Uma inscrição enigmática na icônica Pedra do Destino, também conhecida como Stone of Scone, está intrigando especialistas e historiadores. Utilizada em coroações reais britânicas desde o século XIII, a pedra foi submetida a uma varredura 3D detalhada antes da coroação do Rei Charles III, em maio de 2023. O exame revelou marcas sutis que até então haviam passado despercebidas: os algarismos romanos XXXV, ou 35.

A descoberta despertou novas teorias sobre a história do artefato. A arqueóloga Sally Foster, da Universidade de Stirling, sugeriu que essas marcações podem estar relacionadas a eventos ocorridos no início da década de 1950. Na época, a pedra foi roubada da Abadia de Westminster por quatro estudantes escoceses em uma tentativa de devolvê-la à Escócia. Durante a operação, o artefato acabou se quebrando em dois pedaços, levando a um reparo secreto supervisionado pelo pedreiro e nacionalista escocês Bertie Gray, em 1951.

De acordo com Foster, as marcas podem ter sido esculpidas por Gray como uma referência ao número total de fragmentos do bloco original: 34 pedaços menores e a pedra principal, somando 35. “Isso faz todo o sentido: 34 fragmentos mais uma pedra é igual a 35”, afirmou a arqueóloga em entrevista à agência PA. Apesar de admitir que sua teoria é difícil de comprovar, Foster acredita que a explicação condiz com o senso de humor de Gray.

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Gray, que faleceu em 1975, nunca revelou quantos pedaços da pedra foram distribuídos, mas há indícios de que ele presenteou fragmentos a pessoas ligadas ao movimento nacionalista escocês. Um artigo do jornal Calgary Herald de abril de 1951 relata que Gray deu “os retoques finais” no reparo da pedra e estava orgulhoso de seu trabalho. Até agora, alguns fragmentos foram localizados, incluindo um nas Ilhas Orkney e outro que pertenceu ao jornalista Dick Sunburn, guardado como “peça número 25” em seu escritório no Canadá.

A varredura 3D realizada pela Historic Environment Scotland revelou detalhes inéditos nos 152 quilos de arenito da pedra, mas o propósito das inscrições permanece incerto. “Não sabemos ao certo quando essas marcações foram feitas ou o que significam”, afirmou a organização ao The Independent. “Embora tenham a aparência de algarismos romanos, isso não significa que sejam de tempos romanos. Acreditamos que possam ter sido esculpidas recentemente.”

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Agora, a Professora Foster busca mapear o paradeiro de outros fragmentos da pedra original e faz um apelo a quem possa ter informações sobre esses pedaços históricos. Segundo ela, desvendar o mistério das marcações pode trazer novas luzes à história de um dos mais icônicos artefatos da monarquia britânica.

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