Jacaré, capivara, mucura, turu, jabuti... Uma parte dos brasileiros já está familiarizada a consumir a carne de animais exóticos e a prática ainda é tida como incomum por muita gente. No entanto, uma pesquisa publicada por cientistas da Austrália pode inserir um novo tipo de proteína animal neste seleto grupo: a carne de cobra.

Os pesquisadores da Epic Biodiversity, que realiza pesquisas em sustentabilidade e biodiversidade, estudaram duas espécies de píton (Malaypython reticulatus e Python bivittatus) criadas em fazendas de cobras no Vietnã e na Tailândia, onde a carne é muito valorizada, e descobriram que essas serpentes são um dos animais cuja carne é “mais ecologicamente correta”, o que a tornaria, então, a "carne do futuro."

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A criação destes répteis rastejantes necessita de menos comida e água para produzir um quilo de carne do que outros animais, como frango, boi, porco ou peixe de cativeiro. Segundo os pesquisadores, nem mesmo os gafanhotos (proteína de insetos também desponta como uma alternativa ecológica) são páreos para as pítons.

"O nosso estudo sugere que a criação de pítons pode não só complementar os sistemas pecuários existentes, mas também oferecer melhores retornos em termos de eficiência de produção", escreveram os autores do artigo publicado na renomada revista científica Nature.

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Eles destacam que mesmo no seu formato atual relativamente rudimentar, o cultivo de pítons parece oferecer benefícios para a sustentabilidade e a resiliência dos sistemas alimentares.

Mas é possível ir além. "Para explorar esse potencial, precisamos urgentemente de mais pesquisas sobre o potencial agrícola dos répteis e sobre as formas mais eficazes e humanas de produzir este novo grupo de animais para abate". O tamanho corporal médio das pítons é de 4,78 metros, entretanto alguns indivíduos já atingiram 9 metros.

Para chegar a esta conclusão, a equipe de pesquisadores avaliou o crescimento de mais de 4.600 pítons ao longo de um ano, pesando a quantidade de comida que lhes foi dada e a massa convertida em carne. Esses dados foram comparados com os de outros animais. Além de uma excelente relação de conversão, a píton tem outras vantagens: precisa de muito pouca água e “pode jejuar por longos períodos sem perder massa corporal, o que significa que requer menos cuidados dos criadores do que outros animais.”

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