A expansão do cristianismo durante o Império Romano é um fato conhecido por historiadores de todo o mundo, mas um amuleto encontrado em um sítio arqueológico próximo de Frankfurt, na Alemanha, pode mudar o entendimento sobre as distâncias que a crença percorreu.
O artefato arqueológico foi descoberto em uma sepultura romana no sítio arqueológico da cidade romana de Nida, próximo de onde hoje está localizado Frankfurt. A descoberta aconteceu em 2018.
De acordo com a CNN, o amuleto foi encontrado abaixo do queixo do esqueleto do homem sepultado e poderia se tratar de um filactério, provavelmente usado em uma fita ao redor do pescoço do homem para fornecer proteção espiritual.
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Uma folha de prata, que estava em seu interior, no entanto, levou cinco anos para ser analisada. Segundo os pesquisadores, ela seria mais fina do que um fio de cabelo e poderia se desintegrar se fosse desdobrada.
Apenas em maio deste ano, por meio de scanners de tomografia computadorizada, foi possível finalmente desvendar o seu mistério. No interior da folha, foram descobertas pequenas escrituras.
A folha teria 18 linhas de texto em latim, que faziam referência a Jesus Cristo e São Tito, um dos discípulos de São Paulo Apóstolo. Veja a seguir o texto traduzido:
- “(Em nome?) de São Tito.
- Santo, santo, santo!
- Em nome de Jesus Cristo, Filho de Deus!
- O Senhor do Mundo
- Resiste (com o melhor de sua capacidade?)
- Todos os ataques(?)/revezes(?).
- O Deus(?) concede o bem-estar
- Entrada.
- Este meio de salvação(?) protege
- O ser humano que
- Rende-se à vontade
- Do Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus,
- Desde antes de Jesus Cristo
- Todos os joelhos se dobram diante de Jesus Cristo: o celestial
- O terreno e
- O subterrâneo e toda língua
- Confessa (a Jesus Cristo).”
As inscrições levaram meses para serem decifradas pelo arqueólogo Markus Scholz, da Universidade Goethe de Frankfurt, que contou com a ajuda de vários outros especialistas.
Mudança na história do Cristianismo
O artefato é datado de algum momento entre os anos 230 e 270 d.C, o que o torna o mais antigo artefato ligado ao cristianismo na Europa ao norte dos Alpes.
A efeito de comparação, o Império Romano (do qual a cidade em que o amuleto foi encontrado pertencia) só permitiu cultos cristãos em 313 d.C, quando o imperador Constantino se converteu ao cristianismo. E a religião só se tornou a oficial do império em 380 d.C, mais de 100 anos depois do sepultamento do homem com o artefato.
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"Temos evidências de comunidades cristãs em partes mais centrais do império, mas não em uma cidade fronteiriça como aquela na Alemanha romana, então isso é muito incomum, na verdade, é único. Isso faz recuar a história do cristianismo naquela região", disse o professor Peter Heather, professor de história medieval e especialista na evolução do cristianismo no King’s College London, em entrevista para a CNN britânica.