Quando o Vesúvio entrou em erupção no ano 79 d.C., parecia que Pompeia havia sido selada ou desaparecida para sempre sob toneladas de cinzas e pedra vulcânica. Durante séculos, a cidade romana ficou congelada no tempo, símbolo do poder destrutivo da natureza e da fragilidade da civilização humana.

Mas novas descobertas sugerem que esse não foi o fim da história. Escavações mais recentes revelaram algo surpreendente: Pompeia não foi completamente abandonada após a tragédia. Novas pegadas e vestígios arquitetônicos indicam que, em meio às ruínas, a vida encontrou um jeito de persistir.

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Segundo os arqueólogos responsáveis pelo sítio, alguns sobreviventes da erupção, provavelmente sem recursos para recomeçar a vida em outro lugar, voltaram às áreas destruídas e começaram a se instalar entre os escombros.

Eles não estavam sozinhos. Outros indivíduos, vindos de fora, também se somaram à ocupação, atraídos pela esperança de encontrar pertences de valor ou apenas por não terem para onde ir.

O que se formou ali foi uma espécie de assentamento informal, com características bem distantes da antiga cidade organizada e luxuosa que Pompeia havia sido. "Trata-se de uma espécie de favela entre as ruínas, um acampamento sombrio e precário instalado sobre o passado soterrado", descreve Gabriel Zuchtriegel, diretor do parque arqueológico.

Os indícios encontrados revelam uma nova face de Pompeia: os andares superiores de antigas casas passaram a ser habitados novamente, enquanto os térreos, destruídos ou obstruídos, foram convertidos em depósitos, fornos e moinhos rudimentares. O padrão urbano desapareceu, dando lugar a uma ocupação desordenada, marcada pela precariedade.

Essa reocupação não era apenas sobrevivência: ela mostra uma tentativa de reconstrução possível, mesmo que fora dos padrões de infraestrutura e organização romana. Segundo os especialistas, o local não foi completamente abandonado até o século V, ou seja, por mais de 400 anos depois da erupção, ainda havia algum tipo de presença humana ali.

Embora teorias sobre a reocupação de Pompeia já tenham sido levantadas no passado, elas costumavam ser descartadas por falta de documentação arqueológica consistente. Agora, com as novas descobertas, essas hipóteses ganham corpo e ajudam a ressignificar o que se entende sobre o pós-erupção.

Atualmente, Pompeia é o segundo sítio arqueológico mais visitado da Itália, ficando atrás apenas do Coliseu. Em 2024, mais de 4 milhões de turistas percorreram suas ruínas, muitas delas ainda soterradas em um terço da área total de 22 hectares.

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Mas o que antes era visitado apenas como uma cápsula do tempo de um momento congelado, agora passa a carregar também o testemunho de uma resistência quase invisível: a vida que ousou continuar entre os escombros.

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