O garimpo ilegal é uma prática comum em várias regiões, principalmente no interior brasileiro, que afeta a subsistência de comunidades de povos originários, degrada o meio ambiente e resulta em aumento da criminalidade nas regiões onde áreas de extração ilegal são implantadas.

O tenente-coronel Jorge Campos, comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar do Pará (15º BPM), e o tenente-coronel Pedro Paulo Coelho, comandante do 10º Comando de Policiamento Regional (CPR X), foram presos pela Polícia Federal em Itaituba, no oeste do Pará, na manhã desta quinta-feira (28).

Segundo a PF, os comandantes Campos e Pedro recebiam propina de empresários que exploram ouro ilegalmente na região para que eles pudessem manter as áreas de garimpo livres de ações policiais, assim como para que o ouro extraído pudesse ser transportado sem qualquer impedimento.

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A Polícia Federal informou que 21 mandados de busca, quatro mandados de prisão, sequestro de bens e medidas cautelares de afastamento da função pública foram cumpridos.

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Os mandados foram cumpridos em cidades paraenses como Santarém, Itaituba e Altamira, além do Rio de Janeiro (RJ) e Goiânia (GO).

Além dos coronéis, também foram presos preventivamente dois empresários do setor de ouro. Foram apreendidos ao menos oito carros de luxo, celulares, joias e uma quantidade ainda não contabilizada de ouro e dinheiro.

O ESQUEMA

A investigação apontou que os servidores públicos investigados receberam, durante meses sucessivos, pagamentos de empresas e outras pessoas investigadas pela comercialização de ouro de terras indígenas e de área de reserva legal. O dinheiro seria para que os servidores públicos facilitassem ou não reprimissem os crimes ambientais cometidos pelas empresas, além de atuarem na logística e segurança do ouro ilegal.

Há fortes indícios de que o ouro comercializado pela organização criminosa provém de garimpos localizados no interior e região de entorno da Terra Indígena Munduruku. Essa é uma das terras indígenas mais devastadas pelo crime e que está, no momento, em processo de desintrusão em uma grande operação que conta com a participação da Polícia Federal.

Segundo a PF, um dos investigados teria recebido R$ 4 mil por mês de "mesada" como parte da organização criminosa para não embaraçar o negócio ilegal. Outros servidores da própria Polícia Militar do Pará dividiam R$ 10 mil mensais com a função de estar à disposição das empresas, inclusive em horários de expediente e usando carro e outros materiais de trabalho institucionais.

Dezenas de agentes da Polícia Federal atuaram na Operação Cobiça
📷 Dezenas de agentes da Polícia Federal atuaram na Operação Cobiça |Divulgação/PF

De acordo com a PF, outro dos alvos é um empresário que já havia sido condenado três vezes por tráfico de drogas, além de ter condenações por receptação, tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação para o tráfico.

Na atual operação, os crimes investigados são: lavagem de dinheiro, usurpação de bens da União e organização criminosa. Não foi informado pela PF os procedimentos realizados após a prisão dos comandantes do 15º BPM e do CPR X.

Agentes cumpriram 21 mandados de busca e apreensão em diversos endereços de cidades paraenses e capitais do Rio de Janeiro e Goiás
📷 Agentes cumpriram 21 mandados de busca e apreensão em diversos endereços de cidades paraenses e capitais do Rio de Janeiro e Goiás |Divulgação/PF

O DOL apurou que, entre os demais agentes públicos investigados pela Operação Cobiça e que foram alvos de busca e apreensão nesta quinta-feira (28), estão o major médico Jarlisson Rebelo, os sargentos Jackson e Vinícius e o cabo Sales.

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