se você não malha, não segue uma dieta ou uma rotina equilibrada, o alimento tende a se acumular no corpo. Mas, se o contrário ocorre, o impacto é reduzido”, diz.
  •  “A vida tem que ser baseada no equilíbrio, permitindo alguns itens esporadicamente, sem torná-los obrigatórios na rotina. Esses produtos não precisam fazer parte da rotina diária”.
Dr. Responde: Entenda os riscos dos ultraprocessados
📷 |Divulgação

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