A voz é um instrumento de comunicação humana. É através dela que parte das nossas emoções são transmitidas e reconhecidas. Por isso, a Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa) promove a campanha Amigos da Voz, em comemoração ao Dia Mundial da Voz, celebrado hoje (16).

Com o tema “Minha voz, nossa voz: a força da conexão”, a campanha tem o intuito de conscientizar a população sobre a importância da voz como ferramenta de conexão social, além de alertar para os fatores que podem afetar a capacidade vocal e a qualidade das interações.

O câncer de laringe é a principal doença associada à perda da voz. Somente em 2023, a doença teve uma incidência de mais de 6,5 mil casos, em sua maioria homens adultos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). As doenças neurológicas, como a Doença de Parkinson e o Acidente Vascular Cerebral (AVC) também estão relacionadas ao comprometimento e alteração vocal, seguidos pelas doenças do trato respiratório, como rinites, sinusites e asmas, além do próprio refluxo gastro esofágico.

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“O fator de desenvolvimento do câncer de laringe está associado ao ato de fumar e inalar substâncias como a fumaça. Também tem o risco quando se tem relações sexuais desprotegidas, quando pode ser transmitido o HPV. Em termos de saúde, um câncer desse tipo se não diagnosticado precocemente pode levar a perda total da laringe e a perda total da voz”, esclarece a fonoaudióloga Ana Carolina Constantini, coordenadora do Departamento de Voz da SBFa.

HÁBITOS

As alterações vocais atrapalham a qualidade de vida e a autoestima das pessoas afetadas. O uso excessivo, contato com fumaça ou com ar seco são algumas situações que podem levar ao aparecimento de sintomas que indicam algum problema na voz. A dor de garganta e a rouquidão prolongada (por mais de 15 dias) são os principais sintomas de alteração vocal, que apontam para problemas mais graves, como a presença de nódulos e até tumores.

“Se a voz apresenta rouquidão, falhas e fica cansada por mais de 15 dias é preciso de ajuda. Se a pessoa percebe que a voz não é como antes, por exemplo, você conseguia usar ela o dia inteiro e hoje sente a voz com fadiga no meio do dia pode ser um sinal que há algum problema na voz”, aponta Ana Carolina.

O tabaco está em primeiro lugar como o principal vilão das cordas vocais. Além dele, falar por longas jornadas, com alta intensidade, e a ausência de tempo de descanso, são hábitos que prejudicam. Outro fator que pode influenciar é o uso de hormônios sem indicação profissional, como é o caso do atual “Chip da Beleza”, composto por um hormônio sintético criado para controlar doenças do ciclo menstrual e auxiliar na contracepção, mas desvirtuado por influenciadores digitais como um método de emagrecimento.

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Por outro lado, pequenas atitudes diárias auxiliam. “Para manter uma voz boa é preciso manter a laringe hidratada, então a indicação é beber bastante água. Outros hábitos que favorecem uma voz saudável é articular bem as palavras, evitar falar quando tem muita competição sonora e evitar alimentos muito ácidos que causam refluxo gastroesofágico”, esclarece.

Quem trabalha com a voz, como professores, artistas e repórteres, precisa manter um cuidado mais específico. “Se é um profissional da voz, a gente indica um acompanhamento especializado para trabalhar exercícios de aquecimento e desaquecimento vocal. É preciso preparar a voz para um uso intenso e profissional e pensar momentos de repouso”, indica a especialista.

Hábitos qualidade da voz

  •  Não fumar
  •  Falar sem competição sonora
  •  Não falar por longos períodos de tempo
  •  Optar pelo repouso vocal
  •  Manter uma boa hidratação das cordas vocais
  •  Articular bem o som das palavras
  •  Prezar por um bom período de descanso
  •  Não fazer o uso de hormônios sem prescrição de um especialista
  • Fonte: Ana Carolina Constantini, coordenadora do Departamento de Voz da SBFa)

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