O DOL é um dos destaques de uma das maiores premiações do jornalismo brasileiro, com um trabalho que resgata histórias de mortos, desaparecidos e perseguidos no Pará pela Ditadura Militar, instaurada com o Golpe de 1964. Na noite desta quarta-feira (10), o editor e coordenador do portal, Anderson Araújo, recebeu a menção honrosa na categoria Jornalismo Online no 42º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo pela reportagem especial "Memória, Verdade & Ditadura: as vítimas quase esquecidas de uma história que não acabou", publicada no site em 3 de janeiro de 2025.

Realizada na sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Rio Grande do Sul (OAB-RS), em Porto Alegre, a cerimônia de premiação contou com a participação de jornalistas, profissionais de imprensa, pesquisadores e acadêmicos de Comunicação do Brasil e do Uruguai, de diversos veículos, igualmente homenageados.

Contéudo relacionado:

Anderson Araújo foi especialmente convidado a ocupar a tribuna e, na ocasião, abordou a importância do tema destacado na reportagem especial agraciada com a menção honrosa. “É preciso ainda falar sobre a ditadura no Brasil. Vivemos tempos de ataque à democracia, com episódios como os ocorridos recentemente na Câmara dos Deputados e a tentativa de golpe de 8 de janeiro. O papel do jornalista também é fomentar esse debate e trazer essa memória para os dias de hoje”, afirmou.

“Antídoto contra o autoritarismo é a memória”

O presidente e fundador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), Jair Krischke, exaltou os jornalistas homenageados pelo prêmio, destacando a seriedade da premiação, considerada um “Oscar” do jornalismo nacional. “Este ano escolhemos como tema ‘O passado que não passa’. No Brasil, não enfrentamos este passado recente como deveríamos tê-lo enfrentado, como os nossos países vizinhos — Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai — enfrentaram, responsabilizando e penalizando os autores de crimes de lesa-humanidade. Então, é preciso fazer com que a sociedade tome consciência deste passado recente. É a única forma de nos resguardarmos e de consolidar a democracia. Eu costumo dizer que o único antídoto contra o autoritarismo é a memória”.

📷 Dol é um das melhores reportagem do ano no Prêmio Direitos Humanos e Jornalismo e recebeu menção honrosa, na cerimônia realizada em Porto Alegre. |Itamar Aguiar/OAB-RS

O presidente da OAB gaúcha, Leonardo Lamachia, destacou o auditório lotado da entidade e o número recorde de inscrições neste ano, com 285 trabalhos inscritos, dos quais 75 foram da categoria Jornalismo Online. “Esses números mostram a maturidade que o prêmio alcançou. Estamos aqui reafirmando conceitos e valores que constam no nosso juramento e que já apareciam, de 1988 para cá, consolidados. Por isso, eu acho acertada a escolha deste tema para revisitarmos um passado que também nos envergonha”.

De autoria de Anderson Araújo, a reportagem premiada investiga os impactos da ditadura na Amazônia, tendo como foco as experiências e tragédias ocorridas no Pará, priorizando personagens que a história oficial não priorizou e que, atualmente, são pouco ou nada mencionados. Quase 40 anos após o fim da ditadura, as histórias não contadas ainda lançam sombras sobre a memória coletiva, e iniciativas como essa iluminam o debate público e dão voz àqueles que foram silenciados.

Publicado no DOL no dia 3 de janeiro de 2025, o conteúdo foi formatado especialmente para a internet por Emerson Coelho Júnior, profissional multimídia experiente que utilizou diversos recursos para transformar o material em uma experiência de fácil acesso para o leitor do DOL.

“É uma honra ser homenageado em uma premiação tão importante e com tantos profissionais excelentes, com trabalhos altamente relevantes para o debate sobre memória, verdade e direitos humanos no Brasil. Também é uma confirmação de que o jornalismo feito no Norte do Brasil também é realizado com excelência e deve ser reconhecido por isso”, conclui Anderson Araújo.

O Prêmio

O prêmio contou com 285 produções inscritas de diversas regiões do Brasil e do Uruguai. Com o tema “O passado que não passa”, a premiação reconhece produções jornalísticas que denunciam violações e fortalecem a defesa dos direitos humanos na América do Sul, estimulando a valorização do jornalismo que combate desigualdades sociais. Os trabalhos selecionados concorreram nas categorias Acadêmico, Multimídia, Impresso, Áudio (rádio e podcast), Fotografia, Televisão, Online, Documentário, Livro-reportagem e Crônica.

📷 Prêmio tem 42 anos de existência é considerado um dos mais importantes do Brasil e da América do Sul. |Itamar Aguiar/OAB-RS

A tradicional premiação é promovida pela OAB/RS, em parceria com o Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), a Caixa de Assistência dos Advogados (CAA/RS), a Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do RS (ARFOC-RS) e a Regional Latino-Americana da União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação.

As inscrições de trabalhos foram realizadas entre 1º e 25 de outubro e contabilizaram 285 produções inscritas de diversas regiões do Brasil e do Uruguai. Com o tema “O passado que não passa”, o prêmio reconhece produções jornalísticas que denunciam violações e fortalecem a defesa dos direitos humanos na América do Sul, estimulando a valorização do jornalismo que combate desigualdades sociais.

MAIS ACESSADAS