O estádio cheio, com mais de 41 mil pagantes, não foi suficiente para inspirar PSC e Remo a realizarem um clássico tecnicamente bom. Não faltou a habitual garra dos dois lados em resposta aos incentivos da torcida, mas faltou qualidade em quesitos importantes do jogo – passe, criação e finalização. As chances de gol até apareceram, mas os atacantes pareciam travados, chutando sempre de pé murcho.

Nicolas, ídolo do Papão, perdeu duas excelentes oportunidades, falhando na definição. Do lado azulino, o estreante Kelvin chutou de maneira bisonha com o gol à sua frente. Outros lances agudos, criados mais ao acaso do que propriamente por criatividade, foram desperdiçados.

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É justo dizer que o PSC foi superior ao longo do primeiro tempo. Impôs seu jogo de marcação no meio – com Gabriel Bispo, Val Soares e Biel – e acuou o Remo nos primeiros 20 minutos, com cruzamentos de Jean Dias, Edilson e Kevyn a atormentar a defensiva azulina.

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Apesar do nervosismo, a zaga conseguiu se safar porque as jogadas ficavam sempre à espera de um pé certeiro. Aos 6 minutos, Jean Dias cruzou rasteiro e o meia Biel chegou para complementar em direção ao gol. Marcelo Rangel defendeu e, no rebote, Nicolas chutou em cima da zaga.

A pressão do PSC, que recuperava bolas no meio-de-campo e avançava com rapidez, expôs o nervosismo da zaga remista. O setor de armação do Remo não existia e, como reflexo direto disso, o primeiro ataque foi ocorrer só aos 15 minutos. Ytalo recebeu um passe junto à área e deu um chute torto, pela linha de fundo.

Os chutões da defesa do Remo faziam a bola bater e voltar. Aos 24′ e 28′, o PSC voltou a insistir: Jean Dias cruzou da direita para Nicolas desviar fraquinho, na frente do goleiro Marcelo Rangel. Em seguida, Jean alçou na área, mas Bryan não conseguiu arrematar em direção ao gol.

O Remo parecia meio intimidado e pecava pela dispersão entre os setores. Camilo e Pavani não apareciam. E a segunda tentativa de chute a gol só veio aos 45”, com Marco Antônio, mas o tiro passou longe.

O 2º tempo trouxe um Remo ligeiramente mais acelerado, buscando compensar a desorganização exibida na primeira etapa. O estreante Kelvin entrou na vaga de Echaporã, cansado, e teve participação no ataque mais agudo da equipe até então. Aos 11 minutos, lançado na área, bateu na orelha da bola, desperdiçando grande chance.

Para tentar consertar as coisas, Ricardo Catalá lançou também Renato Alves no lugar de Daniel e Jaderson na vaga de Piovani. Deu certo. Melhorou a marcação e o time se tornou mais ofensivo pelos lados, além de menos travado no meio, embora Camilo continuasse ausente.

Hélio dos Anjos substituiu Biel por Robinho, enquanto Catalá fez mais duas mexidas, colocando Paulinho Curuá na vaga de Marco Antônio, que saiu lesionado, e trocou Reniê por Ícaro. O jogo ficou mais aberto e os erros continuaram a se repetir.

Aos 30′, outro bom momento do Remo. Foi a vez do volante Renato Alves errar na hora de definir dentro da área, após ser lançado por Camilo. Aos 34′, foi a vez de Paulinho Curuá bater cruzado após receber bela assistência de Kelvin. O chute rasteiro enganou o goleiro Matheus Nogueira e quase entrou no canto direito.

No momento mais tenso do jogo, perdendo espaço para o ritmo imposto pelo Remo, Hélio dos Anjos fez mais três mudanças: saíram Val Soares, Edilson e Bryan para a entrada de Leandro Vilela, João Vieira e Vinícius Leite.

O time foi à frente e, aos 39′, perdeu outro gol. Livre de marcação, Nicolas recebeu passe de calcanhar de Jean Dias e meteu de rosca por cima da trave. E Nicolas ainda teve a última bola do jogo, recebendo passe de Kevyn, mas terminou bloqueado na hora do arremate.

Técnicos demonstraram satisfação com o resultado

Nas entrevistas, Ricardo Catalá e Hélio dos Anjos concordaram na leitura do jogo. O remista observou que no primeiro tempo seus jogadores custaram a entender o que é o clássico. Uma análise pertinente, pois em diversos momentos o Remo parecia desligado, distante da realidade e da temperatura da partida.

Ficou faltando explicar a preferência por Daniel, volante que não havia jogado bem na estreia com o Canaã e que voltou a ser pouco efetivo diante do PSC. Podia ter sido expulso, pois já tinha o cartão amarelo quando cometeu uma falta dura no fim da fase inicial.

Aliás, o crescimento do Remo depois do intervalo teve a ver com a entrada de Renato Alves e Janderson, que movimentaram mais o lado esquerdo e ajudaram Raimar a aparecer mais como peça ofensiva.

Já Hélio admitiu que a equipe sofreu uma queda na etapa final, atribuindo isso ao desgaste normal de começo de temporada. Tem razão em considerar que, se houvesse um vencedor, este deveria ser o PSC, principalmente pelo rendimento coletivo na primeira metade do jogo.

Não explicou as razões de ter optado por João Vieira na direita. Apesar de habituado a ser improvisado por ali, não teve um bom desempenho. Robinho, cujo retorno era muito esperado pela torcida após a excelente participação na reta final da Série C, também não mostrou a movimentação que Biel vinha apresentando.

Jean Dias e Marcelo Rangel, os melhores do clássico

Oponta do Papão foi dono da participação mais destacada, avançando com desenvoltura sobre Raimar e obrigando o lateral remista a ficar mais preocupado em marcar do que em apoiar o ataque. Além disso, destacou-se pela eficiência e regularidade nos cruzamentos.

Se dependesse dele e de suas iniciativas pelo lado direito, o jogo não terminaria com o placar zerado. Comprovou que é, até agora, a melhor contratação do Papão para esta temporada.

Marcelo Rangel apareceu bem, com duas defesas importantes, com destaque para a jogada de Bryan logo aos 6 minutos. Um lance decisivo para o desenvolvimento do jogo. No minuto final, ajudou a bloquear uma finalização de Nicolas após cruzamento de Vinícius Leite.

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