Investir em um cursinho preparatório, gastar horrores com material didático, se dedicar horas a fio para os estudos e chegar na hora da prova, concurso ou vestibular dar aquele “branco”. O sentimento de frustração de bater na trave é comum para muitos estudantes e ‘concurseiros’, mas pode ser amenizado com algumas técnicas e recursos ensinados por especialistas a seguir. Do mapa mental à ginástica cerebral, o que não falta é solução para se sair bem na hora dos exames e armazenar todo o conhecimento estudado.

A neuropsicopedagoga Bruna Felix Pinto destaca que, atualmente, existem muitas ferramentas que auxiliam a estudar mais e com qualidade, conquistando a tal sonhada aprovação. “Quase todos os dias, novos métodos de estudos são criados e adaptados de acordo com a realidade do estudante. Os recursos tecnológicos também surgem como ferramenta que deixam as tarefas mais otimizadas”.

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Bruna explica que a melhor maneira de iniciar os estudos, principalmente para concursos, consiste em realizar algumas tarefas anteriores ao próprio ato de estudar. “É necessário se organizar, otimizar seu tempo e escolher as ferramentas corretas para o seu objetivo”, ensina, antes de destacar os mapas mentais. “Eles surgem como uma ferramenta muito eficiente, mas é necessário saber fazer, para que não demande mais tempo do estudanteao invés de otimizar”, detalha.

“Além de atuar no raciocínio, o mapa mental ajuda no processo de memorização em longo prazo. Com a memorização, vem o aprendizado. É importante diferenciar um conhecimento decorado de conhecimento que é aprendido”, pontua Bruna. “A aprendizagem costuma ser duradoura e fonte de outros conhecimentos. Quando se decora algo, novas possibilidades de conhecimento não costumam acontecer. Por isso, o mapa mental é feito após o estudante ter feito leituras e pesquisas sobre o assunto para ter a capacidade de resumir, organizar e interpretar as informações”. Vale lembrar que o mapa mental é uma técnica de estudo criada no final da década de 1960 por Tony Buzan, um consultor inglês. Na prática, são resumos repletos de símbolos, cores, setas e frases de efeito que ajudam a organizar o conteúdo e facilitar associações entre as informações destacadas.

Ainda de acordo com a neuropsicopedagoga, além de organizar o excesso de informações soltas na cabeça, com esta ferramenta, os estudos ficam mais interessantes e criativos. As cores, símbolos e desenhos fazem com que o cérebro raciocine e memorize os dados com mais facilidade. “Para estudantes iniciantes é recomendado que o mapa mental seja desenhado a mão. Assim, é possível que o cérebro tenha um tempo para guardar as informações”, explica. “Porém, se o estudante já é mais experiente com uso desta ferramenta, pode utilizar softwares que permitem a criação de mapas mentais digitais e facilitam as mudanças durante a criação até chegar a uma organização coerente”.

A neuropsicopedagoga observa que é importante destacar que o mapa mental é algo resumido, com pouca escrita, mais palavras e conceitos-chave, símbolos e até mesmo figuras. “Se o estudante exagerar nas ramificações, o mapa mental poderá ficar confuso”.

PODCAST

Outra ferramenta que pode auxiliar o ‘concurseiro’, principalmente para aqueles com a vida mais corrida e que não tem tempo para sentar e fazer leituras e resumos, é o podcast, indica Bruna Pinto. “Uma dica interessante é o estudante fazer o seu próprio podcast. Hoje em dia é muito fácil gravá-los, já que podemos contar com uma ferramenta que está todo tempo com a gente, o celular. Você pode gravar o conteúdo estudado explicando para você mesmo. Isso ajuda muito a memorizar os conteúdos e rever algo que não foi bem compreendido”.

Seja podcast, mapa mental ou qualquer outra ferramenta de estudo, a especialista pontua que é importante dar atenção a outros aspectos. “Tente organizar seu tempo, seja paciente, não extrapole seus limites e pratique o autocuidado. Cuide de você e, principalmente, da sua saúde mental. Se você estiver organizado emocionalmente, você conseguirá bons resultados de aprendizagem”.

NEUROCIÊNCIA

Outra técnica que se pode utilizar para aprimorar o aprendizado é a ginástica para o cérebro, também conhecida por treino cerebral. O que está por trás desta prática é a neurociência, mais precisamente dois conceitos fundamentais: neuroplasticidade e metacognição.

A neuroplasticidade é a capacidade dos neurônios de alterarem suas funções, se adaptarem e se reorganizarem a partir das alterações ambientais. “A metodologia da ginástica para o cérebro age como estímulos ambientais que vão criar experiências e desafios focados em reorganizar sistemas neuronais para aperfeiçoar uma série de habilidades”, detalha a neurocientista do Supera, Livia Ciacci. “O objetivo é criar as circunstâncias ideais para que a sinaptogênese (formação de sinapses entre os neurônios) aconteça, sendo que tais circunstâncias incluem: atenção concentrada, determinação e saúde geral do cérebro”.

Já a metacognição é o processo de aprender a relação com as capacidades de planejamento e regulação da própria atividade, em função de determinados objetivos. Na prática, é estar consciente a respeito dos processos mentais que se vivencia, como, por exemplo, ter clareza que se tem dificuldade com o aprendizado x e que para superá-lo precisará ter as atitudes y e z. “Para desenvolver e exercer a metacognição, nós utilizamos um pacote cognitivo conhecido como ‘funções executivas’, que correspondem a um conjunto de habilidades que permitem ao indivíduo direcionar comportamentos, avaliar a eficiência desses comportamentos, abandonar estratégias ineficazes em prol de outras e, dessa forma, resolver melhor os problemas”, explicou Livia.

KUMON

O Kumon é um método de estudo japonês criado em 1958 pelo professor Toru Kumon. O ensino privilegia o desenvolvimento da autonomia do aluno nos estudos, de forma que ele aprenda de acordo com o seu ritmo. O material didático é autoinstrutivo e dividido em estágios, fazendo com que a complexidade aumente gradualmente. Porém, o aluno só avança para o próximo conteúdo quando consegue assimilar o que é proposto.

Para quem busca a excelência no aprendizado, a matemática pode ser um importante aliado, por isso o Kumon oferta cursos específicos na área, que prometem facilitar o raciocínio com números.

"O Kumon de matemática tem um objetivo muito claro em desenvolver o cálculo mental e promover a ampliação do raciocínio lógico do ser humano. É uma aprendizagem significativa, muito pautada no aluno como o verdadeiro agente responsável pelo seu próprio processo de aprendizagem através da autoinstrução. O aluno é constantemente estimulado a ir além", afirma a pedagoga porta-voz do Kumon, Cristhiane Amorim.

GINÁSTICA CEREBRAL

Por meio de seis ferramentas (ábaco, exercícios cognitivos, jogos, neuróbicas, dinâmicas e Supera online), o método de ginástica para o cérebro contempla, além de todas as habilidades das funções executivas, um ambiente rico em interações sociais e reflexões temáticas de qualidade, criando o cenário ideal para o pensamento metacognitivo.

Faça em casa

- Ouça uma música e tente identificar os instrumentos do conjunto.

- Leia muito!

- Jogue dama ou outros jogos que estimulem o raciocínio lógico.

- Mude o seu percurso habitual pelos corredores do supermercado.

- Faça neuróbica: aieL este otxet ao oirártnoc.

- Escreva com a mão não dominante.

- Sem olhar, escolha roupas, sapatos e assim por diante, combinando ou contrastando texturas.

- Mude a localização de objetos familiares que você normalmente pega sem pensar.

- Procure alimentos que possam trazer de volta algumas memórias da infância.

- Convide parentes e amigos para trazerem garrafas de vinho diferentes a fim de fazerem comparações.

Por que estimular

A prática de ginástica cerebral é uma atividade que estimula neurônios e ativa áreas distintas do cérebro, potencializando as habilidades cognitivas, como atenção, memória, raciocínio entre outras. Quanto mais estímulos corretos o cérebro recebe, mais ágil e apto para respostas ele se torna e isso vale para pessoas a partir dos quatro anos de idade.

Para crianças

Quando estimula o cérebro da forma correta, o estudante obtém mais atenção e concentração, consegue desenvolver melhor o raciocínio e, consequentemente, ter melhor desempenho escolar. Os estímulos que envolvem novidade, variedade e grau de desafio crescente proporcionam ainda melhora na coordenação motora, autoestima, perseverança e disciplina.

Para jovens e adolescentes

A prática aumenta a capacidade de memorização e torna o cérebro mais ágil. Estas habilidades são fundamentais para adolescentes em fase de vestibular. Os vestibulandos conseguem lembrar com mais facilidade do conteúdo estudado e, consecutivamente, apresentam melhores resultados.

Para adultos

Em adultos, a ginástica para o cérebro oferece recursos imprescindíveis que trabalham habilidades que favorecem a aprovação em processos seletivos, equilíbrio emocional, desenvoltura nos relacionamentos, visão estratégica e automotivação, agilidade de raciocínio, poder de análise e de síntese.

Para idosos

A prática de ginástica cerebral contribui de forma significativa para que idosos aumentem sua reserva cognitiva garantindo um desempenho efetivo da memória e do pensamento.

Treino da mente pode aprimorar raciocínio e aprendizado Foto: Reprodução/Unsplash

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