O último dia da 33ª Assembleia Geral do Fórum de Ministros e Altas Autoridades em Habitação e Desenvolvimento Urbano da América Latina e do Caribe (Minurvi), realizada em Belém, no Espaço São José Liberto, desde o dia 12, trouxe um amplo debate sobre o papel da habitação no enfrentamento dos desafios climáticos.

Durante a programação, houve ainda o encerramento do ciclo brasileiro de presidência do grupo, que a partir de 1º de janeiro passa a ser liderado por Barbados, país caribenho.

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No início da tarde, o presidente do Minurvi, Jader Filho (MDB), que é ministro das Cidades do governo federal, fez seu discurso de despedida em tom de agradecimento. Ao se direcionar ao próximo presidente, o político barbadiano Dwight Sutherland falou sobre a necessidade de ampliação do financiamento, por parte de grandes economias, de medidas para mitigação de efeitos de desastres climáticos.

“Gratidão pela maneira companheira com que fui acolhido nesse um ano, em uma presidência inédita para meu país. Que você, Dwight, possa seguir com todo o entusiasmo. Acho que, na questão do financiamento, é preciso avançar e provoco o futuro presidente, vices e bancos para buscarmos, de fato, alternativas reais”, declarou Jader Filho.

“Banco só empresta para quem não precisa, e isso tem que deixar de ser realidade. Que emprestem respeitando tratados internacionais. Que se pense diferente para encontrar alternativas. Para que países menores da América Central, do Caribe e da América Latina sejam atendidos. Precisam flexibilizar e atender de fato quem mais precisa. Não há como falar de moradia, de infraestrutura, de prevenção, sem financiamento”, insistiu o ministro.

Sutherland, por sua vez, agradeceu à liderança de Jader Filho e reconheceu que seu mandato direcionou o Minurvi para atuar como uma frente forte e unida. “Tenho três palavras para descrever o presidente que está para deixar o cargo: liderança, força e mentalidade decisiva e visionária. Posso dizer que o Brasil é abençoado por ter líderes como ele, que lidam com os desafios comuns sem deixar de lado as questões que são peculiares a regiões como a Amazônia”, explanou o próximo presidente do Fórum.

Para Elkin Velásquez, diretor regional da ONU-Habitat para a América Latina e o Caribe, ter países colaborando de forma multilateral estabelece exemplo para outras nações. “Todos aqui estamos colaborando no sentido de dividir boas experiências de forma que isso possa contribuir para futuras negociações globais mais bem sucedidas, por exemplo”, mencionou.

Políticas públicas voltadas para a sustentabilidade

Pela parte da manhã, o ministro das Cidades destacou que o governo federal brasileiro tem, entre suas prioridades, a prevenção aos desastres, a transição energética e a adoção de cada vez mais políticas públicas associadas à questão da sustentabilidade.

“O Brasil está situado na questão da prevenção, que voltou a ser prioridade no governo do presidente Lula - são US$ 2,5 bilhões investidos em contenção de encostas e drenagem. Se não inserirmos a prevenção nos orçamentos nas três esferas, cada vez mais vamos ver episódios trágicos, que ceifam vidas, destroem cidades inteiras, geram custos elevadíssimos e resultam em prejuízos materiais e humanos que não podem ser reparados”, complementou.

AÇÕES

Na mesa mediada por Emanuela Monteiro, especialista sênior em Desenvolvimento Urbano do Banco Mundial, também abordaram-se as particularidades de cada país, tanto na questão das ações tomadas com o viés da sustentabilidade.

A delegação de Barbados, por meio do Dwight Sutherland, que também é ministro de Habitação, Terras e Manutenção daquele país destacou que o país tem se preocupado cada vez mais com a construção de casas sustentáveis diante dos cenários climáticos globais e os desastres naturais constantes na região do Caribe, como furacões e terremotos.

“É uma preocupação nossa garantir a resiliência das construções habitacionais, comerciais e públicas diante de uma realidade mundial diversa, onde cada país tem enfrentado um problema relacionado às mudanças do clima diferente”, destacou.

As delegações do Equador, Chile e Honduras também reforçaram a ideia de que é necessário avaliar em bloco o contexto de cada país para trazer, coletivamente, diretrizes que possam nortear as ações que visam tornar as construções mais eficientes em questão de emissões, com obras de baixo carbono, materiais mais sustentáveis e que as localizações sejam mais adequadas para mitigar os impactos de fenômenos naturais como enxurradas, deslizamentos e ilhas de calor.

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